domingo, 24 de julho de 2011

Como Água para Chocolate



Tita é a filha mais nova e já nasceu com uma missão: cuidar de sua mãe para o resto de sua vida. Para fazer isso, ela não poderá casar ou ter os seus próprios filhos. O que pode ser uma explicação para ela chorar desde o útero materno. Mas na flor da idade, a menina que cresceu no meio dos temperos, conhece Pedro, e uma paixão mais forte que a razão os faz tomar decisões que irão mudar os seus caminhos e de todos os que estão a sua volta.

Laura Esquivel utiliza uma parente distante de Tita, mais especificamente a sua sobrinha neta, para narrar essa linda história de amor, em que os fatos são divididos por meses e receitas. De forma natural e gostosa, Como Água para Chocolate (Livraria Martins, 205 páginas) é cheio de fatos inusitados, que farão o leitor sorrir e chorar, principalmente com Tita, que nos comove ao lutar contra antigas tradições e transfere todos os seus sentimentos para as refeições que prepara, influenciando no comportamento daqueles que saboreiam os seus pratos.

O livro virou filme, e este conseguiu manter a elegância e beleza narrativa. Ambos merecem ser degustados, e para os que gostam de cozinhar, irão encontrar no livro várias receitas para testar.

Como Água para Chocolate é um dos meus livros favoritos, então eu mais do que recomendo entrar neste mundo cheio de histórias, tradições, cheiros e paixões.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Cartas a um jovem poeta





Em Cartas a um jovem poeta, Rainer Maria Rilke fala com o âmago do leitor. Um livro especial e importante a todos os novos (e já experientes) escritores. Trata dos assuntos referentes aos ânimos da escrita. O que te leva a querer escrever?

Muitos são os que querem se dizer escritores mas que não possuem coragem para expor seus textos ou, até, para se determinarem a aprender efetivamente o que é preciso para se tornar um bom escritor. Seria ótimo se existisse quem desse conselhos, ensinasse o que lhe foi aprendido pela experiência. É esta a proposta do livro.

Em 1929, três anos após a morte de Rilke, Franz Xaver Kappus publica as correspondências trocadas por ambos. São dez cartas ao todo. Nelas, Rilke fascina ao fazer a intersecção entre a escrita e todos os campos que envolvem a vida. Já que para falar do ofício, circula em torno de assuntos como religião, sexo, amor, solidão. Ofertam-nos uma leitura às vezes cansativa e triste, mas nunca menos interessante. Faz o leitor mergulhar mesmo que não queira nas motivações mais íntimas do outro que lhe fala.

Uma leitura obrigatória, sem dúvida, a todos que queiram escrever e àqueles que queiram se fazer pensar sobre a vida de forma maestral e poética pelas palavras de Rilke.



*RILKE, Rainer Maria. Cartas a um jovem poeta. Tradução de Pedro Sussekind. Porto Alegre: LP&M, 2007, 96 p.; 18 cm. (Coleção LP&M Pocket Plus).

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Diário da Queda

No aniversário de treze anos o menino João, um bolsista não judeu de uma escola israelita, é derrubado no chão por seus colegas.

Um avô não conhecido, sobrevivente de Auschwitz, deixa um caderno cheio de verbetes, sem detalhar sua história, sendo um contraponto a outro familiar que publicou um livro sobre o holocausto.

Tentando ser compreensivo com as atitudes do filho, está um pai que desde cedo luta para manter tudo em ordem e acaba recorrendo a escrita para relembrar as próprias memórias.

No centro disso tudo está o narrador, um garoto fraco, um homem imaturo, que fala em culpa e perdão, busca se libertar das próprias raízes, mas parece estar sempre fugindo de si mesmo.

O autor Michel Laud conta a sua história em Diário da Queda (Companhia das Letras, 151 páginas) através de notas narradas em primeira pessoa. Muitas vezes fazendo o leitor acreditar que o texto é autobiográfico (apesar do aviso de que os personagens e situações são reais apenas na ficção).

Seu personagem sem nome não desperta no leitor sentimentos e pena ou raiva, apesar de alguma das suas ações, mas esse distanciamento também não é absoluto, já que o virar de páginas é o seu crescimento.

Tendo como locais a cidade de Porto Alegre e o litoral gaúcho, Diário da Queda é um livro sobre diferença de gerações, posições sociais, cultura e memória. Ao mesmo tempo em que é a igualdade do avô/pai/filho, das perdas e aventuras da adolescência.

domingo, 3 de julho de 2011

O Vinhedo



Poucos meses após a morte do marido, Natalie Seebring anuncia o casamento com o primeiro amor de sua vida, deixando os filhos revoltados e a forçando administrar a saída de vários funcionários.

Olívia é uma mãe solteira que busca uma escola para a filha disléxica ao mesmo tempo em que lida com o sentimento de ser rejeitada pela mãe. A oportunidade de ser assistente de Natalie no vinhedo Asquonset lhe parece uma maneira de dar um novo rumo em sua vida.

Tendo como base essas duas figuras femininas, outros personagens irão interagir com os seus problemas, mágoas, traumas e amadurecimento.

“O Vinhedo” (Editora Bertrand, 433 páginas) de Barbara Delinski me deixou sem uma opinião definida. Ao mesmo tempo em que a história de Natalie e Carl é realmente linda, deixando um desejo de que os detalhes fossem mais aprofundados, a de Olívia e Simon me pareceu um tanto superficial.

Numa tentativa de espelhar na assistente as emoções sentidas por Natalie há setenta anos atrás, faltou no segundo relacionamento toda a inocência e companheirismo natural que marcam o primeiro.

Talvez seja uma ousadia da minha parte, mas acredito que se a história fosse centrada em Natalie, uma mulher forte, de decisões firmes, mas humana, o livro poderia ter entrado para a minha lista de inesquecíveis.

Mesmo assim, “O Vinhedo” não deixa de ser uma leitura gostosa, além de ter alguns pontos interessantes sobre o papel da mulher. Pois mais do que histórias de amor, ele é a narrativa de uma mulher que quebrou paradigmas escondidas pela sombra do marido.