Sinopse: O leitor tem em mãos uma obra que desafia rótulos e convenções. Transitando por formas e gêneros literários, Bartleby e companhia marcou época e abriu espaço para a ficção híbrida na literatura mundial com uma listagem de autores reais e fictícios que, por algum motivo, concluem que "preferem não escrever" e abandonam de vez o mundo das letras. Ao rastrear esses "sóis negros" da literatura, a obra de Vila-Matas abraça a negação como uma potência e celebra novas possibilidades literárias com um mergulho no seu avesso - o silêncio.
Logo de início o narrador deste livro nos conta que não tem sorte com as mulheres, praticamente não tem amigos, seus parentes próximos estão mortos, seu trabalho é pavoroso e quando era jovem publicou um romance sobre a impossibilidade do amor.
Todos nós conhecemos os bartlebys, seres em que habita uma profunda negação do mundo.
No dia 08 de julho de 1999 ele resolve iniciar um diário que mistura um pouco da sua vida e dos chamados bartlebys, nome inspirado no escrivão Bartleby, personagem de um conto do escritor Herman Melville, que respondia "Acho melhor não" para qualquer coisa que lhe pedissem.
Nos casos dos bartlebys de Enrique Vila-Matas são escritores, como J.D. Salinger e Robert Walser, que escolheram o silêncio oral e escrito após conquistarem a fama, sendo que alguns chegam ao ponto de fugirem de qualquer contato que implique falar sobre o seu trabalho, enquanto outros transformam isso em uma espécie de piada particular.
Acho muito engenhoso dizer que alguém renunciou à escrita devido ao transtorno de ter aprendido inglês e de ter se tornado sensível a complexidades nas quais nunca havia reparado.
Em menos de duzentas páginas são relacionados textos que levam ao Não escrever, os possíveis motivos, as estratégias de quem resolveu simplesmente fugir do mundo e não fornecer mais nenhuma contribuição para a literatura.
Do narrador em si, descobrimos muito pouco, sabemos que ele tem um emprego, que utiliza atestados para ampliar os seus dias de férias e se dedicar a sua pesquisa, que já foi até os Estados Unidos em uma viagem rápida para ver J.D. Salinger, e por fim é um homem muito solitário ao qual faz inúmeras referências a Kafka.
Às vezes a escrita é abandonada porque a pessoa simplesmente cai em um estado de loucura do qual nunca se recupera.
O foco de suas anotações, não resta dúvida, está totalmente dedicado nos que abandonaram a escrita e suas justificativas. E o leque vai de pessoas reais, passando por personagens fictícios que nunca escreveram, até textos onde se identifica outros bartlebys.
Assim como mescla diferentes gêneros, já que é difícil dizer se ele é um ensaio, ou quem sabe um romance, uma tese de mestrado ou até mesmo contos sem título, já que diferentes histórias vão surgindo no decorrer das páginas, também são diferentes os sentimentos que ele desperta.
Continuo pensando o de sempre, continuo perguntando-me por onde começar, continuo paralisada.
Em alguns capítulos ele parece mais devagar, brincando perigosamente em uma linha tênue do tédio, em outras ele é provocante, instigando o leitor a refletir o que leva alguém parar de escrever no auge do sucesso, outras é engraçado, como o personagem fictício que nunca escreveu nada pois Saramago roubava-lhe todas as ideias.
Uma coisa muito legal é que você sai com uma lista grande de sugestões de leituras futuras, pois ao usar autores e livros para embasar o enredo, as ficções se misturam e você acaba ficando curioso para ler todas as indicações citadas durante a leitura, e entender o que levaram o personagem a se dedicar a elas.
Eu o admirava e necessitava que continuasse escrevendo versos e me entristecia pensar que a obra estava encerrada e que provavelmente o poeta havia decidido esperar a morte.
Cabe ressaltar também que a escrita de Enrique Vila-Matas é extremamente fluída, fazendo o leitor mergulhar neste lado b do mundo literário e despertando as suas próprias curiosidades e reflexões.
Um livro atemporal, se pensarmos que hoje temos como um dos grandes nomes da literatura uma pseudônimo chamada Elena Ferrante, que para seguir na escrita fugiu dos holofotes ao se esconder no anonimato.
Há quem tenha deixado de escrever para sempre ao se julgar imortal.
Fica a dica para quem curte as curiosidades literárias, para quem está sempre procurando novas distrações, para quem curte ler boas histórias, para quem gosta de saber mais sobre escritores, ou simplesmente para quem gosta de ler.
Bartleby e Companhia
Bartleby y compañía
Enrique Vila-Matas
Tradução: Josely Vianna Baptista e Maria Carolina de Araújo
Companhia das Letras
2000 - 178 páginas
É um livro bastante interessante, um livro com histórias contadas, com nomes importantes e outros escritores, é um livro que traz reflexões, fiquei bastante curiosa pelo livro bjs.
ResponderExcluirTendo a gostar muito de escritores com a escrita fluida. A literatura tem que se modernizar cada vez mais e atender às necessidades desse tempo.
ResponderExcluirOlá, Oscar.
ExcluirNa verdade a literatura é atemporal, não raro a frente do tempo de quem lê. Assim existem livros escritos a mais de cem anos que possuem narrativas que simplesmente prendem o leitor, e outros recentes que talvez não tenham o mesmo efeito.
É uma via que depende dos dois, de quem escreve e de quem lê.
Que máximo esse livro. Fiquei curiosa para ler. Achei ótimo a oportunidade de conhecermos mais livros devido as sugestoes contidas nele. muito bom !
ResponderExcluirCreio que finalmente encontrei uma boa dica de leitura, vou procurar.
ResponderExcluirAchei uma leitura muito interessante! Sem dúvidas vou querer dar uma lida sim.
ResponderExcluirSou completamente apaixonada por livros, de todo o género literário e confesso que fiquei curiosa com o Bartleby e companhia
ResponderExcluiroi!
ResponderExcluirEu adorei a sugestão de leitura :D gosto muito de livros com essa temática. Vou colocar na lista de leitura
Que bacana! Gostei muito das dicas, principalmente de saber que tem indicações de outros livros nele.
ResponderExcluirBeijos,
Paloma Viricio💫❤
Oi, tudo bem? Interessante sua sugestão. Mais ainda por ser um livro que fala sobre escrita. Acredito que escrever ou não é algo muito pessoal. Eu sempre defendi que não podemos transformar em palavras aquilo que não vivemos, que não experimentamos, então, deixar de escrever também é uma decisão concorda? Um abraço, Érika =^.^=
ResponderExcluirSão escolhas, escrever, atravessar a rua, tomar chá e café... acho que aqui a imaginação entra para nos fazer refletir o motivo de não seguimos determinados sonhos, objetivos, ou a razão pelo qual eles não nos fazem mais brilhar o olhar.
ExcluirOlá Andrea, tudo bem?
ResponderExcluirAinda não conhecia esse livro, mas gostei bastante do fato de ser uma obra atemporal, isso é um ponto que considero bem positivo. Gosto do fato de passear entre o devagar e o provocante, principalmente por nos fazer refletir, algo que considero importante demais. Adorei conferir sua opinião!
Beijos!