segunda-feira, 28 de maio de 2012

Doidas e Santas

De 2 de outubro de 2005 à 13 de julho de 2008 é possível relembrar filmes, fatos políticos, livros, peças e notícias pelos olhos da cronista e romancista Martha Medeiros.

Doidas e Santas é uma coletânea de crônicas publicadas em jornais, sites e livros. Algumas, como a Mulher Banana, tiveram um sentimento de reencontro, já que eu ainda me recordava do texto lido na Zero Hora (ao qual confesso, ser uma delas).

Como li mais da metade do livro em uma manhã, enquanto o Brasil jogava com a Dinamarca, observei que alguns assuntos se repetem, como a morte e a velhice. O aproveitar e se aceitar estavam latentes em diferentes dias, meses e anos. O amor também está lá. Não na sua forma romântica, mais fantasiosa, mas na forma do dia-a-dia, onde a relação, o companheirismo e a troca são mais importantes que corpos definidos ou ter o carro do ano.

Certos textos marcam bem a época (como o que se refere ao adesivo de mais 4 anos de governo Lula não) e outros que serão atuais mesmo daqui a cinqüenta anos como o que incentiva realizar uma limpeza física em casa e praticar a arte do desapego.

Posso dizer que essa coletânea é uma mistura de dicas, história e revisão de sentimentos. E também uma forma de conhecer melhor a própria autora, já que mais de noventa por cento dos textos referem-se a experiências pessoais, em alguns casos, parecendo um bate-papo em uma mesa de bar.

Este foi o primeiro livro do gênero que li, e por conhecer muitos dos textos, não consegui formar uma opinião específica, mas a experiência foi no mínimo interessante.

Doidas e Santas
Martha Medeiros
L&PM Editores
2008 – 231 páginas

terça-feira, 1 de maio de 2012

Múltipla Escolha


No esforço de realizar tarefas que talvez nem nos digam respeito, tememos olhar em torno e constatar que muita coisa falhou. Se falharmos, quem haverá de nos desculpar, de nos aceitar, onde nos encaixaremos, neste universo de exitosos, bem-sucedidos, ricos e belos? Pois não se permite o erro, o fracasso, nesse ambiente perfeito.

E enfim encontrei todas as palavras que estavam entaladas na minha garganta.

Me deparei com os meus pensamentos distribuídos entre 189 páginas.

Deitada em um divã literário, me peguei repensando a vida, minhas ações, atitudes e o próprio futuro.

Esse foi o efeito do livro da autora Lya Luft em mim. Onde a verdade é jogada na cara, de forma sincera e simples. É um ensaio sobre o nosso cotidiano, sobre o que a sociedade foi, é e está se encaminhando para ser. Da nossa compulsão em comprar tudo, apenas para ter. A necessidade de aparecer. De ser igual aos outros, ou então se sentir inferior por não estar dentro do padrão.

Política e religião. O desrespeito dos pequenos, a falta de cuidado com os idosos, a crueldade que vem dos nossos próprios governantes. Uma motivação extra para a discriminação chamada cotas.

A insegurança diante da tecnologia, onde, usando as palavras da autora, o assustador se banaliza. Tudo acessível em um clique, tudo distante quando enfrentamos a pressão.

Não foram raras as vezes que fechei o livro e fiquei repensando sobre o que havia lido. Sentimentos esquecidos foram relembrados, em alguns momentos me peguei acreditando ser de uma década passada, em outras, apenas mais uma imitadora neste mundo padronizado.

Um livro sem meio termo. Eu particularmente amei. Imagino que quem discorde, pode odiar. Mas não importa, leitor nenhum vai sair insensível a leitura.

Múltipla escolha
Lya Luft
Record
2010 - 189 páginas