sexta-feira, 28 de abril de 2023

Migrações



Sinopse: Deixando tudo para trás, menos seu equipamento de pesquisa, Franny Stone chega à Groenlândia com um propósito singular: seguir as últimas andorinhas-do-mar do Ártico no que pode ser sua migração final para a Antártida. Franny consegue um lugar em uma embarcação de pesca, e ela e a tripulação zarpam, viajando cada vez mais longe da costa e da segurança. Mas quando a história de Franny começa a se desenrolar - um caso de amor apaixonado, uma família ausente, um crime devastador - fica claro que ela está perseguindo mais do que apenas os pássaros. Quando os segredos obscuros de Franny a alcançam, quanto ela está disposta a arriscar por mais uma chance de redenção?

Recebi no mês de fevereiro/23 pela minha assinatura da TAG Curadoria o livro Migrações da escritora australiana Charlotte McConaghy. O diferencial neste caso é que não houve curador, ou melhor, a própria TAG foi a curadora, ao acreditar que o livro merecia ser lido. O mimo foi um copo plástico com canudo de 330ml com dados sortidos de diferentes escritores, o meu foi do Machado de Assis.

Em um futuro ao qual o leitor desconhece o ano, a humanidade ainda não possui colônia em Marte, mas diversas espécies de animais foram extintas. Uma grande movimentação está ocorrendo para proibir a pesca antes que os peixes desapareçam também. E é nesta Terra que a natureza está destruída que Franny Stone tenta acompanhar o que deve ser a última migração das andorinhas para a Antártida.

Os animais estão morrendo. Em breve estaremos sozinhos.


Órfã e apaixonada pelos animais, ela carrega entre vários equipamentos que monitoram as andorinhas as cartas que escreve ao marido, o professor universitário Niall Lynch, especialista em aves migratórias.

Mas para acompanhar as aves ela precisa de um barco, sem um a disposição, ela tenta carona entre os que despreza: os barcos pesqueiros. Após muitas negativas é no Saghani, que significa Corvo na língua dos indígenas do extremo norte, que ela conhece uma equipe cujos laços serão formados no decorrer da navegação.


A escrita de Charlotte McConaghy


Uma distopia que não é um suspense, mas que te empurra para a próxima para saber o que aconteceu. Assim é a narrativa em primeira pessoa da autora australiana Charlotte McConaghy.

Misturando presente e passado da personagem Franny Stone, aos poucos fui montando o quebra-cabeça que levaram a jovem mulher de trinta anos a realizar a migração com as andorinhas. No que horas parece desejo de redenção e outras de libertação, que pouco a pouco me induziu a questionar e a me surpreender.

De acordo com minha mãe, as páginas de um romance guardavam a única beleza que o mundo era capaz de oferecer.


Os tripulantes do navio pesqueiro Saghani trazem personagens secundários complexos, seja por suas origens ou ações, que começam a trazer uma nova percepção em um mundo que parece estar se acabando. Assim como a própria família de Franny, principalmente seu marido, sua sogra, sua mãe e sua tia, cujo foco é muito mais psicológico quando pensamos em suas reações, negações e aceitações.

Tudo isso em um futuro distópico não definido, onde o meio ambiente está se desintegrando, e não é difícil pensar que ele está mais perto da nossa realidade do que da ficção quando vemos espécies desaparecerem uma a uma e os recordes de queimadas em nossas florestas.


O que eu achei de Migrações


Até aonde o vai o vazio e a curiosidade podem te levar? Até aonde a tragédia e a tristeza te impulsionam a ir? Até que ponto a tua natureza fazem os teus pés remexerem em um cenário apocalíptico?

Com um presente e um passado que me prenderam a atenção mais uma protagonista com uma personalidade diferente das tradicionais, Migrações foi uma leitura que me envolveu, me entristeceu e me deu esperança.

Eu nunca estive tão exausta na minha vida, e é perfeito. Significa que eu consigo dormir.


Sendo o tipo de livro que sinto vontade de abraçar, que mexeu com os meus sentimentos não tão bem guardados, principalmente quando pensamos em perdas que já aconteceram e que ainda irão ocorrer.

E mesmo havendo alguns pontos que para mim ficaram com um ponto de interrogação, isso não afetou o fechamento completo da história. Que afinal é a história da Franny, personagem pela qual me encantei e me identifiquei em relação a sua inquietação. Afinal, para quem gosta de viajar e de natureza, impossível se imaginar estático enquanto tudo é extinto.

Milhares de espécies estão morrendo neste exato momento e sendo ignoradas. Estamos acabando com elas. Criaturas que aprenderam a sobreviver a qualquer situação, a tudo, exceto a nós.


Também gostei muito da construção dos personagens secundários. A relação de Franny com Niall é muito bonita justamente pelo amor que um tem pelo outro, assim como todos os paradigmas que envolvem a sua relação com Penny, sua sogra.

Também me encantei com a tribulação do barco, seu cotidiano em um pequeno espaço compartilhado, a união, e suas histórias pessoais, que não por acaso poderiam render um segundo livro com muito mais detalhes. 

Como eles sabem para onde ir? Por que eles voam tão longe? Por que eles são os últimos, por que esses, o que os torna mais sortudos do que os outros?


Em relação a edição da TAG, achei a parte gráfica lindíssima, as letras também são de fácil leitura, e o texto foi bem distribuído nas páginas. Tem alguns probleminhas de revisão, mas nada grave que atrapalhe a leitura.

Ficando assim a minha indicação deste livro sensível, envolvente, reflexivo tanto em relação as pessoas quanto ao meio em que vivemos. Ficando como dica extra para quem se envolve profundamente com os personagens uma caixa de lenço de papel e um edredom quentinho para não sentir tanto frio.


Migrações
Migrations
Charlotte McConaghy
Tradução: Wendy Campos
TAG - Alta Books
2020 - 343

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