domingo, 30 de janeiro de 2011

Os homens que não amavam as mulheres

O primeiro livro da trilogia Millennium aprisiona o leitor em suas páginas, fazendo com que as suas emoções, expectativas e surpresas agucem ainda mais a sua curiosidade.

Misturando corrupção (política e jornalística), sexo, violência contra a mulher e o tratamento do estado para com as pessoas consideradas doentes mentais, o que já tinha tudo para ser um best-seller ganha de bônus uma ótima escrita usada por Stieg Larsson para contar sua história.

Mikael Blomkvist e Lisbeth Salander são os personagens bases, o primeiro é um jornalista encurralado após ser sentenciado por difamar, na revista ao qual é sócio, um importante financista. Salander é uma jovem controlada pelo estado por ser considerada incapaz de controlar a própria vida, trabalhando numa empresa de investigação, ela é contratada por Henrik Vanger para investigar o jornalista Mikael.

Enquanto Mikael vê sua vida mudar para atender um pedido de Vanger e iniciar uma nova investigação para descobrir quem matou sua sobrinha desaparecida, Lisbeth provoca calafrios no leitor ao ver o tipo de tutor que passa a controlar as finanças da personagem.

Ao mesmo tempo, fica a expectativa de quando e como duas criaturas tão diferentes irão se cruzar. Naturalmente o destino denominado Larsson irá reuni-los e a visão de mundo desses dois nunca mais será a mesma.

Vale observar uma pequena brincadeira feita pelo autor durante a história, deixando sua marca, e o comportamento vaidoso de Lisbeth, ao qual todas leitoras irão entender.

Os homens que não amavam as mulheres é mais do que recomendado, com um enredo que justifica os milhares de exemplares vendidos.

Para quem não leu e ainda está pensando, sugiro uma análise das consequências em se perder uma história surpreendente.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Anjos e Demônios



Robert Langdon, o professor de simbologia de Harvard que decifrou o Código Da Vince, vive sua primeira aventura um ano antes, em Anjos e Demônios (Dan Brown, 2004, Sextante Editora, 464 p.). A trama começa com o roubo de uma tecnologia, a antimatéria, e a morte de um importante cientista de um dos maiores centros de pesquisa científica do mundo, o CERN. Ele é encontrado sem vida e marcado a fogo com um misterioso símbolo que se podia ler corretamente mesmo de cabeça para baixo. O ambigrama passa a ser a única pista que pode levar ao assassino. E isto precisa ser feito rápido, antes que se acabe a bateria que mantém a antimatéria estável, o que provocaria uma explosão sem precedentes. O símbolo leva Langdon até o Vaticano na véspera do conclave que escolherá o novo papa.

Acompanhado da filha do cientista assassinado e responsável pela tecnologia da antimatéria, Vittoria Vetra, o simbologista acaba por ter de desvendar o Caminho da Iluminação. Um antigo caminho que levava até o esconderijo da fraternidade dos Illuminati, um grupo de pessoas que há cerca de 400 anos, defendia a ciência e, em uma época que tudo era explicado pela religião, desejava a destruição da Igreja Católica. Ao longo deste trajeto eles precisam tentar salvar os Preferiti - os quatro Cardeais favoritos a sucessão do Papa.

Assim como em suas outras obras, Dan Brown consegue prender o leitor do início ao fim com uma narrativa cheia de conspirações, informações sobre religião, ciência e história da arte. E apesar de confundir o leitor quanto ao que é verdade e o que é ficção, ele sabe do que está falando. Ao menos ao citar as obras de arte que aparecem aos montes e nunca de forma monótona. Brown estudou História da Arte na Universidade de Sevilha, Espanha. Quanto a famosa briga entre ciência e religião, ele leva para a obra a antimatéria como forma de questionar a existência de um Deus. Para quem não lembra, os experimentos com a antimatéria existem de verdade e tentam recriar, através da colisão de partículas subatômicas a origem do universo (o Big-Bang). Curiosamente, o CERN conseguiu, em novembro passado, capturar pela primeira vez a antimatéria, mesmo que por menos de um segundo. 

Com personagens marcantes e argumentos de sobra sobre religião e ciência, o autor cria uma imparcialidade de opinião que se reflete muito bem no protagonista da narrativa, já que Langdon, apesar de cético, se interessa muito pelos mistérios da religião. Para criar os opostos, Dan Brown deu vida ao camerlengo Ventresca e ao cientista Kohler. Cada um apresenta razões para se crer em algo. Deus ou a ciência? Ou, quem sabe, os dois juntos.

Para quem viu o filme, o livro em muito se difere e não apenas em espaço para desenrolar a narrativa, já que o filme precisa ser mais sucinto. No filme, personagens deixam de existir ou possuem outros nomes. Tudo, claro, mantendo a essência da narrativa e, por vezes, transformando-a em algo mais perto da realidade. Apesar de a história do livro ser muito verossímil, algumas coisas seriam desacreditadas nas telas do cinema. Como certo salto de helicóptero. Leia o livro, veja o filme. Depois, diga se é verdade a afirmativa: embora sendo artes completamente diferentes, o livro te leva a questionamentos, sorrisos e expectativas que nenhum filme (mesmo com o Tom Hanks) pode superar.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Angústia

Luís da Silva se divide entre escrever artigos encomendados e o de servidor burocrático. Suas atividades tediosas, somado ao local pobre em que vive, pouco a pouco vão mexendo com a sua mente e com a de quem acompanha a sua rotina.

O estopim para sua obsessão, que leva a alucinações e uma síndrome do pânico até chegar a loucura total, ocorre no momento em que a sua vizinha, com quem pretendia se casar, o troca por um homem cuja qualidade das roupas e as atitudes refinadas revelam uma situação financeira melhor que a sua.

A crítica ao governo e as situações vividas pela sociedade estão constantemente presentes na narrativa que conta, em um texto corrido e sem capítulos, o dia-a-dia do personagem principal.

Coincidentemente, Graciliano Ramos, autor da obra, foi preso no mesmo ano de publicação de Angústia (1936), sob acusação de subversão comunista pelo governo de Getúlio Vargas.

A forma direta, os assuntos atuais, ainda palpitam na obra, levando ao leitor a cada página compartilhar com o personagem um aperto no peito e ao fechar o livro sentir-se angustiado com o desfecho de Luís da Silva.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Esplendor Secreto

Para poder se livrar do ex-marido e salvar o único filho doente, Arden aceita ser barriga de aluguel em troca de 50 mil dólares. Após a morte do filho, ela resolve ir atrás do que nunca viu apenas para conhece-lo e acaba se envolvendo com o pai do menino, um famoso tenista, agora decadente, que tenta se recuperar da morte da esposa e do alcoolismo.

Da série “tragédia pouca é bobagem”, a personagem conta tantas mentiras que me foi impossível não achar que o par perfeito para ela era justamente o ex-marido, que no romance faz o papel de vilão.

Com poucos personagens e uma história centrada nas mentiras e sentimentos de culpa da personagem (difíceis de comover um leitor mais cético), Esplendor Secreto de Sandra Brown não me cativou.

Somado a isso, há o descuido da editora responsável pela publicação do livro no Brasil, pois durante a leitura é possível encontrar diversos erros de linguagem, não sei se por problema de tradução ou de revisão.

Mas para quem gosta de ler cenas de sexo, o romance é mais do que indicado, pois está recheado delas com vários níveis de detalhes, sendo erótico sem ser vulgar.

Leitura relax, sem maiores pretensões, podendo servir para apimentar um pouco mais os quentes dias de verão que temos nesta época.