domingo, 27 de agosto de 2017

A Garota no Trem



Rachel tem a vida resumida em ir e voltar de trem da cidade de Londres.
Megan está perdida, sendo levada para situações que nem ela compreende.
Anna tenta ser feliz no papel da outra que virou oficial.

Assisti primeiro ao filme e fiquei com a sensação de intrigante e loucura. O livro me levou para outra dimensão, para a mente destas três mulheres superficialmente tão diferentes, mas em seus conflitos e situações tão iguais.

Paula Hawkins usa a narrativa em primeira pessoa para levar o leitor a tentar descobrir quem assassinou Megan, no decorrer das páginas este deve entender que o mistério é a chave para libertar ou acabar de vez com Rachel.

A história começa devagar, com Rachel em seus devaneios, uma alcoólatra sem emprego, divorciada, que mora de favor, e vê em um casal a vida perfeita que ela não tem. Sua mente é confusa, perturbada pelos brancos da bebedeira e a sensação de vergonha. Claramente ela precisa de ajuda, mas está sozinha. Sua relação com a mãe é via e-mail. Sabemos o motivo pelo qual ela busca o álcool, mas não o seu isolamento. 

Megan é a mulher do casal perfeito de Rachel. Pela janela do trem parece ter um marido carinhoso e ser uma mulher culta, que vive um relacionamento cheio de amor e parceria. No mundo real ela busca fechar um vazio, tem dificuldade para dormir e não aceita ser rejeitada. Conforme ela vai retirando os seus véus para o terapeuta, mais dolorosa se torna a sua morte. Mesmo sendo uma ficção, é difícil não sentir uma pontada de dor pelo seu desfecho.

Anna era a amante do marido de Rachel. Ao engravidar, vira a oficial e se vê obrigada a assumir o papel da anterior, vivendo na casa que a outra escolheu, com os mesmos móveis e o eterno barulho dos trens passando. Agora é ela quem fica a espera, que ouve desculpas e tenta não sentir saudades da época em que era desejada.

Aparência, sexo, violência e mentiras são ditas, mascaradas e afloradas a cada capítulo, em alguns momentos de forma mais lentas, em outras mais rápidas, como os trens que passam pelas casas vitorianas de um aparente pacato bairro residencial.

Um livro de leitura rápida pela curiosidade que desperta, mas para isso é necessário deixar se envolver pelas três, trocar qualquer julgamento pelos seus sentimentos, e sentir junto com elas toda a pressão psicológica que as envolve.

A Garota do Trem
The Girl on the Train
Paula Hawkins
Tradução: Simone Campos
Editora Record
2015 – 377 páginas

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