quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

O livro do riso e do esquecimento




Fugindo um pouco do procedimento básico destes posts, de ler o livro, contar a síntese e apreciar, eu vou colocar aqui um trecho da obra "O livro do riso e do esquecimento", de Milan Kundera, que acabo de ler (o terceiro dele que já li, todos maravilhosos). 
"Aquele que escreve livros é tudo (um universo único para si mesmo e para todos os outros) ou nada. E porque nunca será dado a ninguém ser tudo, nós todos que escrevemos livros não somos nada. Somos desconhecidos, ciumentos, azedos, e desejamos a morte do outro. Nisso somos todos iguais: Banaka, Bibi, eu e Goethe. A irresistível proliferação da grafomania entre os políticos, os motoristas de táxi, as parturientes, os amantes, os assassinos, os ladrões, as prostitutas, os prefeitos, os médicos e os doentes me demonstra que todo homem sem exceção traz em si sua potencialidade de escritor, de modo que toda a espécie humana poderia com todo direito sair na rua e gritar: Somos todos escritores! Pois cada um de nós sofre com a idéia de desaparecer, sem ser ouvido e notado, num universo indiferente, e por isso quer, enquanto é tempo, transformar a si mesmo em seu próprio universo de palavras. Quando o dia (isso acontecerá logo) todo homem acordar escritor, terá chegado o tempo da surdez e da incompreensão universais." 

Que as palavras de Kundera falem por si, a todos nós. E, se puderem, não deixem de ler o livro.

3 comentários:

  1. O teu post me desperteu curiosidade, Teresa. Vou dar uma olha no livro, sim. Obrigada pela dica!

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  2. Eu li "A Insustentável Leveza do Ser" dele. Confesso que na primeira vez não gostei, mas ao fazer uma releitura achei interessante.

    A teoria dele de todos serem escritores é bastante curiosa, e ao mesmo tempo me fez associar ao livro que estou lendo agora "O Mago" a biografia do Paulo Coelho. Apesar de estar no início, essa idéia do deixar algo é bem forte também.

    Os dois me fizeram pensar se para o escritor a literatura nada mais é do que a fonte da imortalidade (que como bônus pode dar prazer ou causar uma profunda decepção).

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  3. Precisava de umas indicações.. achei aqui! Já linkei ao meu blog!

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