domingo, 17 de outubro de 2010

O Caso Morel

Ao chamar o ex-policial, e agora escritor, Vilela, para que ele leia o livro que iniciou após sua prisão, o artista Paul Morel leva o leitor para diversos submundos.

Se em um momento acompanhamos a vida sexual um tanto apimentada de Morel, por outro nos deparamos com as diferentes pessoas com quem conviveu, onde partes da sua infância se misturam a eventos de um passado recente.

Quando Vilela se interessa pela mulher assassinada, razão da prisão do artista, o livro passa a ter um novo narrador, e o leitor pode entrar na mente da vítima.

No intervalo dessas duas narrativas está a vida do próprio Vilela, que começa a se ver como um espelho de Morel conforme vai se identificando com o homem descrito nas páginas recebidas.

Instigante, “O Caso Morel”, de Rubem Fonseca, não perde o pique com as trocas de narrativa e atiça a curiosidade do leitor, ao mesmo tempo em que provoca uma análise dos comportamentos apresentados.

Relações extremas, liberdade, pais e filhos, “O Caso Morel” proporciona uma visão direta e seca que lhe valeu a censura do regime militar em 1973. Características que o tornam muito atual, com a diferença de que se antes os comportamentos descritos eram sinônimos de escândalos, hoje são banalizados nas revistas de fofocas.

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