Sinopse: Leona, uma antropóloga americana, dá à luz em um remoto vilarejo massai no interior do Quênia e precisa decidir se quer ou não ser mãe. Jane, a solitária esposa de um funcionário da embaixada dos Estados Unidos, segue seu marido para os trópicos e vê como a vida pode ser frágil no continente africano. Simi, uma mulher massai estéril, precisa confrontar sua infertilidade em uma sociedade em que as mulheres são valorizadas apenas pelo seu papel como reprodutoras. Em uma obra singular, essas três mulheres tão diferentes entre si enfrentam a maternidade, encaram tragédias e amadurecem diante das dificuldades não somente do cenário subsaariano, mas da existência humana.
Enviado em Maio/20 pela TAG Inéditos, o livro da escritora americana Adrienne Benson une o tema maternidade com o local de infância da autora como fundo, tendo como resultado um livro de escrita fluída e delicada.
Leona cresceu nos Estados Unidos, teve parte de sua vida marcada pelas visitas ao seu quarto pelo seu pai e a cegueira auto imposta de sua mãe. Para fugir dos dois, ela se torna antropóloga e assim se muda para a África, onde vai morar em uma manyatta, em meio a vida selvagem do Quênia.
Era o grito dela, percebeu, embora não tivesse sentido a boca abrir ou a reverberação do ar.
Mas em busca de um banho descente e uma cama confortável, ela decide passar um final de semana em Narok, onde acaba conhecendo um homem e num raro momento em que baixa sua guarda, ela acaba grávida.
Leona não tem nada de maternal, então é com felicidade que ela acaba entregando logo após o nascimento de sua filha a responsabilidade de cuidar do seu bebê para Simi, que assume com alegria e alívio.
Sem a opção de outros pastos, essa cultura poderia desaparecer tão rápido e fácil quanto os rios e córregos da região.
Simi é uma mulher que graças a sua mãe iniciou os seus estudos, sendo a única mulher no vilarejo onde Leona está que conhece algumas palavras da língua inglesa. Infelizmente seu pai impediu o sonho de sua mãe para que ela avançasse mais, e assim Simi segue o mesmo destino de todas, se tornando a terceira esposa do filho do ancião da aldeia.
Mas Simi se revela infértil, e mesmo com todos os rituais, não consegue dar à luz ao seu próprio filho. O que a faz temer por ser expulsa do local, já que poderia ser considerada malfadada e assim trazer maldições para a sua aldeia.
Porém, do mesmo jeito que a luz do dia sucede-se à escuridão da noite, a escuridão também dá lugar à luz do dia.
Completando o trio temos Jane, que de certa forma também foge da família, sentindo o peso da culpa por não ter sido a irmã responsável que a mãe desejara tantas vezes lhe pedir antes de sua morte. No Quênia ela vai trabalhar na proteção dos elefantes, mas ao ter que enfrentar a violência dos que desejam sacrificar os animais, ela acaba conhecendo Paul.
Ao se casar, ela passa a seguir o marido e desistindo da vida profissional. Se inicialmente ela se sente vazia, a gravidez e mais tarde a filha passam a dar sentidos aos seus dias.
Lá, todas as mães estavam afinadas com o conceito de uma negligência benéfica.
Através destas três mulheres, cujos destinos acabam se cruzando, Adrienne Benson descreve diferentes sentimentos e situações relacionadas a maternidade, das alegrias as tristezas, da alienação parental a proteção, das dúvidas ao amor imenso.
A história é dividida em três partes, sendo que a primeira é a mais longa e também um pouco mais arrastada. Ganhando ritmo na segunda parte, quando as filhas das três protagonistas dão o tom da narrativa, preparando o leitor para o desfecho na terceira parte.
Os corpos caíram um a um, encolhidos sobre si mesmos, em poças de sangue que se espalharam na areia e foram absorvidas por ela.
Achei que o projeto gráfico de certa forma pode enganar um pouco o leitor, apesar da história ser no Quênia e ter algumas descrições da vida da comunidade, a presença de Simi é menor do que as duas personagens americanas. O que me faz pensar que a história poderia ser em qualquer lugar, já que ela trata das diferentes facetas da maternidade.
Por outro lado, eu estaria sendo injusta se não citasse como o amor da escritora pulsa ao descrever os lugares da sua infância, nos levando pelas estradas de terra, nos deixando nas margens do rio ou embaixo de uma enorme árvore.
Costumava desejar que aquilo tudo nunca tinha acontecido e que crescera em uma família onde todos sorriam uns para os outros, conversaram, uma família que não fosse marcada pela ausência.
Um livro que iniciei a leitura empurrando as páginas e terminei emocionada. O que me fez reforçar a crença que uma história pode te capturar muito além da página cinquenta.
O Sol Mais Brilhante
The Brightest Sun
Adrenne Benson
Tradução: Elisa Nazarian
TAG - Harper Collins
2018 - 320 páginas
O livro aborda um tema importante que é a maternidade, filho faz parte da nossa vida, o livro é emocionante, é fluido, essas três mulheres são fortes, guerreiras, que lutam pelo lar, bjs.
ResponderExcluirOlá, Lucimar.
ExcluirAcho que talvez você tenha confundido com outro livro. O Sol mais brilhante fala sobre as diferentes faces da maternidade, inclusive o desejo de não ter um filho. As personagens são muito humanas, mas com uma visão diferente de mundo, e justamente por isso há um rompimento com o lar na sua figura tradicional, não havendo luta por ele.
Abraços
Oi
ResponderExcluirParabéns pela resenha :)
A história envolvente sobre relacionamentos entre pais e filhos. Toda a bagagem que se carrega por toda a vida.. Super recomendo o livro
O livro tem um história de vida bastante marcante e envolvente . Dica anotada.
ResponderExcluirOlá!!
ResponderExcluirConfesso que morro de medo da maternidade, então lendo sua resenha e vendo que o livro trata de diferentes maneiras do mesmo assunto fiquei bem interessada. Vou por na minha lista para ler o mais breve possível, obrigada pela dica.
Beijos
Leitura Terapia
Muito interessante, com um tema relevante em uma cultura que praticamente desconhecemos.
ResponderExcluirDepois da sua avaliação, fiquei com vontade de ler O Sol mais Brilhante. Gosto de conhecer outras culturas.
ResponderExcluirA história parece ser bem interessante e emocionante mesmo. Nunca li nenhum livro da tag, mas acredito que todos sejam muito bons!
ResponderExcluirAs duas linhas da TAG são bem interessantes, mas muitos dos livros, como é o caso desse, são publicados depois pela editora que fez parceria.
ExcluirCom certeza desse ser maravilhoso ler esse livro, já anotei aqui, eu quero lê-lo!
ResponderExcluirolá, tudo bem.
ResponderExcluirEu estou sem palavras perante a historia deste livro. è uma historia muito forte entre pais e filhos de de um posto de maternidade.
gostei muto da sua resenha
beijos
Olá, tudo bem? Acho interessante que cada vez mais a temática da maternidade vem conquistando espaço nos livros. Não conhecia o título, mas depois dos elogios, e de saber que o livro pode nos conquistar pelo meio dele, fiquei mega curiosa. Dica super anotada!
ResponderExcluirBeijos
Parece ser muito interesante, vou procurar para ler.
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