domingo, 26 de setembro de 2010

Entrega Especial

Da primeira a última página, a história de Jack e Amanda me transportaram para as novelas de Manoel Carlos.

A descrição de Jack me remeteu a imagem de José Mayer (o coroa enxuto que pega todas) e Amanda , como boa Helena, que passa por diversas situações (e conflitos familiares) até ter o seu final feliz.

Tirando as comparações, “Entrega Especial” parece o resumo de uma história maior, devido à superficialidade com que é apresentada.

Danielle Steel não me permitiu ter intimidade ou simpatia por seus personagens: criaturas ricas, egoístas e frias que vivem como se estivessem dentro de uma revista.

domingo, 19 de setembro de 2010

O Velho e o Mar

Um homem, o mar e o mais belo peixe visto que arrasta o pequeno barco por vários dias, aguardando que um deles se canse.

Na jornada de ida e volta existe a dor física representada pelas mãos, a dor mental por ter que suportar a fadiga e a dor psicológica no meio de tantos “se’s”.

Santiago é um velho pescador que se sente abandonado pela sorte, mas não pela força de viver. Durante os dias em que é levado mar adentro pelo maior peixe que já viu, inevitavelmente ele começa a querer coisas ou pensar no que deveria ter feito, seguido da constatação de que agora nada pode fazer além de lutar com os obstáculos que surgem.

Uma batalha interna enfrentada por todos é o tema que torna “O Velho e o Mar”, romance de Ernest Hemingway, um livro gostoso de ler e que nos faz refletir página por página sobre nossas ações e até a nossa coragem.

domingo, 12 de setembro de 2010

O Legado da Perda

Com passagens divididas entre Índia e Estados Unidos, o “Legado da Perda” faz o leitor acompanhar a vida de um juiz aposentado, sua neta órfã, o cozinheiro e o filho do cozinheiro.

Com um título que deixa bem claro ao leitor o que irá encontrar, Kiran Desai mostra as reações humanas perante fatos que desmoralizam os personagens.

A saudade de quem está distante (mesmo quando não tem intimidade), a dificuldade de se relacionar com outras pessoas (com a transferência do afeto para a figura de um cachorro), a desilusão do primeiro amor e as diferenças sociais.

Somado ao cenário está uma revolta indo-nepalesa para quebrar o sossego dos moradores que acolheram as margens do Himalaia, quebrando a familiaridade do local.

“O Legado da Perda” tem uma narrativa leve, que descreve os locais fazendo com que o leitor se sinta dividindo com os personagens os cheiros e o espaço físico. Mesmo assim, a leitura não me prendeu. Confesso não sentir nenhuma ansiedade em retornar a leitura após fecha-lo. Apesar de bem escrito e de ter uma temática interessante, a história de Patel e Sai não me cativou.

Não tenho uma razão objetiva para afirmar isso, talvez esteja cansada de ler tantas perdas nos jornais. Por isso recomendo a leitura, que pode se tornar apaixonante para alguém.

domingo, 5 de setembro de 2010

A Consciência de Zeno

No princípio achei Zeno Cosini um personagem simpático e divertido, com um forte elo de ligação com a família, mais precisamente, com sua esposa.

Em um segundo momento o vi como um homem perdido, preso as amarras de seu pai, sem controle do seu próprio destino por não saber tomar as próprias decisões.

Ali pelo meio da leitura fiquei com raiva desse homem fraco e hipocondríaco, cujo comportamento sem noção não o impediam de trair a esposa.

Mas no final compreendi que ele era apenas um retrato fiel das pessoas que encontramos na rua ou olhamos no espelho.

A briga com o psicanalista nada mais é do que um desabafo pelas perdas e a celebração das vitórias. Onde mentiras e verdades se misturam, e nem todos os desejos se tornam realidade.

Para os que quiserem se aventurar na irônica narrativa de Ítalo Svevo, sugiro um pouco mais de atenção no final do livro. O dia 24 de março de 1916 nos trás reflexões que podem mexer com os nossos pensamentos após o término da leitura.