quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Queridos amigos do Blog

biblioteca-ola


Com a chegada das festas de final de ano, resolvemos nos dar um recesso de 2 semanas devido as exigências desses dias.
Desejamos a todos que visitaram, comentaram e acompanharam a nossa jornada literária em 2010 um natal cheio de brilho e alegria, como só a magia do dia 25 pode dar. E que 2011 seja um ano de grandes romances, com muitas aventuras, cujo suspense seja apenas para dar um sabor especial ao final feliz e que o terror, ah, que o terror não saia das páginas dos mestres, e que tenhamos mais paz para ler e escrever em qualquer lugar.
Em 2011 estaremos de volta, entre clássicos e novidades, estilos variados, sem discriminação de nacionalidade, dando os nossos pitacos pessoais, afinal, nesse espaço gostamos de elogiar tudo o que amamos e reclamar de tudo o que aturamos.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Pantaleón e as Visitadoras

As contínuas reclamações sobre o comportamento dos soltados peruanos alocados nas fronteiras com a Amazônia, como atentado violento ao pudor em qualquer local (ex. igrejas) e estupro, fizeram o alto comando buscarem uma solução que atenuasse esses “pequenos contratempos”: a criação de um serviço de visitadoras.

Para controlar essas mulheres e dar ordem ao novo serviço, foi chamado o capitão Pantaleón Pantoja, um homem casado, fiel, livre de vícios, seguidor de regras e dedicado de corpo e alma para o exército.

Mas a transferência de Pantoja e sua família para Iquitos é cheia de surpresas, começando pelo fato que ele deve esconder que é um militar – visto a delicadeza e a não aceitação da sua missão pelo comandante da região – e as mentiras que precisa administrar nas conversas com a esposa e com a mãe.

Em paralelo a criação e expansão do serviço de visitadoras está o surgimento de uma nova seita chamada “Irmãos da Arca”, cujas ações polêmicas e extremistas começam com a crucificação de insetos e pequenos animais.

Utilizando diálogos em paralelo, cuja atenção é requerida ao leitor para que não se confunda quem está conversando com quem, Mario Vargas Llosa diverte com suas ironias ao utilizar a estrutura rígida do exército para descrever situações surreais.

Riso garantido com os ofícios e os cálculos estatísticos de Pantoja sobre o tempo e a quantidade de atendimento a soldados que cada visitadora pode realizar, assim como as reclamações de quem não é contemplado pelo serviço.

Leitura mais do que recomendada para quem gosta de unir uma boa história com risadas.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A Revolução dos Bichos


Sim, achei que a história fosse pura e simplesmente uma revolução do mundo animal. Uma forma de satisfazer o imaginário daqueles que, assim como eu, pensam que não seria nada mal ver os animais darem o troco e colocarem a opressora raça humana em rédeas curtas.  O que fui saber logo na orelha do livro, é que Revolução dos Bichos, de George Orwell, era muito mais do que uma história sobre animais e como eles funcionariam em comunidade caso tivessem a capacidade de se sobrepor aos homens em termos de civilidade. É, em primeiro lugar, uma ferrenha crítica à tirania política protagonizada na Guerra Fria. Uma forma de questionar o comunismo stalinista com humor satírico e de maneira muito desconfortável para os soviéticos.

O enredo é basicamente este: Os bichos da Granja do Solar se rebelam contra a exploração humana e decidem tomar posse da fazenda. Em pouco tempo, os porcos tomam a liderança do grupo e passam a ter atitudes muito semelhantes à dos humanos que repudiavam. Mostrando todas as faces do poder, os porcos passam a defender seus interesses com assassinatos, distorções da realidade e slogans que visam manter o controle – como o que diz “Quatro pernas bom, duas pernas ruim”,ou o audacioso “Todos os bichos são iguais, mas alguns bichos são mais iguais que outros”.

Na edição de 2007 da Companhia das Letras, a fábula se encerra na página 112, mas segue até a página 147 com o posfácio de Christopher Hitchens e apêndices com os prefácios da edição inglesa de 1945 e ucraniana de 1947.É possível apreciar a obra sem conhecer os fatos históricos que a originaram, mas seria desperdício intelectual ignorar os textos que a seguem. Através desta leitura, é possível mergulhar nas intenções do autor e em suas lutas. Apreciar os detalhes narrados por ele sobre a realidade de sua época, especialmente o que diz respeito à sua obra e a liberdade de imprensa.
   
Pela ousadia, humor e habilidade narrativa do autor, é um livro obrigatório para quem gosta de literatura. E, certamente, é uma porta de entrada para aqueles que querem saber mais sobre os acontecimentos histórico-culturais envolvidos diretamente com a obra.