Sinopse: Geralmente entendido como um movimento de elite, o modernismo brasileiro costuma ser associado a um seleto grupo paulistano. Contudo, desde as primeiras favelas das décadas de 1890 e 1900 até a reinvenção do carnaval nos anos 1930 e 1940, e atravessado pelo boom das novas mídias impressas e da fotografia, o modernismo perpassou diversas classes sociais e áreas geográficas. Neste livro, Rafael Cardoso oferece uma releitura radical do movimento, trazendo à luz elementos absolutamente centrais para seu desenrolar -- e que não se encontram somente em terras paulistas.
Com o objetivo de usar a combinação de imagens e pesquisa para guiar os leitores pela sociedade brasileira dos anos que abrangem o período de 1890 e 1945, Modernidade em perto e branco teve a sua primeira versão publicada em inglês no ano de 2021, sendo reescrito em 2022 para o público brasileiro.
Com um texto crítico a Semana de Arte Moderna de 1922 e sendo contrário a ideia de que São Paulo foi o marco inicial do modernismo no Brasil, o autor questiona a narrativa que comemorou os cem anos do Modernismo resgatando a arte de outros estados.
Nos estudos de literatura brasileira, a noção de pré-modernismo vem sendo desmontada desde o final da década de 1980.
Principalmente do Rio de Janeiro com sua boêmia, revistas e o surgimento do movimento popular que até hoje faz sucesso chamado Carnaval.
Ao buscar a cultura no período de 1890 a 1945, ele também relata as tenções nas relações raciais, a ambiguidade sobre qual seria a identidade do brasileiro.
Mesmo consagrada por estudiosos e preservada por instituições fundadas em sua memória, a importância da Semana reside principalmente em seu status como lenda.
Sendo um livro que questiona não só o modernismo, mas a cultura e os eventos de uma época.
A escrita de Rafael Cardoso
O historiador carioca Rafael Cardoso possui livros de ficção e não ficção publicados, sendo o segundo tipo a maioria.
Sendo Modernidade em preto e branco um deles, com o objetivo de contribuir como se fosse um estudo de caso, o texto possui uma série de referências bibliográficas usadas para embasar o que é apresentado.
A dialética entre regionalismos e nacionalismos é um problema conceitual imenso, muito além do escopo deste livro.
As imagens possuem descrições no texto para situar, principalmente as capas das publicações da época, o contexto do que era desenhado.
Sendo um livro que no geral mistura história, cultura e sociedade durante o período de 1890 e 1945 no Brasil, com alguma pitada do que acontecia fora dele também.
O que eu achei de Modernidade em preto e branco
Eu não consegui finalizar a leitura. Confesso. Eu literaturei o que pude, e acabei abandonando.
Embora eu goste de livros de não ficção, principalmente os que envolvem história, a escrita do Rafael Cardoso infelizmente não me cativou.
Entre 1890 e 1930, o surgimento das favelas nos morros do Rio de Janeiro atiçou discursos que promoviam uma correspondência entre negritude, barbárie e atraso.
Nos primeiros capítulos, apesar do contexto, a forma comparativa de São Paulo e Rio de Janeiro me fez pensar mais na rixa que existe entre os dois estados e qual o peso disso no desmerecimento do grupo que talvez tenha amplificado o termo Modernismo na época.
Eu já tinha conhecimento do elitismo através da leitura do livro da Carolina Casarin - O guarda-roupa modernista -, mas não acho que isso diminua um movimento que inclusive teve os seus cem anos festejados em 2022.
Desde suas origens nas festividades de entrudo, na era colonial, o Carnaval sempre operou como um mecanismo para subverter relações de poder e propriedade.
E embora tenha alguns pontos bem interessantes, a escrita no geral não me cativou. A descrição detalhada das imagens me fizeram recordar muito livros didáticos.
Ele explora bastante também a parte conceitual, o que é ótimo para quem gosta de se aprofundar, mas assumo que acabou me cansando.
Tanto em termos temáticos como formais, o Carnaval propiciou um foco para expressar ideias de modernidade.
Tentei intercalar com livros de ficção, mas acabava divagando durante a leitura.
E como ninguém merece sofrer, aproveitei que a poucos anos aprendi a abandonar o que não me conquista, e desisti com pouco mais de duzentas páginas lidas e a conclusão que não, não era o momento ou não era pra mim.
A disseminação de revistas ilustradas em escala industrial conta-se entre os indícios mais reveladores da modernização cultural no Brasil do início do século XX.
Mas como cada leitor tem o seu gosto, pode ser que ele te conquiste, caso deseje uma visão diferente da mais divulgada sobre o modernismo.
Além de apresentar aspectos da cultura carioca que também estariam alinhados com o conceito que surgiu na Europa.
Ficando a dica para quem se interessa pelo assunto e deseja ler diferentes aspectos de uma época.
Modernidade em preto e branco
Rafael Cardoso
Companhia das Letras
2022 - 366 páginas

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