sábado, 14 de novembro de 2015

Guerra dos Tronos - A Tormenta de Espadas


Alerta: Esta resenha possui spoilers.

A Batalha de Água Negra teve dois perdedores: Stannis Baratheon que não obteve a vitória prometida pela Mulher Vermelha e Tyrion Lannister, que após a tentativa de assassinato vê o pai assumir como mão do rei e acaba jogado em um canto qualquer.

Como ocorreu no primeiro livro, a história começa devagar, situando onde cada um dos narradores se encontra o que torna a leitura cansativa, já que o livro três contém mais de oitocentas páginas.

Os sobreviventes da família Stark estão distribuídos pelos sete reinos, a ponto do pequeno Rickon sumir da narrativa. Quem parece perdida é a jovem Daenerys Targaryen, cuja juventude fica muito mais nítida nas páginas do que na tela. Já Stannis Baratheon segue ainda mais obsessivo pelo trono, utilizando-se de qualquer meio e promessas. Assim como a rainha Cersei segue jogando conforme suas regras, e perdendo a razão quando os demais não seguem o roteiro por ela imaginado. 

A emoção começa com o primeiro casamento, o chamado Casamento Vermelho. Os capítulos curtos e a troca de narradores ditam o ritmo da respiração do leitor. Como uma pulga você vai pulando para todos os pontos até o desfecho final.

Refletindo a vida real, a luta pelo poder não tem pudor ou ética, laço de sangue ou humanidade. E curiosamente fica cada vez mais claro o quanto isto cega os governantes enquanto o verdadeiro inimigo se aproxima.

Nas relações humanas, a inveja entre mulheres está fortemente representada por Lysa, irmã de Catelyn Stark, uma mulher movida por um antigo amor da adolescência. A relação pai e filhos, comparações e diferenças, são muito bem representados por Tywin Lannister, os gêmeos Jaime e Cersei e o caçula Tyrion. Com exceção de Jaime, Tywin domina o destino dos outros filhos, e não esconde o desprezo por Tyrion pelo fato de ele ser anão, usando das formas mais sórdidas para atingi-lo.

A parte mágica está mais forte, novos personagens surgem para desafiar a lógica, e os dragões não são mais a única coisa surpreendente.

E se você tem medo de casamento, descobrirá que nos sete reinos está decisão pode ser muito perigosa. Sendo ela a responsável pelo extermínio de personagens tão utilizado pelo autor em todos os livros da série.

Da mesma forma que ocorreu com o primeiro, por mais demorado que tenha sido pra completar a leitura, o desejo de ler o livro quatro segue forte. Então aguardem, pois com certeza sua resenha irá aparecer por aqui.

Para quem está acompanhando a série pela HBO, neste volume senti as maiores diferenças na história, confirmando o que já é publicado em sites de cada meio ter um rumo distinto, pelo menos para alguns personagens.

A Tormenta de Espadas - As Crônicas de Gelo e Fogo
A Storm of Swords
Livro Três
George R.R. Martin
Tradução: Jorge Candeias
Editora Leya
2011- 880 páginas

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domingo, 12 de julho de 2015

Moça com Brinco de Pérola

Um livro difícil de resenhar. Assim como uma pintura, me parece difícil encontrar as palavras certas, o início adequado, os adjetivos coerentes para descrever o que senti durante a leitura.

Griet é uma menina. A princípio feliz com a vida que leva, até ser obrigada a sair de casa para ajudar seus pais financeiramente. Contratada como uma criada em um local onde parece ter mais inimigos do que conforto, seu olhar encontra a poesia nas pinturas e no pintor que as produz. 

Em dados momentos, eu parecia sentir mais a dor de suas perdas do que a própria personagem. Envolvida em um amor platônico, começou a ver defeitos fora do que estava na tela. Sua relação com a família passou a ser tão superficial quanto sua vida.

No mundo que parece deslumbrar Griet está à matriarca que administra os poucos bens da família, a esposa insegura que está sempre grávida, uma filha sem caráter, um homem rico que acredita que o seu dinheiro lhe dá direito a tocar intimamente o corpo de uma mulher, um pintor talentoso e calado e o amigo realista.

Do lado de fora estão os pais tristes, um irmão perdido e o açougueiro com seu filho. E o muro que os divide está repleto de mentiras e segredos.

Tracy Chevalier aborda em um livro curto e charmoso a realidade dos anos de 1660, onde religião e diferenças sociais pintam, literalmente, o cenário de uma época, e uma jovem com menos de dezoito anos e sem estudo nenhum ousa opinar pelo que desconhece e vê o destino lhe fazer escolhas, enquanto ela mesma não sabe para onde poderia ir.

Utilizando como pano de fundo a família do pintor holandês Johannes Vermeer, a autora mistura realidade e ficção em um romance que deixa o leitor com um misto de sentimentos e uma curiosidade que não é plenamente saciada. Ao fechar a última página, fica o desejo de mais uma com a certeza de que Griet não quer oferecer nada mais.

Moça com Brinco de Pérola
Girl with a Pearl Earring
Tracy Chevalier
Tradução Beatriz Horta
1999 - 239 páginas

terça-feira, 23 de junho de 2015

Pureza Mortal

Pense agora nas últimas notícias envolvendo a condenação de assassinos, estupradores, pedófilos, aliciadores e traficantes no Brasil. 

Imagine agora que pais, filhos, viúvos, irmãos fossem convidados a formarem um grupo para fazer o papel que deveria ser da justiça.

Existe alguma dúvida sobre o apoio da população?

Pois é esse cenário que a tenente Eve Dallas encontra na NYC de 2059. Tudo começa com um traficante que enlouquece com uma dor de cabeça, mata um dos seus vizinhos e fere um policial. Na tela do seu computador o aviso de que a pureza havia sido completada.

No departamento de eletrônica, ao tentar descobrir o que há na máquina, outro policial passa a ter os mesmos sintomas do traficante, torna-se violento e acaba morrendo na frente dos colegas.

Após resultado da biópsia uma conclusão, um vírus de computador que atinge o usuário. Enquanto caça os culpados, Eve se vê empilhando cadáveres, tentando buscar justiça para quem não merece.

Política, ética e poder se misturam nesta empolgante história, mostrando a evolução dos personagens e da própria escritora. Confesso que quando mais leio mais fã fico da série. E muitas vezes me pego pensando que a HBO poderia transformar a história de Eve Dallas em um seriado.

Pureza Mortal
Purity in Death
Nora Roberts escrevendo como J.D> RoBB
Bertrand Brasil
Tradução Renato Motta
2002 - 432 páginas

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Anna e o beijo francês


No último ano antes de ir para a faculdade, Anna é enviada para a França para estudar em uma escola destinada a filhos de americanos na capital francesa.

Sem falar Francês, ela chega tímida e amedrontada. Logo sua vizinha de quarto a inclui no seu grupo, cujo um dos participantes é o rapaz mais desejado pelas meninas da escola.

Apaixonada por cinema acaba carregando a todos, e entre toques e desabafos o amor irá aflorar, mas muitos capítulos, digo, obstáculos estão entre eles.

O livro é adolescente, com o seu mais do que natural final feliz. A parte interessante está no conflito dos pais separados, principalmente com a figura do pai.

Aliás, o grande protagonista é o pai de cada um. Ausentes, arrogantes, ciumentos, cada um influenciando o comportamento dos seus filhos, mesmo quando há uma enorme distância entre eles.

A segunda protagonista é a cidade de Paris. Entre cafés, caminhadas e filmes antigos estão seus locais históricos, seu charme e uma vontade de viver de outra forma.

Um livro para quem tem filhos adolescentes e gosta de discutir leituras, pois a história coloca na pauta vários assuntos que podem ser abordados com base nas experiências de Anna. Indo desde paixonites até bullyng. Passando pelo que você vai ser quando crescer, até as mudanças pré-universidade.

Anna e o beijo francês
Anna and the French Kiss
Stephanie Perkins
Tradução Fabiana Paganini de Andrade
Editora Novo Conceito
2010 - 288 páginas

segunda-feira, 20 de abril de 2015

A Lista de Brett

Um velório. Causa da morte: câncer.
Juro que quase atirei o livro longe.
Mas resisti ao impulso, e em poucos minutos fui envolvida por um daqueles livros que os capítulos são devorados com rapidez e curiosidade.

De maneira resumida, o livro trata de Brett, uma mulher com nome masculino, que ao perder a sua mãe, reencontra uma lista de objetivos da sua adolescência como pré-requisito para receber uma gorda herança.

Na prática, um livro que faz o leitor repensar a própria vida, sonhos, medos, o que ficou para trás, o que pode ser recuperado. Fica nítida a necessidade de a mudança nos ser empurrada, para assim tirar as aspas de nossa pseudo felicidade de facebook.

Brett faz, como muito de nós, algumas escolhas erradas. Ela é uma boa pessoa, mas como todos em algum momento, acaba cedendo às opiniões alheias. Sua passividade, resultado de uma grande timidez e carga de um relacionamento infeliz com o pai, mudam o seu caminho de tal forma que nem ela mais sabe quem é. Tornando-se uma caricatura do que ela acredita ser o que os outros esperam.

A mãe, doente, resolve dar um rumo à filha, e no testamento lista dez itens a serem atingidos para que ela receba uma herança bem substancial. O que inicialmente parece uma loucura total vira uma jornada de perdão, conhecimento e mudanças de atitude, com um toque de humor e leveza que esquecemos o tempo passar.

Conforme a personagem vai encarando os seus medos, novas portas de abrem, pessoas com os mesmos valores se aproximam, e existe uma felicidade na correria. O que era obrigação passa a completá-la.

Sem muito mimimi tudo é resolvido rapidamente, são apenas 12 meses, não há tempo a perder com reclamações e choradeiras.

Sentimentos como gratidão e humildade são revistos. A forma como julgamos os outros pelos seus bens e roupas e não o seu caráter.

Uma história divertida, leve e que nos faz refletir. Quer conjunto melhor do que este para encarar os meses de frio que se aproximam?

A Lista de Brett
The Life List
Lori Nelson Spielman
Tradução: Ana Death Duarte
Versus Editora
2013-364 páginas

quinta-feira, 12 de março de 2015

O Clube do Livro do Fim da Vida


Não sei se é coincidência, já que eu escolhi os livros pelo título sem ler resenha, ou a temática virou moda, mas o fato de O Clube do Livro do Fim da Vida ser mais uma história sobre câncer quase me fez fechá-lo e colocá-lo no fim da fila.

O autor Will Schwalbe faz uma homenagem póstuma a sua mãe Mary Ann ao contar, através de opiniões de livros, o seu relacionamento com a mãe a partir do descobrimento da doença até a sua morte.

Isso torna o livro repetitivo em alguns momentos, e também interessante. A imagem é bastante idealizada, o que não é anormal, tratando se da figura da mãe (sagrada a quase todos os filhos) e já morta. Por outro lado, em pequenas escapadas, é possível ver pequenas arestas, o que no meu caso foi o que a tornou a histórica realmente verídica.

Também é um livro pesado. Confesso que fiquei aliviada com o seu término. Embora fale em amor, tenho a impressão que todos se movem com a foice da morte em seus pescoços. E ao contrário de um livro de ficção, em que você tem liberdade para brigar com os personagens, o fato de a história ser verídica parece impor um sentimento de culpa em cada crítica. Muitas vezes me peguei pensando em como aquilo poderia se passar pela minha cabeça, se eu nunca havia vivido uma situação semelhante. Ampliando assim ainda mais a minha tortura. 

A verdade é que na parte das conversas sobre os livros lidos pelo clube de dois a leitura fluía, foi muito legal observar outro lado de livros que eu já li, como discordar de algumas opiniões. Alguns livros entraram para a minha lista de leitura. E o bom é que eles iam do clássico ao contemporâneo, do suspense ao romântico.

Só que o paralelo me cansava, algumas coisas não me convenciam, a tentativa de criar uma mãe sem culpa que concilia uma vida se dedicando aos outros sem descuidar dos filhos cai por terra quando fica claro que ela não conhecia bem o autor da história, assim como nem o filho sabia a grafia correta do seu nome.

Por outro lado, ela realmente me pareceu uma feminista formidável, sua teimosia em fazer pelo outro a tornam uma figura simpática, boa de papo e atitudes. Uma mulher realmente interessante de se conhecer. Não poucas vezes me peguei pensando se ela não teria algum diário com todas as suas aventuras, viagens e conquistas. 

Outro pensamento que me incomodava era se não houve problema na tradução. Algumas inversões de letras, problemas de concordância, me fizeram pensar se a tradução não teria sido adequada.

Resumindo: não amei, algumas vezes literaturei, mas não o descarto de todo. A homenagem de Will é linda, a sua forma de eternizar Mary Ann iria agradá-la, mas o misto de alegria e peso ao fechar a última página foi o mais marcante para mim. 

O Clube do Livro do Fim da Vida
The End of your life book club 
Will Schwalbe
Tradução Rafael Mantovani
Editora Objetiva
2012 - 292 páginas

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Escola dos Sabores


Quando o pai de Lilian foi embora, sua mãe se refugiou nos livros deixando a menina de quatro anos duplamente sozinha. Em sua busca para reaver a comunicação com a mãe, encontrou a solução na comida e temperos.

Anos depois, dona do próprio restaurante, dedica a noite de segundas para ministrar aulas de culinária. Mas desta vez ela se depara com uma turma especial, cuja convivência irá mexer com todos, formando praticamente uma irmandade.

A narrativa de Erica Bauermeister em Escola dos Sabores é extremamente delicada e saborosa. Um livro rápido e envolvente, como o ciclo de sua história. Cada aula, com seus ingredientes, mexem na memória dos personagens e nos permitem conhecer um pouco de suas vidas.

Muitas mamães irão se identificar com Claire, que após o segundo filho ganha o curso e treme em sair de casa pela primeira vez. Ali está um pouquinho da culpa materna, do cheiro de leite na roupa, das dúvidas que acompanham ficar longe dos bebês e as mudanças no casamento.

Carl e Helen lembram os casais de margarina, após muitos anos de casamento, ainda andam juntos, como namorados. Mas é um bolo de casamento e um fondue que irão quebrar a superfície aparentemente perfeita e mostrar as muitas rachaduras que se precisa consertar na vida dois para que ela persista.

Já Antonia é a mulher independente, de família grande, mas longe do seu lar. Ela equilibra a modernidade e tradição, ao mesmo tempo em que as aulas lhe provocam uma tremenda saudade das pessoas que ama. 

Reserve as lágrimas para Tom e sua Charlie. A bonita história de amor interrompida por uma doença maldita, que torna os olhos do personagem sempre tristes. Perdido, ele acaba direcionado para a paixão da sua esposa, e fica a torcida para que ele se dê uma segunda chance.

Uma chance é tudo o que Chloe precisava, e é isso que ela recebe de Lilian. Trabalhando no restaurante, ela ganha a oportunidade de realizar o curso. Mais do que crescer dentro da área, é hora de rever as pessoas que escolhe para companhia e a própria imagem no espelho.

O esquecimento aflige Isabelle, cuja idade parece ter escondido suas melhores lembranças. Os cheiros talvez sejam a solução para retornar ao tempo em que decisões bruscas foram tomadas, mudando o rumo da sua vida radicalmente.

Ian é o nerd da história. Aplicado em se preparar para realizar cada tarefa, não desiste até conseguir. Eternamente cheio de perguntas, vai ao curso em busca de respostas, mas se depara com muitos pontos de interrogação.

Lilian é o centro de tudo, às vezes eu a via como um anjo. Seu sofrimento a fez crescer e se tornar um ser humano maravilhoso. Uma pequena lição da literatura para os reclamões de plantão.

Escola dos Sabores é um livro curto, não é cheio de detalhes, mas profundo o suficiente para prender o leitor do início ao fim. Uma leitura deliciosa como os pratos descritos, que faz desejar ter uma Lilian na sua cidade, para te ensinar a cozinhar e através dos cheiros e gostos realizar a melhor terapia do mundo: a do autoconhecimento.

Escola dos Sabores 
The school of essential ingredients
Erica Bauermeister
Tradução: Fernanda Abreu
Sextante
2009 – 222 páginas

domingo, 25 de janeiro de 2015

A Menina Sem Palavras Histórias de Mia Couto


Ao ler a introdução do livro, achei que este livro de contos se destinava ao público infantil. Grande engano. Embora tenha sido escrito em diferentes fases do autor Mia Couto, ele vai numa mistura de sentimentos, ações e momentos que fazem o leitor viajar pelas páginas de forma rápida e curiosa.

O primeiro conto inicia lúdico, onde o triângulo do pequeno pastor Azarias, os bois e bombas escondidas, são o pano de fundo para um tio egoísta e explorador. A segunda histórica começa com a história de uma mulher corcunda contata por um menino, que ao tentar imaginar o passado da pobre acaba se deparando com o inimaginável.

A menina sem palavras possui a delicadeza citada na introdução, algo que leva o leitor mar adentro, podendo deixa-lo mudo também. Em contrapartida O Apocalipse Privado do Tio Geguê me fez pensar em uma versão africana da música Faroeste Caboclo da Legião Urbana.

Mas se teve um que me deixou agoniada foi O Embondeiro Que Sonhava Pássaros, só de relembra-lo para escrever a resenha me deu um calafrio, um conto sobre o preconceito e ações impensadas, onde o radicalismo de uma opinião pode cobrar um preço alto demais.

Para aliviar a minha tristeza no conto anterior, veio As Baleias de Quissico, ao qual ouso resumir como a história de um sonhador. E a lúdica O Não Desaparecimento de Maria Sombrinha nos deixa sem ação em relação à família pobre e sua filha que regride.

A menina, as aves e o sangue podem causar estranhamento e talvez diversos entendimentos sobre a menina cujo coração para de bater. Em compensação A Filha da Solidão insere um pouco de risada em relação ao casal de portugueses e sua superprotegida Meninita.

O simbolismo encontra o seu representante mais forte no conto O Coração do Menino e o Menino do Coração, onde o amor pode ser transmitido por cartas e surpreender os mais descrentes.

Triste é o destino imposto pelo pai de Filomeninha em A Menina de Futuro Torcido. O desejo de que os filhos tornem os pais milionários sem avaliar o bem de quem só deveria se esperar a felicidade pode ser chocante ou esclarecedor. Para aliviar a vida do leitor, voltamos à comédia com Sapatos de Tacão Alto e a paixão de um menino por uma mulher misteriosa.

Respeito, Vida e Morte estão em Nas Águas do Tempo e o Rio das Quatro Luzes, através dos ensinamentos dos avós aos seus netos. Já a ironia está em O Nome Gordo de Isidorangela, a moça que ninguém tirava para dançar.

O ciúme familiar está em O Adiado Avô, onde Zedmundo se nega a conhecer o próprio neto e a festejar com os demais familiares. E tudo é finalizado por Inundação, uma história bonita que fecha este livro de contos com certa melancolia.

Segundo livro que leio do escritor Mia Couto, que me fez ficar ainda mais encantada por ele. Sua narrativa clara nos puxa pela mão, nos deixando muito próximos aos seus personagens. Fica a dica para quem procurava uma leitura para as férias de verão.

A menina sem palavras
Histórias de Mia Couto
Mia Couto
Companhia das Letras
2013 – 155 páginas

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

A Fúria dos Reis – As Crônicas de Gelo e Fogo


Confesso que o primeiro livro da Guerra dos Tronos não me cativou totalmente, mas algo me fez partir para o segundo volume e eu viciei. Se o primeiro foi pura introdução, agora estamos em plena ação. Magia, espadas, estratégias, fugas, vida e morte se misturam, tornando a leitura das 624 páginas algo prazeroso e com gosto de quero mais.

Narrado por diferentes personagens, a expectativa no segundo volume era de qual (ou quais) iria morrer. E não houve decepção neste quesito. E talvez seja esse um dos trunfos da Guerra dos Tronos. Não são os mocinhos e bandidos os personagens principais, e sim a própria história.

Em A Fúria dos Reis o leitor pode acompanhar o destino dos filhos caçulas de Ned Stark. Enquanto Arya circula sem paradeiro, Sansa sobrevive no castelo e os menores Brandon e Rickon vivem situações não imaginadas para as suas idades. Embora existam capítulos narrados por Catelyn (a mãe), ela e Robb não possuem uma presença tão marcante. Aliás, sua narrativa está mais ligada aos irmãos Renly e Stannis do que aos seus próprios filhos.

A magia é representada pela mãe dos dragões Daenerys e por Stannis Baratheon. A não queimada segue guiando o seu povo com o objetivo de se recuperar o reino dos seus antepassados. Já o irmão mais velho do falecido Rei Robert não poupa esforços e sua união com a sacerdotisa Melisandre pode tornar a disputa bastante desleal.

Joffrey é o retrato da imaturidade de qualquer jovem, mas somado a uma crueldade que nem sua mãe, Cersei, consegue controlar. Em um período em que muitos desejam a coroa, os que estão próximos ao trono de ferro não encontram segurança.

Tyrion Lannister segue sendo um personagem surpreendente, sua inteligência e ironia conquistam e provocam uma torcida pela sua não morte (visto que o autor George R.R. Martin não poupa ninguém).

Fora da guerra e no meio do frio está o filho bastardo de Ned Stark: Jon Snow. Enquanto os demais brigam por um trono, ele e os outros membros da Patrulha da Noite saem em busca de uma ameaça que não irá distinguir lados.

A Fúria dos Reis incendeia os que já haviam virados fãs e captura os céticos. Todos lutam pelo poder, seja de amar, viver ou destruir. Em um mundo fictício encontramos o espelho do nosso mundo atual. A eterna guerra política. Religiosidade. A única opinião válida é a própria.

O inverno está chegando... e eu já estou ansiosa pelo terceiro volume.

A Guerra dos Tronos – A Fúria dos Reis – As Crônicas de Gelo e Foco – Livro Dois
A Clash of Kings
George R.R. Martin
Tradução Jorge Candeias
Editora Leya
2011 – 653 páginas