domingo, 28 de novembro de 2010

Dançando no Ar

Em 22 de junho de 1692, na Aldeia de Salem, três mulheres com o nome de Ar, Terra e fogo decidem que é hora de se esconder da inquisição e fazem surgir a ilha das “Três Irmãs”.

Pulando para 2003, Helen Remington escolhe a ilha das Três Irmãs para se esconder do marido psicopata, recomeçando sua vida com o nome de Nell Channing.

Como todos os livros de Nora Roberts é possível se deparar com o casal que será feliz para sempre, dramas domésticos e amizades. Mas apesar de parecer lugar comum, “Dançando no Ar” faz o leitor devorar o livro.

Os elementos da magia, como a evocação das herdeiras das bruxas, tornam a leitura deliciosamente agradável, e mesmo sabendo o final, é impossível não torcer pelos personagens e na busca de Nell em encontrar sua coragem e quebrar uma antiga maldição.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Os Espiões




“Formei-me em Letras e na bebida busco esquecer”. É com esta frase que Luís Fernando Veríssimo começa Espiões, lançado em 2009 pelo selo Alfaguara da Editora Objetiva. A irreverência, característica forte do autor, já pode ser vista logo na capa: um espião muito mal disfarçado atrás de um poste. Traduz, com efeito, a história de espionagem parodiada e que ao mesmo tempo mostra  a imagem de um espião real, que vive fora dos filmes e dentro de uma história tragicômica no interior do Rio Grande do Sul.

Tudo começa quando o personagem principal, funcionário de uma pequena editora de Porto Alegre, passa a receber os originais de uma misteriosa mulher chamada Ariadne. Como ela promete o suicídio após o término do relato de suas peripécias com o amante, ele sente que deve ajudá-la e ruma à cidadezinha de Frondosa. Completamente envolvido com a mulher que não conhece, o personagem passa a ser o aguardado herói. Em suas peripécias, conta com o auxílio de figuras como o colega de serviço Dubin e o professor Fortuna - que nem sequer é professor.

Muito focado na narrativa, Veríssimo se confunde com o personagem sem nome. Impossível não pensar no autor quando nos deparamos com as falas cômicas e irônicas de nosso espião. Característico do autor- cronista, o livro é de escrita direta e simples, mas nem por isso menos envolvente, e genial. É sempre revelador ler sobre as peripécias saídas da cabeça de um escritor que sabe reunir, como ninguém, humor e inteligência.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Linha D’Água – Entre Estaleiros e Homens do Mar

Comprei este livro sem pretensão nenhuma, ele estava ali em oferta, olhamos um para o outro e em poucas horas ele estava na pilha dos “para ler”. Quando chegou a vez de Linha D’Água, pensei que havia outros títulos aos quais gostaria de ler primeiro, mas devido a minha mania de ler na ordem de compra, abri a capa e comecei.

O que encontrei foi uma história de paixão pelo mar, pelos veleiros, pela aventura, pelos amigos e pela família. Amyr Klink é um homem que luta pelas suas paixões. E o livro é isso, a narração de uma parte da sua história: simples, clara, direta e emocionante.

Narrado em primeira pessoa, ele nos conta, como se estivesse sentado no sofá da sala toda a concepção do veleiro Paratii 2. E isso inclui idéias, busca por material, brigas, equipe, viagens para outros países, aventuras com outros veleiros, além de alguns puxões de orelha na política brasileira.

Como bônus, fotos de Paraty (cidade), do veleiro Paratii2, dos lugares pelos quais ele e sua tripulação passaram, além os desenhos que tornaram um sonho realidade.

No final, chamado de lado B, temos o texto de Marina Bandeira Klink, que expõe toda a sua preocupação, apoio e memórias de uma esposa cujo marido passa mais longe do que perto. O que poderia ser uma narrativa triste ou ciumenta é o relato de um casamento de companheirismo, onde um está ao lado do outro, independente da distância que os separam.

Uma leitura que serve tanto para diversão quanto para reflexão sobre se lutamos pelo que realmente sonhamos.

domingo, 7 de novembro de 2010

No Caminho de Swann

“E dizer que desperdicei anos da minha vida, que desejei morrer, que vivi o meu maior amor, por uma mulher que não me agradava, que não fazia o meu tipo!”.

A frase de Swann, pra mim, traduz os sentimentos e sensações que tive durante a leitura, que basicamente se dividiu entre tédio e encanto. Um retrato da ansiedade e obsessão humana: “No Caminho de Swann” os personagens parecem viver este ciclo permanentemente, seja através do homem cujo nome é evocado logo no título, seja pelo narrador, um menino-homem-velho, que mistura os seus pequenos dramas as histórias que conta.

Primeiro livro de uma série de sete, este é considerado o mais biográfico de Marcel Proust, onde locais, lembranças e a sua própria saúde frágil na infância são citados pelo narrador, um menino que necessita de cuidados e passa suas férias em uma aldeia, onde dilemas como um beijo maternal de boa-noite e uma menina o agitam mais do que o normal.

Dividido em três partes, a história trás diferentes personalidades, onde diferentes tipos de moral, fidelidade e amizade são descritos por figuras ora refinadas, ora misteriosas, ora escandalosas. Como não poderia deixar de ser, envolvidas pelo amor (seja materno, carnal ou platônico) e naturalmente, pelo preconceito.

Um retrato peculiar da sociedade burguesa, onde mesmo a diferença de tempo nos permite observar algumas origens do comportamento atual da humanidade e até mesmo analisar nossas opiniões frente aos comportamentos representados.