No século XII a Inglaterra vive um estado de anarquia. Com a morte do Rei Henrique I sem que este deixasse herdeiros diretos, é iniciada uma guerra civil pela disputa do trono. Os mais ambiciosos escolhem os seus lados, esperando em troca terras e cargos. Quem sofre é o povo, com governantes despreparados, aumentando assim a fome e os fora-da-lei.
Ken Follet utiliza os quarenta anos de construção da catedral gótica de Kingsbridge para contar a história dos ambiciosos e dos que lutam para sobreviver, praticamente uma batalha do bem contra o mal em suas quase mil páginas. Ao contrário do que se possa imaginar, esta ficção histórica não cansa, tendo ganchos perfeitos que te fazem ler mais e mais.
A história tem inicio em 1123, quando um homem é enforcado e uma maldição é lançada sobre três figuras: o cavaleiro, o monge e o jovem sacerdote que acompanham a execução da sentença. Pulamos para 1135 onde conheceremos a família de Tom construtor, que sonha em construir uma catedral, e nos encontros e desencontros com o monge Philip tem uma oportunidade graças ao jovem Jack. Entre os nobres, a bela Aliena nega ficar noiva de lorde Willian, a humilhação abre a porta para que Waleran utilize a família desprezada para alcançar o que a sua ambição deseja dentro da igreja.
Entre a disputa de Estevão e Matilde pelo trono, até o surgimento de um novo Rei Henrique a história vai até 1174, neste tempo crianças irão crescer e adultos envelhecer, alguns mudando o destino em momentos que tudo parecia terminado, outros simplesmente ficando pelo caminho. Terras alternam com facilidades de mão, pois o que pesa é a participação do homem para ganhar a guerra, mesmo que ele seja um traidor.
O grande segredo da narrativa é que não existe acontecimento em vão nas seis partes da história, tudo é costurado de uma forma que mais tarde se verá as consequências. Como na vida real, injustiças acontecem, e não existe um toque de mágica para resolvê-las. Para tudo existe a mistura de sorte, trabalho e influência política.
Meu personagem favorito é Philip, sua fé e bondade, somadas a sua inteligência, fazem a sua figura cativante, mesmo quando se torna intransigente devido às regras que acredita, é impossível não admirar suas ideias para resolver diferentes tipos de questão. E sua vida não é nada fácil, mas sua persistência o faz sempre seguir adiante, por maior que seja o tombo.
As mulheres da história também fogem do estereótipo da mocinha que fica em casa a espera do príncipe encantado. São fortes, com opinião, lutadoras e influenciadoras. Seja criando um monstro ou correndo atrás do verdadeiro amor.
Por ocorrer em um período de guerra, a violência pulsa em diversos capítulos. Estupros e assassinatos são comuns e não recebem punição, pois todos são aliados de alguém. O que torna os personagens Willian e o arcebispo Walenan dignos de todo nojo e desprezo do leitor.
Pilares da Terra entrou na minha lista de melhores livros, o que tornou essa resenha muito difícil, pois a história encanta o leitor nos detalhes. Então simplesmente digo: não tenha medo do seu tamanho, quando terminar, você irá sentir saudade de alguns personagens.
Os Pilares da Terra
The Pillars of the earth
Ken Follet
Tradução: Paulo Azevedo
Editora Rocco
1989 - 941 páginas
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