Considerada uma novela por alguns e um conto mais longo por outros – possui quase 50 páginas – , O Alienista, cujo personagem justifica seus excessos como um bem para o futuro da ciência, seria uma crítica ao cientificismo do século XIX. Os treze capítulos abordam um a um as peripécias do Dr. Simão Bacamarte ao classificar os habitantes de Itaguaí em sãos e loucos. No decorrer da história, muda consistentemente de critérios para avaliar a condição mental das pessoas, chegando a internar até mesmo sua esposa no hospício conhecido como Casa Verde.
Situações inusitadas surgem para mostrar características psicológicas de personagens condizentes com a realidade de qualquer leitor. A mulher que presta atenção na forma de se vestir das amigas, o senhor que gosta de se expo à janela de sua mansão, os vereadores que decretam que nem um deles poderá ser internado na Casa Verde e até mesmo o estranho personagem do Dr. Bacamarte que mesmo fazendo coisas absurdas e causando uma revolução, ainda tem a estima do povo.
Com um texto envolvente e um tanto cômico, Machado de Assis leva os leitores ao encontro de um estilo culto e acessível. Com esta história tão curiosa e narrada de forma rápida e ao mesmo tempo bem detalhada, não é difícil perceber porque o meio acadêmico dá tanto valor a esta obra.

Primeira consideração: acho que "O Alienista" é uma obra perfeita para se trabalhar com os alunos de 2º grau. Os professores de Literatura geralmente insistem em que os alunos conheçam Machado de Assis, o que eu acho certo, mas o fazem pelo caminho errado. Começam solicitando a leitura de "Brás Cubas", "Dom Casmurro", por exemplo. Muito melhor se começassem com essa obra, para habituá-los à leitura de Machado que, convenhamos, exige certo esforço.
ResponderExcluirBem, em segundo lugar, o Alienista é o retrato político do Brasil: os jogos políticos, pautados nos interesses, sempre os interesses, estão perfeitamente exemplificados na Câmara de Vereadores de Itaguaí. (e aqui me identifiquei bastante, trabalho numa Câmara de Vereadores e sei bem como são as coisas). Portanto, é uma leitura super atual.
Por fim, devo dizer que MAchado de Assis sempre vale a pena. Não é à toa que é considerado o gênio da Literatura Brasileira.
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Ah, e teu texto está ótimo, Karen!
Só não ficou claro, no texto, pelo menos para mim, porquê do "alienante" alienista. É em referência à obra ou ao protagonista?
Bjs
Bem, acho que posso responder que em ambos! Mais alienante, claro, o personagem... que levou toda uma cidade!
ResponderExcluirParabéns pela resenha, Karen! E... Concordo com a Teresa, ou seja, acho que os professores deveriam solicitar as obras mais brandas - digamos assim, de Machado de Assis. Imagino o quanto seja difícil a compreensão de sua obra para os jovens. Até porque a maioria não gosta de ler e são "obrigados" a lerem para passarem no vestibular.
ResponderExcluirEu amo esse livro. Como fiz técnico, não tinha uma aula de literatura muito séria e um colega me trouxe um exemplar com Helena e O Alienista. Durante o resto do ano, passamos brincando de quem ia ou não para a casa verde.
ResponderExcluirTua resenha me trouxe a recordação de velhas risadas.