Recebi a indicação deste livro na Livraria Cultura, quando
folheava o segundo livro da Trilogia O Século. Conforme a vendedora, um livro
que encantava quem gosta de narrativas que misturam fatos reais da nossa
história.
E assim, foi com expectativa que iniciei o romance de María
Duenas, principalmente por ser comparada a Carlos Ruiz Zafón, um autor que
adoro.
O problema é que não simpatizei com Sira Quiroga, a
personagem principal e narradora da história. Não torcia por ela, apenas
acompanhava as suas aventuras, que nem sempre me pareciam verossímeis.
A história começa às vésperas da guerra civil espanhola.
Sira, então apenas uma simples costureira, vai com o noivo escolher uma máquina
de escrever com o objetivo de se prepararem para vagas no governo. Na loja
conhece Ramiro e se apaixona, trocando o que seria uma vida certa por uma
aventura no Marrocos.
Mas no lugar de uma linda história de amor, acaba grávida,
abandonada e endividada. Só que a sua sorte é muito maior do que as suas
burrices, e ela encontra amigos que a ajudam montar o seu próprio atelier e
conhecer mulheres influentes, entre elas a inglesa Rosalinda Fox, amante do
personagem histórico Juan Luis Beigbeder, que convence Sira a se tornar espiã
na segunda grande guerra.
De volta à Espanha, com passaporte marroquino, ela se torna
a costureira referência da alta sociedade, seus ouvidos captam todas as
informações, que são repassadas rapidamente para os ingleses. Entre as regras está
ser vista em lugares luxuosos, com os quais ela já sonhara frequentar, e manter
distância de antigas amizades.
Entre a vida fictícia de Sira, são relatados momentos
importantes na história da Espanha, cuja população vive em grande sofrimento
enquanto Franco abria as portas para os alemães. Em uma época que não se sabia
quem era amigo e quem era inimigo, a personagem reencontra o amor, mas foge por
não ter certeza de quem ele é.
E todo esse conjunto conseguiu tornar, pra mim, apesar da
minha antipatia por Sira, a leitura prazerosa. Ao contrário do que poderia
acontecer, não era um sofrimento reencontra-la todas as noites, pois o mundo que
a cercava apagava o fato de parecer tão insípida para mim.
Por isso recomento sim a leitura de O tempo entre costuras,
uma aventura que pode prender vários tipos de leitores.
O tempo entre costuras (El tempo entre costuras)
María Duenas
Tradução: Sandra Martha Dolinsky
Editora Planeta
2009 – 477 páginas
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