Sinopse: O Chamado de Cthulhu é um conto do norte-americano H.P. Lovecraft que logo se tornou um clássico do terror. Foi escrito em 1926 e publicado pela primeira vez na revista estadunidense Weird Tales em fevereiro de 1928. Cthulhu é um deus que nas primeiras páginas do conto aparece como um ídolo de argila quase indescritível, possuindo um culto multimilenar dedicado a trazê-lo de volta, o seu retorno desencadearia o fim da humanidade. Neste livro, encontramos esse clássico e mais nove contos consagrados do autor na literatura de terror.
Há alguns anos atrás me foi indicado ler o autor H.P Lovecraft com a justificativa que ele seria um dos mestres dos livros de terror e mistério. Para tirar a prova, aproveitei um cupom que ganhei para usar em uma livraria online e comprei O chamado de Cthulhu e outros contos, para ter uma amostra do trabalho do autor.
No livro encontrei dez contos, aos quais irei fazer um breve resumo abaixo:
Dagon: Um marinho viciado em morfina compartilha a sua história após sobreviver a um naufrágio e chegar a um lugar desconhecido. A fragilidade do personagem coloca um ponto de interrogação se tudo é real ou alucinações de alguém que está perdendo a razão.
Estou escrevendo isto sob considerável esforço mental, uma vez que hoje à noite não existirei mais.
Nyarlathotep: parte dos mitos que constroem Cthulhu, o conto apresenta uma criatura que sai do Egito e vaga pela Terra. Um ser ambíguo e aterrorizante, capaz de causar a loucura e o caos ao poder assumir diversas formas e manipular a mente de quem encontra pelo caminho.
A cidade sem nome: um explorador se desloca para uma cidade cercada de lendas em um dos desertos da Arábia. Com uma atmosfera que se altera conforme o horário, ele encontra uma arquitetura macabra, símbolos estranhos e templos subterrâneos que o convidam a esquecer todos os cuidados.
Quando cheguei à cidade sem nome, vi que era um lugar amaldiçoado.
Azathoth: um conto curto que conta a história de um homem que viaja atrás dos sonhos perdidos.
O cão: dois amigos compartilham um hobby atípico: violar tumbas antigas em busca de artefatos. Em uma de suas expedições eles encontram uma escultura de jade em forma de um cão com asas. Ao carregar o objeto com eles, eventos misteriosos e aterrorizantes passam a assombra-los.
Não se trata de um sonho - nem mesmo, receio, loucura -, pois já me aconteceu muita coisa para eu ter essas dúvidas apaziguadoras.
O Festival: convocado por familiares para participar de um antigo festival, o personagem/narrador retorna a sua cidade natal. Mas o que deveria ser um retorno às origens acaba se tornando uma experiência bem diferente da imaginada.
O Chamado de Cthulhu: após a morte de um tio-avô o professor Francis Wayland Thurston se depara com a história de um estranho ídolo de argila, que teria relação com um antigo culto dedicado a uma criatura monstruosa que teria vindo das estrelas: Cthulhu. Conforme se aprofunda nas investigações, ele descobre não só uma conexão psíquica entre algumas pessoas e a entidade, como que o retorno de tal criatura significaria o fim da humanidade.
A coisa mais gratificante do mundo, creio, é a incapacidade da mente humana de correlacionar todos os seus conteúdos.
A Cor Vinda do Espaço: um meteoro cai em uma fazenda localizada a oeste da cidade de Arkham e uma estranha cor começa a surgir no local do impacto. Sua queda não gera nenhum dano momentâneo, mas com a passagem dos dias uma terrível transformação ocorre na localidade conforme a estranha coloração passa a corroer tudo o que toca.
História do Necronomicon: pequeno conto que conta a origem do livro fictício citado em diversos contos de H.P. Lovecraft, onde o autor Abdul Alhazred, conhecido como "o Árabe Louco" teria descrito uma série de feitiços e rituais para invocar entidades antigas e poderosas, como Cthulhu.
São figuras tão caladas e furtivas que ele se sente de certa forma confrontado com coisas proibidas, com as quais seria melhor não ter nenhuma relação.
O Horror de Dunwich: Dunwich é uma pequena cidade de Massachusetts onde a estranha família Whateley, que combina cultos antigos e casamento endogâmicos, mora. Mas todas as atenções se voltam para eles quando nasce Wilbur Whateley, um menino que cresce em uma velocidade espantosa e apresenta características que lembram animais e conforme cresce cria uma obsessão por livros antigos, em particular o Necronomicon.
A escrita de H.P. Lovecraft
O escritor norte-americano Howard Phillips Lovecraft, popularmente conhecido como H.P. Lovecraft, é considerado como o autor que revolucionou no século XX o gênero de terror, principalmente no que denominamos terror psicológico e cósmico.
Além da psicologia, o escritor que teve uma infância marcada pela solidão, mistura ficção científica, fantasia em histórias obscuras que podem perturbar os leitores nesta mescla de insanidade e criaturas que não se sabe se vem do cosmo ou de universos paralelos.
Não lembro com precisão quando começou, mas já faz meses. A tensão geral estava horrível.
E foi isso que gerou o Mito de Cthulhu, onde vários contos compartilham o terror cósmico dos impactos do despertar de uma criatura antiga e poderosa que afetaria a Terra como um todo. Não à toa, existe mais de um livro de contos do autor publicado com o mesmo título: O chamado de Cthulhu e outros contos
Em O chamado de Cthulhu e outros contos que eu li existe aquele misto de terror, mistério e dúvida. Ao utilizar a narrativa em primeira pessoa com personagens que ou não confiáveis ou se colocam em situações que podem alterar a sua percepção, o autor mexe com o sentimento de ética e empatia do leitor, pois é imaginação ou eles são realmente vítimas de algo que chamaríamos de sobrenatural?
Sobre o nome e a residência desse homem pouco se escreveu, pois serviam apenas para o mundo da vigília, embora se diga que eram ambos obscuros.
Ao mesmo tempo ele nos carrega para civilizações perdidas, onde o antigo e o avanço tecnológico se misturam, mas habitadas por forças malévolas, ligadas aos muitos mistérios que ainda hoje tentamos desvendar.
Isso é acentuado pelo conjunto de contos que forma os mitos de Cthulhu, onde entidades cósmicas são capazes de causarem horrores que a humanidade não possui preparo e muito menos compressão para enfrentar.
O que eu achei de O chamado de Cthulhu e outros contos
A sensação que eu tive lendo este livro de contos era de estar subindo uma montanha, a cada história o terror aumentava, e não raro, também o número de páginas para imergir em um mundo onde os horrores estão completamente conectados por um livro fictício e por uma criatura.
Várias vezes me peguei lembrando da série Alienígenas do passado, onde cidades antigas e cheias de lendas são mostradas e suas construções questionadas sobre se realmente usaram mão de obra humana ou se seres do espaço o construíram.
Parecia haver ali uma umidade indefinida e opressiva, e me espantei com o fato de o fogo não estar aceso.
Mas nos contos de H.P. Lovecraft eles não constroem nada, e não estão vindo do espaço em uma espaçonave. O mais perigoso está dormindo em águas profundas, e os demais parecem vir atender chamados de rituais ou através de portais escondidos em várias partes da Terra.
Motivo pelo qual não raro é fácil duvidar da história do narrador, pois em algumas situações enfrentadas por eles não seria difícil confundir com alucinações ou pesadelos.
Não é um lugar bom para a imaginação e não traz sonhos repousantes à noite.
Em outros casos está mais escancarado, embora não haja uma comprovação total da lenda, existem fatos para deixar as orelhas em pé e os pelos dos braços arrepiados.
O que tornou o universo de H.P. Lovecraft aprovado por mim, uma fã do gênero, que só agora conheci o mestre e deixo a dica para quem também curte este misto de terror, psicologia e mistério.
O chamado de Cthulhu e outros contos
H.P. Lovecraft
Tradução: Alexandre Barbosa de Souza
Editora Nova Fronteira
2023 - 200 páginas
Contos publicados originalmente no final dos anos de 1800