sábado, 23 de abril de 2016

Diário de uma paixão


Confesso. De início não gostei. A escrita não me cativava, faltava algo. Quase fechei e deixei assim. Mas a paixão pelo filme me fez seguir em frente, e é justamente no que vou chamar "época atual" que a leitura passou a valer a pena.

Se o filme se apega aos primeiros anos do amor de Noah e Allie, o livro já possui um equilíbrio entre as duas fases. O problema (pra mim) é que a primeira fase é muito cheia de clichês, eles são lindos, especiais, existe uma terceira pessoa para disputar o amor, tem uma vilã que os separa, orgasmos múltiplos, enfim, o que se encontra em qualquer romance. E com isso o filme acaba dando de dez a zero.

O livro melhora na etapa que o filme abordou mais superficialmente. No depois. Eles estão velhos, doentes, mas o carinho de Noah por Allison é algo que ultrapassa as páginas. Aqui a narrativa se torna real, tanto ao descrever a visão dos que o cercam quanto da mulher que tanto ama, mas agora não sabe mais o seu nome. Sua esperança está em recontar sua história, para ver se o coração consegue superar a memória que se esvai.

A narrativa em terceira e primeira pessoa vai conforme a visão do triângulo amoroso, ficando mais centralizado no casal principal. É através de Noah que sentimos o peso da saudade e da solidão. Conforme as lembranças preenchem suas noites, o leitor fica sabendo que o feliz para sempre é recheado de momentos simples, conquistas e perdas. 

Sim, Noah é o homem que toda mulher sonhou. Companheiro, atencioso, não só escuta como incentiva a mulher se realizar profissionalmente. Um pai admirado pelos filhos. Um cara simples, honesto, que deixa as lágrimas rolarem e tem um coração gigante. 

Então sim, se você passar a página 50 e ainda se sentir entediado, espere mais um pouco, o livro pode ser uma agradável surpresa.

Diário de uma paixão
The notebook
Nicholas Sparks
Tradução Renato Marques de Oliveira
Novo Conceito
1996 - 235 páginas

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