quinta-feira, 13 de junho de 2013

As Meninas



Brasil. São Paulo. Em pleno regime militar, o leitor irá acompanhar a história de três jovens universitárias em um breve período de tempo. Todas vivem em um pensionado de freiras, cujas aulas se encontram suspensas, e permitem que assim, as meninas enveredem por outros caminhos.

Lorena é a amiga rica. Fornece desde cremes, maquiagens, perfumes até dinheiro e o carro da própria mãe para fins não muito próprios para a época. Vive esperando a ligação de um homem pelo qual se diz apaixonada. Um homem casado e que não teria coragem de tirar sua virgindade. Em suas conversas, lembra-se da morte acidental de um irmão. Uma personagem que deixa o leitor em dúvida sobre o que é verdade, superficialidade ou ilusão.

Lia está se preparando para ir embora. Aguarda a liberação do namorado da prisão. Militante de um grupo de esquerda, ao mesmo tempo em que critica, busca o apoio de Lorena. Tem por hábito usar o carro da mãe da amiga para atender ações do seu grupo.

Ana Clara é a bela das três. Beleza desperdiçada com drogas e álcool. Tem um amante que compartilha de suas viagens. E espera que o seu mundo mude se casando com um noivo rico. Para recuperar a virgindade muito perdida, recorre ao dinheiro de Lorena para realizar uma cirurgia.

Ao mesmo tempo em que narra um momento político, situando o leitor sobre a realidade da década de 70, de outro as preocupações que atingem as meninas do título parecem fúteis e atuais. Nem mesmo Lia, a politizada das três, me pareceu fugir disso em seus medos e sonhos. Mostrando que independente da época ou situação, a cabeça das adolescentes continua com as mesmas preocupações típicas.

Ao contrário de Ciranda de Pedra, este livro não me envolveu tanto. A história é muito boa, mas não consegui criar uma empatia por nenhuma das três, e em alguns momentos elas me despertavam o desejo de sacudi-las. Algumas vezes pensei em parar a leitura, mas afirmo desde agora que vale e muito ir ao final, que me tocou e surpreendeu.

As Meninas
Lygia Fagundes Telles
Companhia das Letras
1973 – 301 páginas