sexta-feira, 9 de maio de 2025

Blade Runner


Sinopse: Em uma Terra decadente, coberta por poeira radioativa, Rick Deckard é um caçador de recompensas. Uma missão desafiadora pode ser sua única chance de ascensão: Deckard precisa perseguir e aposentar seis androides foragidos que se passam por humanos.



Em uma São Francisco pós-apocalíptica, ter um animal de verdade é sinal de status e acreditar em Mercer um sinal de humanidade entre os que ficaram vivendo em uma Terra radioativa.

Entre os moradores está Rick Deckard, um caçador de recompensas casado com uma mulher depressiva e dono de uma ovelha elétrica sofisticada o suficiente para enganar os seus vizinhos.

Isso em vez de economizar, e assim a gente poderia comprar uma ovelha de verdade, para colocar no lugar daquela falsa e elétrica lá em cima.


Sua nova missão lhe promete dar uma boa quantia em dinheiro: aposentar um grupo de replicantes Nexus-6 fugitivos das colônias que ficam em outros planetas. Estes replicantes são particularmente perigosos, pois são androides com criação biológica avançada, sendo necessários testes de empatia para distingui-los dos seres humanos.

Mas no decorrer da missão, Deckard começa a conhecer diferentes pessoas e androides, e as relações e comportamentos começam a fazer com que surjam diferentes reflexões sobre o que ele acredita e pensa em relação a natureza de tudo, da vontade de viver até a criação de laços.

A Poeria que havia contaminado a maior parte da superfície do planeta não tinha surgido em nenhum país em particular e ninguém, nem mesmo os inimigos de guerra, havia planejado isso.


Tornando Blade Runner não só uma ficção científica, mas uma obra que nos faz refletir sobre questões existenciais a respeito da nossa própria humanidade.


A escrita de Philip K. Dick

Considerado um visionário, o autor americano nascido em Chicago Philip K. Dick é conhecido por interligar temas complexos que vão desde a natureza da realidade, passando por tecnologia até o que se entende por identidade.

Sua escrita até hoje influencia autores e cineastas, principalmente por serem inovadoras e instigantes até hoje. Mas incrivelmente este autor capaz de questionar presente passado e futuro só atingiu a popularidade após a sua morte.

Porque, em última análise, o dom da empatia ofuscava as fronteiras entre caçador e vítima, entre vencedor e vencido.


Isso se deve as adaptações de suas obras para o cinema e televisão como "Minority Report", "Total Recall", "The Man in the High Castle" e "Do Androids Dream of Electric Sheep?" que teve o nome alterado para "Blade Runner" e segue sendo cultuado até os dias de hoje, com direito a mais de uma versão. 

O livro "Do Androids Dream of Electric Sheep?" hoje muitas vezes é publicado com o nome do filme, mas sua escrita não foi adaptada para a versão cinematográfica.

De qualquer jeito é um risco, libertar-se e vir para a Terra, onde não somos sequer considerados animais.


O Blade Runner das páginas segue explorando temas filosóficos como o que define a humanidade. A narrativa em terceira pessoa é direta, com diálogos que ajudam a ambientar o mundo que os personagens vivem.

Assim como explicitar as crises existenciais, a necessidade de ter algo para acreditar, revelando angústia, depressão, necessidade de aceitação.

Senti todos os outros, em todo o mundo, todos que haviam feito a fusão ao mesmo tempo.


O que torna o livro bem diferente da sua versão cinematográfica, mas nem por isso menos interessante.


O que eu achei de Blade Runner

Primeiro tive uma sensação de estranhamento, já que as datas citadas no livro o futuro já virou passado, mas pelos eventos, parecemos estar vivendo o início de tudo o que é relatado no livro.

Encontrei nas páginas um planeta destruído, onde androides replicam perfeitamente a imagem de humanos e animais, mas há muitas outras camadas na história que são exploradas.

Estou aqui com você e sempre estarei. Vá e faça sua tarefa, mesmo que você saiba que é errado.


É curioso ver em uma sociedade em que poucos restaram e uma poeira toma conta do céu, que as aparências ainda importam. O que você tem ou deixa de ter na opinião dos outros segue aumentando ou diminuindo o seu ego, mesmo que o dinheiro gasto pudesse ter melhor uso.

A questão da fé também é muito forte. O acreditar em alguém impulsionado pela empatia, que somente a humanidade consegue sentir, desafia as máquinas, a ponto de elas também quererem um pouco das vivências humanas.

Nenhuma consciência emocional, nenhum senso de compreensão do real significado do que diz.


E é essa empatia que irá mexer com o caçador de androides, que o fará sentir dúvidas e questionar sobre suas próprias ações enquanto precisa decidir se irá ou não completar a missão.

O que geram cenas com aquele ponto de interrogação: Rick está alucinando ou temos uma ficção científica com realismo fantástico? O que estamos lendo é uma milagre ou uma alucinação movimentada pela necessidade de acreditar?

No entanto, o fogo sombrio tinha diminuído; a força da vida esvaía-se dela, como ele já havia testemunhado antes com outros androides.


Tornando a narrativa algo muito superior a uma caçada ou avanço tecnológico, onde as máquinas são apenas o gatilho para discutir sobre os eternos conflitos humanos.

Motivo pelo qual recomendo e muito a leitura, seja você fã de ficção científica, seja você fã de reflexões sobre a nossa existência.


Blade Runner
Do androids dream of electric sheep?
Philip K. Dick
Tradução: Ronaldo Bressane
TAG - Aleph
2023 - 272 páginas
Primeira publicação em 1968


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