sexta-feira, 26 de abril de 2019

Inteligência Socioemocional



E se as crianças tivessem uma aula semanal de como administrar suas emoções? Saber como reagir perante a timidez, as frustações ou fatos tão diferentes do cotidiano?

No livro Inteligência Socioemocional – A Formação de Mentes Brilhantes o psiquiatra Augusto Cury nos apresenta a Escola da Inteligência, programa cujo foco é na educação da emoção e no desenvolvimento da inteligência.

Parece simples, não? Mas a verdade é que no decorrer das poucas páginas que apresentam o programa nos deparamos com uma realidade diária; que vai da expansão da tristeza, angústia e solidão, passando pelo próprio bullying e a falta de qualidade de vida.

Qual o motivo por não conseguirmos ouvir e dialogar com quem não tem a mesma opinião? O que nos leva a deixar que a nossa mente seja tomada de pensamentos negativos? Por que não sabemos esperar?

A ideia do programa conforme o livro é justamente educar a mente desde pequeno para que os futuros adultos saibam gerenciar as suas emoções e assim terem controle de sua própria história sem que sejam levados por impulsos que mais atrapalham do que ajudam.

Também são abordados temas como ansiedade, depressão, suicídio e a síndrome do pensamento acelerado (que pode ser um forte candidato a mal do século) e possui como sintomas ansiedade, irritabilidade, impaciência, dificuldade de lidar com o cotidiano, relação problemática com a comida entre outros. 

Entre as formas de administrar e proteger as emoções estão o desenvolvimento de solidariedade, empatia e ser livre para sentir. Tudo através de ferramentas aplicadas durantes as aulas por profissionais especializados.

Sim, entre as páginas há muita propaganda do próprio autor, que cita outros livros escritos por ele e cita suas descobertas de uma forma que deixa o marketing pessoal bem claro. Mas isso não impede o leitor (ou mais especificamente os pais neste caso) de detectarem situações do cotidiano descritas nas páginas.

Em um mundo em que as pessoas parecem estar ficando tão irracionais quanto os próprios animais, transferindo cada vez mais a sua selvageria para palavras e atos, confesso ter achado muito interessante a possibilidade das escolas formarem uma geração melhor, mais consciente e humana.

Ganhei o livro de uma escola ao qual fui conhecer, já que como mãe estou na fase de escolha da escola grande. Para quem se interessou, existe muita informação na internet. Eu ainda não me decidi, mas confesso que talvez isto seja um diferencial na minha escolha. E decidi compartilhar com outros pais que talvez busquem algo diferente para a educação dos seus filhos.

Inteligência Socioemocional
A Formação de Mentes Brilhantes
Augusto Cury
EI – escola de inteligência
138 páginas

sexta-feira, 5 de abril de 2019

O Diamante - A História de Uma Paixão



Sinopse: Cinco personagens, separados pelo tempo e aparentemente sem conexão entre si, contam a história da paixão das mulheres pelo diamante - aliás, não só das mulheres. Revezando-se em uma ciranda de acontecimentos divertidos, infelizes, revoltantes ou surpreendentes, a extraordinária Frances Gerety - que existiu de verdade - e outros indivíduos muito especiais mostram que a história de uma sociedade é construída por meio de relações humanas, na intimidade dos lares. As transformações do mundo moderno nem sempre conseguem abalar aquilo em que se acredita com todo o coração - mas as decepções com aqueles que amamos... essas podem mudar as nossas opiniões.

O que faz uma pedra seduzir mulheres, endividar homens e se tornar o símbolo de amor e status em diferentes épocas da sociedade? Qual o preço financeiro e moral estão dispostos a pagar? Será mesmo o tamanho da pedra do diamante a garantia de que o feliz para sempre é eterno?

Que sua felicidade dure tanto quanto um diamante.

A autora J. Courtney Sullivan se utiliza de cinco personagens em diferentes épocas para questionar não apenas a simbologia de uma pedra chamada Diamante, mas o papel da mulher, a necessidade do casamento e naturalmente as relações humanas. 

Em 1947 Frances Gerety precisa criar um slogan para a empresa De Beers – conglomerado de empresas de mineração e comércio de diamantes – em plena a madrugada, devido ao seu hábito de procrastinar as coisas. Ela trabalha na Ayer, a agência de publicidade mais poderosa do mundo naquela época.  Com muito sono ela rabisca uma frase em um papel.

Os diamantes são eternos.


Frances é a real autora de um slogan que persiste até os dias de hoje. Ela não é um personagem de ficção, e através de pesquisa, a autora conta a história desta mulher que entrou no mundo dos homens, nem sempre teve o reconhecimento que merecia, mas que nem por isso deixou de lutar para conquistar o seu espaço. 

Das suas escolhas pouco comuns para a época, como se manter solteira e não ter filhos, até encarar uma nova geração, é através dela que descobrimos todas as estratégias de marketing utilizadas para convencer homens e mulheres da importância do diamante em suas vidas.

Ela sempre levou em conta sua falta de capacidade de ser rude com as pessoas, uma de suas piores qualidades.

Em 1972 iremos conhecer Gerald e Evelyn.  Os dois são aposentados, possuem um único filho que apesar de adulto ainda é fonte de preocupação, e duas netas. Aqui temos um casal com um companheirismo singelo, eles passaram por perdas tristes, e eles são amigos também.

A grande tristeza de Evelyn é o pedido de divórcio de seu filho Teddy, algo ainda inaceitável para ela. E o aviso da nora de que ela irá se mudar com as meninas torna tudo ainda mais sofrível. Enquanto ela se debate em como confrontar o filho, lembranças do seu passado surgem, contanto o início do relacionamento do casal.

Para manter seu casamento transbordando 
De amor no seu copo de carinho,
Sempre que estiver errado, admita;
Sempre que estiver certo, cale-se.
Poema Uma Palavra aos Maridos – Ogden Nash

Em 1987 temos James e Sheila, casados, pais de dois filhos e donos de um basset. Sheila veio de uma família abastada que não aceita muito bem o seu marido James, um motorista de ambulância. 

Aqui temos um casal que sofre com a questão financeira, as lembranças de um assalto recente que levaram o anel de diamante, um símbolo da sua relação.

A escuridão lhe deu um nó no peito, um medo que ele sabia ser infantil, mas era assim que ele se sentia -ansioso, hiperalerta.

Em uma véspera de Natal, James será obrigado a ficar de plantão, e assim iremos conhecer os sonhos de ser um músico que foram enterrados, a carreira de bombeiro perdida, a casa caindo aos pedaços e uma relação que parece sobreviver a tudo isso.

Pulamos para 2003 onde a francesa Delphine está colocando o seu plano em ação. Uma mulher que abandonou Paris e o seu marido por um jovem violinista que colocou um enorme anel de diamante em seu dedo e a trouxe para Nova York.

É surpreendente como a vida podia mudar de uma hora para outra, e sem aviso algum.

Uma relação em que quando unidos era bastante quente, mas que nas viagens dele lhe traziam solidão e tristeza ao descobrir que se encontrava sem dinheiro, sem empregos e sem amigos.

Enquanto Delphine resolve se curar do sofrimento que a consome, ela leva os leitores até a França, nos permitindo andar pelas ruas e pontos turísticos de Paris. Os capítulos dela são os que mais despertam sentidos como cheiros, gostos e visuais.  

É tão trágico quando aparece zero dia. Te faz lembrar que, em algum momento, a cerimônia vai acabar.

É dela também que muitos costumes americanos são questionados, desde a forma de se alimentar até a forma das mulheres se cuidarem, passando por questões políticas já que estamos em pleno período da guerra no Iraque.

Fechamos o círculo em 2012 com Kate, uma mulher que detesta casamentos, já foi um membro atuante em uma ONG que combate a mineração de diamantes, mas no momento atual cria sua filha em uma cidade do interior americano junto com o seu companheiro Dan.

Sabia que faturamos para a empresa o mesmo que os homens? E somos privadas dos negócios mais importantes.

Kate é a personagem responsável por muitos questionamentos e também pela parte mais irônica do livro, já que toda a história dela vem à tona ao ser convidada para ser madrinha de seu primo, que deseja aproveitar a liberação do governo americano para os casamentos gays para ter uma festa e usar um anel de diamantes.

Ao unir as cinco histórias temos a posição da mulher no mercado de trabalho e dentro de casa, conceitos e preconceitos que atravessam décadas e a dificuldade de ter as próprias escolhas aceitas. 

Quando as pessoas estavam sofrendo, seus governos lhes davam casamentos ou guerras com as quais pudessem se distrair. 

Não foram raras as vezes que me peguei pensando também em como somos convencidos todos os dias a sentir necessidade por algo que nunca nos fez falta, que se soma a esta estranha necessidade de se firmar socialmente através de bens materiais.

Um livro para encantar e pensar. Sua narrativa em terceira pessoa pega o leitor pela mão e o faz entrar em uma máquina do tempo e andar pelos anos e se deparar com os diferentes costumes e hábitos que se repetem. Um livro que eu literamei.

O Diamante - A História de uma Paixão
The Engagements

J. Courtney Sullivan
Tradução: Ivar Panazzolo Junior e Robson Paulin
Novo Conceito
2013 – 479 páginas
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