Brasil. São Paulo. Em pleno regime militar, o leitor irá
acompanhar a história de três jovens universitárias em um breve período de
tempo. Todas vivem em um pensionado de freiras, cujas aulas se encontram
suspensas, e permitem que assim, as meninas enveredem por outros caminhos.
Lorena é a amiga rica. Fornece desde cremes, maquiagens,
perfumes até dinheiro e o carro da própria mãe para fins não muito próprios
para a época. Vive esperando a ligação de um homem pelo qual se diz apaixonada.
Um homem casado e que não teria coragem de tirar sua virgindade. Em suas
conversas, lembra-se da morte acidental de um irmão. Uma personagem que deixa o
leitor em dúvida sobre o que é verdade, superficialidade ou ilusão.
Lia está se preparando para ir embora. Aguarda a liberação
do namorado da prisão. Militante de um grupo de esquerda, ao mesmo tempo em que
critica, busca o apoio de Lorena. Tem por hábito usar o carro da mãe da amiga
para atender ações do seu grupo.
Ana Clara é a bela das três. Beleza desperdiçada com drogas
e álcool. Tem um amante que compartilha de suas viagens. E espera que o seu
mundo mude se casando com um noivo rico. Para recuperar a virgindade muito
perdida, recorre ao dinheiro de Lorena para realizar uma cirurgia.
Ao mesmo tempo em que narra um momento político, situando o
leitor sobre a realidade da década de 70, de outro as preocupações que atingem
as meninas do título parecem fúteis e atuais. Nem mesmo Lia, a politizada das
três, me pareceu fugir disso em seus medos e sonhos. Mostrando que independente
da época ou situação, a cabeça das adolescentes continua com as mesmas
preocupações típicas.
Ao contrário de Ciranda de Pedra, este livro não me envolveu
tanto. A história é muito boa, mas não consegui criar uma empatia por nenhuma
das três, e em alguns momentos elas me despertavam o desejo de sacudi-las.
Algumas vezes pensei em parar a leitura, mas afirmo desde agora que vale e
muito ir ao final, que me tocou e surpreendeu.
As Meninas
Lygia Fagundes Telles
Companhia das Letras
1973 – 301 páginas
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