domingo, 31 de outubro de 2010

Eu sei que vou te amar

Baseado no filme de mesmo nome, Arnaldo Jabor informa logo no início que texto é uma síntese das famosas DR’s (Discutir a Relação).

O leitor irá encontrar um momento na vida de dois personagens. Não existe mais ninguém em cena. É possível ver as palavras que trocam e os seus pensamentos, mas não é possível vislumbrar o que realmente aconteceu ao casal, apenas que eles se separaram, guardam mágoas e uma obsessão um pelo outro.

Se em alguns momentos o homem parece um calhorda, em outro ela parece perdida, e num terceiro momento pode-se achar que ambos são loucos.

A história é fácil e rápida de se ler, com algumas ironias em relação ao Brasil, essa DR chega a ser divertida (não tendo a chatice da convencional), mas “Eu sei que vou te amar” é apenas um dia, onde não se sabe o amanhã.

domingo, 24 de outubro de 2010

Fadas no Divã

Apesar do subtítulo “Psicanálise nas Histórias Infantis”, o livro dos autores Diana Lichtenstein Corso e Mário Corso pode ser degustado por profissionais de todas as áreas.

Como não tenho habilitação na área de psicanálise, me atrevo comentar como sendo uma leitora voraz, iniciada no mundo das letras por alguns dos seres mágicos citados.

Dividido em duas partes: histórias clássicas e histórias contemporâneas, “Fadas no Divã” me trouxe de bônus uma correnteza de lembranças, reflexões e observações.

Nas histórias clássicas é possível conhecer a versão estendida de famosos contos de fadas (que foram “censurados” antes de virarem histórias infantis) e outras histórias igualmente interessantes, mas não conhecidas (pelo menos por mim).

Confesso que algumas observações me geraram uma certa contrariedade, pois me parecem suposições do que cada coisa pode simbolizar. Mas talvez nem os autores originais tenham pensado nisso, pois nas versões estendidas, verifica-se que temas como sexo, violência e vingança não são escondidos.

Já nas histórias contemporâneas as observações me pareceram mais palpáveis, pois refletem muito do comportamento da nossa sociedade atual.

Uma das análises que atraíram a minha atenção foi do Eeyore, o burrinho roxo e meu personagem favorito da turma do ursinho Pooh. Eeyore é definido como melancólico, alguém que tem um eterno desencontro entre suas necessidades.

Nesta segunda parte também encontramos a turma da Mônica, Harry Potter e os encantadores Mafalda, Calvin e Harold, estes últimos sendo descritos como adultos-crianças.

Para finalizar, uma história criada pela família Corso sobre Vampi, o vampiro vegetariano, onde Mário Corso revela que a história foi criada sem nenhuma intenção (o que me fez recordar a minha opinião um tanto crítica sobre a análise de contos antigos), mas que depois eles descobriram muitas coisas pessoais, entre elas, seus conflitos.

Eu poderia escrever horas sobre “Fadas no Divã”, mas apenas lendo para saber que reações e descobertas cada leitor irá ter. Pois mais do que uma psicanálise das histórias infantis, o livro é como um olho externo analisando o ser humano.

domingo, 17 de outubro de 2010

O Caso Morel

Ao chamar o ex-policial, e agora escritor, Vilela, para que ele leia o livro que iniciou após sua prisão, o artista Paul Morel leva o leitor para diversos submundos.

Se em um momento acompanhamos a vida sexual um tanto apimentada de Morel, por outro nos deparamos com as diferentes pessoas com quem conviveu, onde partes da sua infância se misturam a eventos de um passado recente.

Quando Vilela se interessa pela mulher assassinada, razão da prisão do artista, o livro passa a ter um novo narrador, e o leitor pode entrar na mente da vítima.

No intervalo dessas duas narrativas está a vida do próprio Vilela, que começa a se ver como um espelho de Morel conforme vai se identificando com o homem descrito nas páginas recebidas.

Instigante, “O Caso Morel”, de Rubem Fonseca, não perde o pique com as trocas de narrativa e atiça a curiosidade do leitor, ao mesmo tempo em que provoca uma análise dos comportamentos apresentados.

Relações extremas, liberdade, pais e filhos, “O Caso Morel” proporciona uma visão direta e seca que lhe valeu a censura do regime militar em 1973. Características que o tornam muito atual, com a diferença de que se antes os comportamentos descritos eram sinônimos de escândalos, hoje são banalizados nas revistas de fofocas.

domingo, 10 de outubro de 2010

Ousadia de Verão

Em meio ao nevoeiro, dois barcos se encontram e uma grande explosão ocorre. Oito pessoas morrem e apenas três sobrevivem. Uma se cala, os outros dois buscam um significado para terem escapado da morte.

De forma simples e comovente, tendo a pitada de um pequeno mistério, “Ousadia de Verão” lembra ao leitor que basta estar vivo para correr atrás do que se realmente quer.

Com uma narrativa fácil e rápida, Barbara Delinsky consegue mostrar a relação de uma mulher com ela mesma, no caso de Julia, alguém que sempre se doou aos outros e precisa administrar o sentimento de culpa ao se colocar em primeiro lugar.

Da mesma forma a autora lida com delicadeza ao mostrar em Noah o desejo de ter um maior contato com o filho e superar sentimentos esquecidos.

Uma história com cheiro de mar, sorrisos e lágrimas para ser degustada sem restrições.

domingo, 3 de outubro de 2010

Trópico de Câncer

Uma dica logo de inicio: não leia este livro em locais onde desconhecidos podem dar uma espiadinha e acompanhar a leitura com você. Utilizando um vocabulário chulo para descrever uma parte de sua vida em Paris, Henry Miller mistura sexo, bebidas e filosofia.

A total falta de respeito pela figura feminina é gritante em suas histórias, assim como o desleixo e a total falta de pudor.

Entre as suas desventuras é possível conhecer o lado menos charmoso de Paris, o que importa é ter um lugar para encostar a cabeça e dormir,e claro, encher a barriga.

Mas por mais nojo ou desprezo que eu tenha sentido pelo autor em alguns momentos durante a leitura, "Trópico de Câncer" não deixa de te prender. Algumas de suas reflexões te fazem viajar e até entender a sua mente ansiosa, o que não significa em concordar com todas as suas atitudes.