domingo, 24 de abril de 2011

Sargento Getúlio

O romance de João Ubaldo Ribeiro concentra toda a narrativa na mente e voz do personagem Getúlio Santos Bezerra, um sargento que recebe a missão de capturar em Paulo Afonso um prisioneiro político e leva-lo até Aracaju.

Quando terceiros informam que a missão foi abortada e o homem deve ser solto, Getúlio não aceita e resolve levar o prisioneiro até o seu chefe de qualquer jeito, sem se importar com o preço.

Entre momentos de megalomania, referências a Lampião, críticas políticas, o livro leva o leitor a rir da forma pitoresca do personagem falar. Assim como suas contradições, pois se em um momento ele quer ter vários filhos machos, em outro condena os moradores da beira do rio por não pararem de ter filhos. Entre degolas e motivos pelo qual ele poderia ser deputado, acompanha-se a sua teimosia suicida e a presença de outros personagens.

A maior dificuldade encontrada por mim foi me adaptar a linguagem usada pelo autor, que é totalmente nordestina. A demora na ambientação quase me fez desistir da leitura, e confesso que só o fato do livro não ser longo, e a minha teimosia as vezes se assemelhar ao do personagem, me impediram de fechar o livro.

Mesmo assim, eu o indico. Pois ele é recomendadíssimo para quem deseja conhecer mais a cultura popular brasileira Para quem gosta de cinema, também é possível procurar sua adaptação para as telas, onde o ator Lima Duarte faz o papel de Getúlio.

domingo, 17 de abril de 2011

A Menina que Não Sabia Ler

Dias antes de iniciar a leitura, me deparei com uma resenha não muito positiva sobre A Menina que Não Sabia Ler (Leya, 282 páginas), mas isso não mudou a posição do livro na minha pilha e em dois dias eu li toda a história.

No primeiro dia me diverti com a narrativa de Florence, que junto com o irmão Giles, vive em uma antiga casa na Nova Inglaterra afastada de todos, convivendo com criados, é sustentada por um tio que nunca vê, mas a proíbe de aprender a ler.

Como filha única, em um primeiro momento me identifiquei com a imaginação da personagem, onde apenas um universo paralelo afasta a tristeza da solidão e torna o dia recheado de aventuras. Mas conforme a história vai fluindo, o fantástico e o real se misturam, a graça vai embora e o leitor já não sabe o que é loucura ou o que é pura maldade.

É impossível fechar o livro de John Harding de forma passiva, pois aos fãs de uma boa ficção e literatura fantástica, A Menina que Não Sabia Ler pode provocar calafrios, acelerações cardíacas até mesmo estado de choque. Exageros à parte, Florence não deixa ninguém indiferente, e as citações constantes a grandes autores só colaboram para criar uma expectativa ainda maior quanto ao final da história. Posso apostar, que assim como eu, Poe ia se impressionar com a história.

domingo, 10 de abril de 2011

O Fio da Navalha

Essa foi uma das resenhas mais difíceis de começar, pois durante os trinta dias que passei lendo este livro, me senti vivendo junto dos personagens. O próprio autor é um personagem nesta história, narrando e interagindo, pois conforme ele indica no primeiro capítulo, este romance é baseado em fatos reais.

“O Fio da Navalha” conta a história de Larry Darnell, que figura como personagem central, mas graças a ele conhecemos Elliot, Isabel, Gray, Suzanne e Sophie. Citando fatos como a primeira guerra e a grande crise financeira de 1929, o livro narra as escolhas e os objetivos de cada pessoa, onde sentimentos como amor, inveja e tristeza movimentam caminhos.

Larry se diferencia por sair ao mundo em busca de respostas a perguntas que ele mesmo desconhece. Sua calma e bondade o tornam livre do preconceito e da hipocrisia, o personagem oposto a Larry é a sua ex-noiva Isabel, que o trocou por buscar segurança financeira e não poupa o seu charme e veneno de menina egoísta para ter suas vontades atendidas.

O fantástico em Larry é a sua busca por conhecimento, seu sorriso maroto ao ouvir declarações de quem considera o dinheiro muito importante e não compreende o pouco caso deste homem para algo tão vital na sociedade.

Mas ao contrário do que se possa imaginar, “O Fio da Navalha” não é um livro moralista, longe disso, W. Somerset Maugham apenas narra fatos e escolhas, e as consequências que isso trouxe para a vida de cada um. Por isso não há, como avisa o autor, um final feliz. E concordo com ele, pois ao narrar vidas, ele segue o fluxo natural do dia-a-dia, onde a felicidade está nas pequenas coisas e em nossas decisões, e não em algum final hipotético.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

O Símbolo Perdido

O último romance de Dan Brown lembra em muitos momentos um outro romance do autor: “O código da Vinci” só que com a CIA e os maçons no enfoque. Mas essa mistura de religião, ciência, poder, mistério, história e, obviamente, símbolos, ao contrário do que se possa imaginar, desafia todos os tipos de leitores.


Quando o professor Robert Langdon atende ao pedido de um amigo para realizar uma palestra no capitólio dos Estados Unidos não imagina ser mais um peão no tabuleiro do estranho Mal’akh, um homem capaz de tudo para obter o poder absoluto.


Entre problemas familiares, experiências científicas, assassinatos e encontro com a morte, Langdon irá percorrer diferentes locais de Washington e viver em dúvida constante sobre quem é ou não confiável.


Para quem gosta de uma leitura rápida, cheia de suspense, O Símbolo Perdido é recomendado. Aos fãs de história e pontos mais polêmicos, a história é mais do que indicada. E ainda os curiosos por assuntos envolvendo Deus, leitura mais do que obrigatória.


Mesmo sendo um livro de grande vendagem, sendo usado o termo best-seller como pejorativo por alguns, O Símbolo Perdido, como as demais histórias de Dan Brown, possuem a vantagem de despertar o olhar para coisas conhecidas e que até o momento passavam despercebidas por muitos. A pesquisa realizada para decorrer sobre ciência, símbolos e sociedade é notável, e caso alguém alegue que nem tudo é real, não se pode tirar o mérito que elas servem de combustível para mentes curiosas.


Conhecimento, o grande poder buscado nesta história e janela para quem coloca os preconceitos de lado e encara qualquer parada.