Mapas e árvores genealógicas. Em um primeiro momento, o
primeiro volume da saga escrita por George R.R. Martin me fez pensar no Senhor
dos Anéis. Embora a guerra também seja por poder (no lugar de um anel, temos um
trono forjado de espadas), a história de Martin é direcionada aos adultos e com
muitas vozes femininas, lembrando aquela frase de que por trás de um grande
homem sempre existe uma grande mulher.
O começo da leitura pode causar estranhamento, pois ele vai
apresentando um por um dos personagens em uma narrativa em terceira pessoa (em
sua maioria, membros da família Stark), e aos poucos passado e o presente vão
se revelando. Alguns capítulos são mais chatos, outros te prendem. Da metade em
diante a história passa a ser surpreendente, desde que você não tenha olhado a
série de TV ou feito pesquisas na internet.
A história tem como início o convite do rei Robert Baratheon
ao lorde Eddard Stark para assumir o cargo de mão do rei, o conselheiro mais importante.
Eddard é um homem cheio de princípios, mas que também possui os seus pecados. O
rei, que já foi uma figura altiva, hoje é gordo e beberrão, casado com uma
rainha ambiciosa, que sente saudades do tempo de guerra e não presta atenção ao
que acontece a sua volta.
Se de um lado Catelyn, esposa de Eddard, incentiva o marido
a aceitar o cargo para descobrir quem assassinou o seu cunhado (a mão anterior
do rei, casado com a irmã de Catelyn), de outro, a rainha Cersei planeja
transferir o mais rápido possível o poder para o seu primogênito. Ambas são
fortes e possuem papéis chaves na trama.
Em outro ponto da história temos Viserys Targaryen, herdeiro
do trono tomado por Robert, que negocia sua irmã com o líder dos guerreiros
nômades em busca de um exército para recuperar o poder. Daenerys é a grande
revelação da história, pois apesar de ser uma criança no princípio, e não se
passarem anos a fio na história, ela se transforma rapidamente em mulher,
descobrindo o amor e se livrando das amarras do irmão.
O sobrenatural é vivido por Jon Snow, o filho bastardo de
Eddard, que apesar de viver bem com os meios irmãos, sente na pele o desprezo
da esposa do seu pai, o que o faz ir para a muralha, lugar misterioso que
recruta criminosos para garantirem a segurança contra antigas lentas.
Em uma história onde crianças se tornam guerreiros e
rainhas, ética, sangue, sexo, poder e preconceito se misturam, tornando os retalhos
dessa história em uma concha interligada. Ética e corrupção andam lado a lado,
e o preço por subjugar o inimigo pode ser alto. É quase impossível não sentir
curiosidade em ler o segundo volume, que já foi colocado na minha lista de
compras futuras.
George R.R. Martin
Traadução: Jorge Candeias
Editora Leya
2010 - 592 páginas
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