domingo, 27 de março de 2011

O Vendedor de Armas

Infelizmente o Dr. House não é exibido na minha TV (desconheço se algum canal aberto passe o seriado), por isso, confesso, comprei o livro por estar em promoção e não pelo personagem do ator/escritor Hugh Laurie.

Primeiro livro do autor, O Vendedor de Armas (Editora Planeta, 287 páginas), é narrado em primeira pessoa. Dividido em duas partes, na primeira o leitor é surpreendido junto com Thomas Lang em uma trama de espionagem, corrupção e manipulação. Na segunda parte é o próprio Thomas que irá surpreender.

Cheio de ironias e referências televisivas, O vendedor de armas trata da forma inescrupulosa de se fazer marketing de artigos de guerra. Quando Thomas resolve se apaixonar pela bela Sarah, vira uma marionete nas mãos da CIA. O erro dos americanos é tratar esse ex-militar como um idiota só por ser britânico.

O ritmo de filme e a mistura de emoções, características e situações, tornam o livro rápido e saboroso de ser lido. O humor negro para tratar da falta ética e honestidade é um tempero a mais, mostrando que na literatura os ingleses podem ter muito ritmo.

A influência da TV é bastante forte, pois não é difícil para o leitor transportar a história para a película. Mas isso não quer dizer que o livro seja superficial, muito pelo contrário, é uma história envolvente, que cativa da primeira à última página, permitindo imaginar se o herói terá uma série.

Enquanto Thomas não é pago para realizar nenhum serviço ou coagido a missões malucas, fica o convite para conhecer sua vida atribulada, o seu amigo Solomon e as belas mulheres que cruzam o seu caminho.

domingo, 13 de março de 2011

Laços de Fogo

Primeiro volume da Triologia da Fraternidade, Nora roberts apresenta os conflitos familiares na visão de uma jovem artista.

Maggie Concannon transforma vidros em esculturas, quando começa a vender suas primeiras peças, perde o pai, grande incentivador e sonhador. Antes de sua morte, ele a faz prometer que irá cuidar de sua irmã caçula e de sua mãe, por quem Maggie possui um grande desafeto. O sucesso de suas esculturas irá abrir as portas da fortuna e trarão a tona algumas verdades familiares.

Naruralmente existe o romance, item obrigatório dos livros de Nora Roberts, mas o interessante nesta história é ver a mágoa e o relacionamento entre mães e filha, laços que tradicionalmente são fraternos e cheios de amor. Por isso é possível disser que a personagem de Maggie coloca forma ao desprezo em relacionamentos onde o filho não é desejado e muito menos amado.

Em uma trama de diálogos diretos, algumas vezes amargos, o fogo encontra-se apenas no temperamento e na arte de Maggie. Mas... como esse é o primeiro livro de uma triologia, é necessário ler os demais para saber que forma a barreira familiar irá tomar.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Budapeste



Primeira impressão: estonteante.

Budapeste, de Chico Buarque, lançado em 2003, é um livro que parece um delírio, uma tontura. Você entra nele achando que José Costa é um narrador-personagem que está contando sua aventura (ou desventura) como ghost-writer, e você sai ao final da leitura sem nem mesmo saber quem é autor, quem é narrador, quem é personagem. Além do conteúdo da obra, a própria concepção gráfica aponta para isso: na capa, está o título, Budapeste, com a inscrição do nome de seu autor, Chico Buarque. Na contracapa, as palavras estão em espelho e lê-se o título, como se fosse húngaro, "Budapest", mas o nome do autor é outro, José Costa, que é o protagonista do livro.

Você não entendeu nada? Pois é, é essa sensação que o livro dá. Você lê e fica ressabiado, achando tudo meio confuso e fascinante.

Tentando ser mais clara: bem, Budapeste narra a história de um ghost-writer chamado José Costa, que é casado com uma telejornalista com quem mantém uma relação estranha, ou distante. Ele, por um imprevisto, acaba chegando a Budapeste, onde conhece Kriska que se torna sua professora de húngaro e com quem ele acaba tendo um envolvimento. A questão é que a história desse personagem confunde-se com a história dos próprios livros que ele escreve, o que parece um jogo de espelhos - uma história refletindo e sendo refletida na outra. Ao final da leitura, você chega um tanto perturbado e confuso, uma vertigem, como bem caracterizou na orelha do livro o escritor Luís Fernando Veríssimo. A obra também foi elogiada por Saramago, o que, por si só, já é muito.

Segunda impressão: questionável.

Depois que eu li o livro, depois que aquela tontura passou, comecei a pensar mais detidamente em algumas questões. A da verossimilhança, por exemplo. Esse é um princípio básico para qualquer obra literária. E, ao analisar o livro em questão, fiquei me perguntando se seria mesmo verossímil que um ghost-writer pudesse ter tanto dinheiro de forma a bancar estadia de um mês em Budapeste, sem se preocupar com compromissos profissionais e com dinheiro sobrando para pagar suas despesas (incluindo aí o pagamento de sua professora de húngaro). Mas tá, demos um desconto, combinemos que isso fosse possível. Agora, quando de seu retorno ao Brasil, José Costa passa mais de cem dias num hotel, sem pagar um centavo pelas diárias, comendo e bebendo o que sobra das refeições deixadas pelos outros hóspedes nos corredores. E a administração do hotel apenas liga para ele e lhe manda um aviso por escrito! Isso me parece pouco verossímil, mesmo para o contexto do livro. Há outros detalhes sobre os quais eu poderia comentar aqui, mas fica esse desafio para quem se aventurar a ler a obra.

Em suma, embora eu questione alguns pontos, o livro em si é muito bom. Numa escala entre amores e horrores, eu diria que é uma obra que vale a pena ser lida. Isso sendo bem precisa, claro.

quinta-feira, 3 de março de 2011

A Estrada




Num mundo pós-apocalíptico, pai e filho caminham em direção ao Sul - mesmo não sabendo o que irão encontrar por lá. Por segurança, carregam um revólver e empurram um carrinho de supermercado com condimentos. 

Durante o percurso eles fazem breves paradas e sempre acabam achando roupas e comida, que acabam estocando no carrinho. Na maior parte do tempo estão tensos pois além deles, existem pessoas que viraram carnívoros por causa das circunstâncias. A preocupação é permanente, principalmente do pai. 

No lugar da floresta há cinzas, fuligem por toda a parte e, claro, centenas de cadáveres.

Durante a viagem, eles questionam quase tudo, principalmente a questão da sobrevivência. A história é emocionante.

Esta narrativa longa foi escrita pelo premiado autor Cormac McCarthy. A obra de ficção em questão prende o leitor do início ao fim, pois além da história ser interessante, ela possui frases curtas, o que dá movimento ao texto. Seja companheiro deles e participe desta jornada.