quinta-feira, 12 de março de 2015

O Clube do Livro do Fim da Vida


Não sei se é coincidência, já que eu escolhi os livros pelo título sem ler resenha, ou a temática virou moda, mas o fato de O Clube do Livro do Fim da Vida ser mais uma história sobre câncer quase me fez fechá-lo e colocá-lo no fim da fila.

O autor Will Schwalbe faz uma homenagem póstuma a sua mãe Mary Ann ao contar, através de opiniões de livros, o seu relacionamento com a mãe a partir do descobrimento da doença até a sua morte.

Isso torna o livro repetitivo em alguns momentos, e também interessante. A imagem é bastante idealizada, o que não é anormal, tratando se da figura da mãe (sagrada a quase todos os filhos) e já morta. Por outro lado, em pequenas escapadas, é possível ver pequenas arestas, o que no meu caso foi o que a tornou a histórica realmente verídica.

Também é um livro pesado. Confesso que fiquei aliviada com o seu término. Embora fale em amor, tenho a impressão que todos se movem com a foice da morte em seus pescoços. E ao contrário de um livro de ficção, em que você tem liberdade para brigar com os personagens, o fato de a história ser verídica parece impor um sentimento de culpa em cada crítica. Muitas vezes me peguei pensando em como aquilo poderia se passar pela minha cabeça, se eu nunca havia vivido uma situação semelhante. Ampliando assim ainda mais a minha tortura. 

A verdade é que na parte das conversas sobre os livros lidos pelo clube de dois a leitura fluía, foi muito legal observar outro lado de livros que eu já li, como discordar de algumas opiniões. Alguns livros entraram para a minha lista de leitura. E o bom é que eles iam do clássico ao contemporâneo, do suspense ao romântico.

Só que o paralelo me cansava, algumas coisas não me convenciam, a tentativa de criar uma mãe sem culpa que concilia uma vida se dedicando aos outros sem descuidar dos filhos cai por terra quando fica claro que ela não conhecia bem o autor da história, assim como nem o filho sabia a grafia correta do seu nome.

Por outro lado, ela realmente me pareceu uma feminista formidável, sua teimosia em fazer pelo outro a tornam uma figura simpática, boa de papo e atitudes. Uma mulher realmente interessante de se conhecer. Não poucas vezes me peguei pensando se ela não teria algum diário com todas as suas aventuras, viagens e conquistas. 

Outro pensamento que me incomodava era se não houve problema na tradução. Algumas inversões de letras, problemas de concordância, me fizeram pensar se a tradução não teria sido adequada.

Resumindo: não amei, algumas vezes literaturei, mas não o descarto de todo. A homenagem de Will é linda, a sua forma de eternizar Mary Ann iria agradá-la, mas o misto de alegria e peso ao fechar a última página foi o mais marcante para mim. 

O Clube do Livro do Fim da Vida
The End of your life book club 
Will Schwalbe
Tradução Rafael Mantovani
Editora Objetiva
2012 - 292 páginas

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