Lynn Zapatek retorna para o seu apartamento depois de um tempo internada em uma clínica. Logo consegue o emprego de camareira no hotel Éden e monta uma rotina em que cada dia tem uma atividade específica, como todas a quintas ligar para a mãe e todas as terças ficar embaixo da cama de um hóspede.
Acompanhando os sons da vida alheia, ela preenche o próprio vazio de uma vida sem sentido, pois fica nítido que a personagem não tem objetivo nenhum. O que provoca olhares atravessados de suas colegas de trabalho, já que ela não se interessa por folgas ou férias. Sua relação com a mãe é fria e superficial, se evitam, como se o peso do contato fosse impossível de carregar, talvez por, ironicamente, serem tão semelhantes.
A grande mudança ocorre justamente em uma terça, quando ela acompanha o desempenho da garota de programa Chiara. Num ato de ousadia, rouba o cartão de contato deixado para o cliente e marca um encontro. A partir dali, ela vive em um mundo de ansiedade, medo e sonhos.
Markus Orths escreve de forma direta, ágil e envolvente. Ao colocar o leitor na mente perturbada de sua personagem, este pode se sentir tão pressionado e ansioso quanto a própria. É possível sentir o cheiro da poeira, ouvir o som da tv, os sussurros e até mesmo os silêncios.
No meu caso, a leitura provocava estranhamento e pontos de interrogações. Lynn ficou me devendo algumas respostas, mas nada imperdoável, já que nós mesmos nem sempre procuramos nos lugares certos.
A Camareira - Markus Orths - Tradução Mário Luiz Frungillo - 2010 – 136 páginas - L&PM
Nenhum comentário:
Postar um comentário