domingo, 29 de maio de 2011

Contos Fantásticos no Labirinto de Borges



Bráulio Tavares reuniu 18 contos ao qual denominou de “contos borgianos”, por serem contos que influenciaram ou que se relacionaram de alguma forma com a obra de Jorge Luís Borges. Antes de cada conto há uma introdução, comentando sobre cada um dos autores, permitindo conhecer um pouco mais sobre eles.

Entre os meus contos favoritos estão “A Livraria” de Nelson Bond, onde Marston, após empacar na escrita de um livro, sai para dar uma volta e acaba se deparando com uma livraria cheia e títulos desconhecidos, alguns de autores que ele admira.

Há também “Um Artista da Fome” de Frans Kafka sobre um homem cuja arte no circo é ficar em jejum e aos poucos vê o público perder o interesse pela sua apresentação, além disso, há suas insatisfações diárias, que o levarão a reflexões ao longo do conto.

Entre os mais viajantes, mas nem por isso desinteressante, está “a Terceira Expedição” de Ray Bradbury sobre uma viagem a marte, onde na chegada os astronautas pensam ter retornado a Terra ou realizado uma viagem no tempo.

Além disso há contos de Leon Bloy, Marcel Schwob, H.G.Wells, Nathaniel Hawthorne, Ambrose Bierce entre outros. Entre sustos, reflexões e suspense, “Contos Fantásticos no Labirinto de Borges” (Casa da Palavra, 285 páginas) é a garantia de uma ótima leitura e deve ser consumido sem moderação.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Em Busca de Abrigo



Em época de casamento real, o Prólogo coloca o leitor em contato com Joy no dia da coroação da rainha Elizabeth II. Junto com vários ingleses que moravam em Hong Kong, ela conhece Edward, e após poucos encontros, ele a pede em casamento.

A história pula para o ano de 1997, Kate acredita estar apaixonada por Justin, mas antes precisa se separar do namorado atual. Para isso, ela resolve enviar a única filha, a adolescente Sabine, para a casa dos avós na Irlanda.

E é a estada de Sabine junto a Joy e Edward que irá levar o leitor para conhecer a história de três gerações das mulheres Ballantyne. Segredos de família, paixões, ilegitimidade, mágoas e sentimentos são expostos de forma delicada no livro “Em Busca de Abrigo” (Bertrand Brasil, 434 páginas), onde a autora Jojo Moyes consegue diferenciar bem as personalidades de Joy, Kate e Sabine, assim como sutilmente demonstrar suas semelhanças.

Os personagens secundários, como a Senhora H e Annie, completam esse universo que parece cheirar a cavalo e saudade.

Essa foi a impressão mais forte pra mim, a vida de todos os personagens está presa a fatos passados, e somente encontros e arrumações de antigas fotos poderão colocar o pingo nos i’s para que todos possam seguir em frente.

Vida e morte estão presentes, assim como mentiras e verdades. Um livro que pode encantar ou entediar o leitor, dependendo do nível de sensibilidade do mesmo.

Eu, particularmente, me encantei com a história de Joy, me irritei com a insolência de Sabine e senti pena da perdida Kate. Mas ao fechar a última página, senti falta de todas elas.

domingo, 15 de maio de 2011

A Besta Humana

Na primeira página somos apresentados a Rouband, um homem aparentemente feliz com sua jovem esposa Severina. Mas uma negativa trás um antigo segredo a tona, este revelado pela mulher após uma longa e violenta surra.

Cego de ciúmes, ele obriga a mulher a ajuda-lo no assassinato do homem que abusou de Severina. Esta morte torna o casal próximo de Tiago Lantier, um homem que luta contra o desejo de assassinar as mulheres, formando um estranho triângulo amoroso.

Tendo como fundo as ferrovias francesas, “A Besta Humana” de Émile Zola explora o lado selvagem da humanidade, onde ciúmes, inveja, ambição, manipulação, mentira, sexo e vícios despertam a violência escondida em cada um.

Quando nem o amor apaga essa chama, fidelidade e moral são subjugadas, e isso torna a história de Zola assustadora, grotesca e inacreditavelmente real.

E como bônus, a imagem final é quase uma pintura, que faz o leitor segurar a respiração, obrigando-o após fechar o livro, verificar como anda a sua besta anterior.

domingo, 1 de maio de 2011

Não Conte a Ninguém

Logo no início, Harlan Coben pega o leitor pelo emocional ao colocar o seu personagem principal, Dr. David Beck, para relatar seus últimos momentos com a esposa, antes de a mesma ser seqüestrada e morta.

Voltando ao presente, o personagem recebe um e-mail que quebra a sua apatia, cuja frase final dá título ao livro “Não conte a ninguém” (Sextante, 250 páginas).

Neste momento começa a correria e o rosário de mistérios, onde o autor mescla formas narrativas, usando a primeira para o personagem principal e a terceira para os demais.

Com citações ao caso de O.J. Simpson e ao serial killer Jeffrey Dahmer, fica claro desde o início quem são os inimigos de Beck, mas mocinhos inocentes creio haver poucos.

Por envolver corrupção, mentiras, segredo, tráfico de drogas e uma grande história de amor, achei o desfecho muito rápido. Embora os segredos sejam revelados ao longo da história, conforme Beck vai concluindo que sua esposa está viva, senti uma leve insatisfação no final da leitura.

Mas no geral “Não conte a ninguém” é uma história envolvente, contemporânea onde os clichês não atrapalham. Ótima para leitores (como eu) que gostam de fazer suposições e conferindo se estão certos ou não no decorrer das páginas.