Sinopse: O termo “Antropoceno” foi proposto para designar a era geológica atual, em que os seres humanos remodelaram o planeta e sua biodiversidade de maneira profunda, para o bem e para o mal. A humanidade é cheia de facetas contraditórias e invenções intrigantes, e John Green se propõe a avaliá-las de forma nada imparcial. Afinal, no Antropoceno, não há observadores desinteressados, apenas participantes. Como o próprio autor reconhece, esses ensaios também são, de certa forma, uma autobiografia. Escrito em parte durante o turbulento período de pandemia global e baseado em seu podcast de sucesso, Antropoceno: notas sobre a vida na Terra nos guia pelas sutilezas dessa nova realidade e nos dá a segurança de que podemos até desconhecer o caminho que estamos seguindo, mas com certeza estamos em boa companhia.
Em Antropoceno, o autor norte-americano John Green explora suas memórias e as complexidades e implicações do que estamos vivendo, com pandemias, mudanças climáticas, perda de biodiversidade e os avanços tecnológicos constantes, o que gera muitas reflexões do escritor sobre cada assunto abordado.
Entre essas reflexões estão a relação da humanidade com a natureza que a cerca, incluindo o impacto dos avanços tecnológico no uso e preservação do meio ambiente, tópico que se torna cada vez mais urgente como vimos nos últimos desastres naturais.
Através da empatia, sentimos coisas que talvez nunca pudéssemos sentir. Através do rico mundo da imaginação, vimos apocalipses grandes e pequenos.
Há também textos com questões mais existenciais, como a busca por significado em um mundo que se reinventa todos os dias, questionamento sobre as escolhas que realizamos em diferentes fases do nosso amadurecimento, assim como a valorização da vida e da própria esperança.
Mas não, não é um livro de autoajuda, mas sim de reflexões e de memórias, já que o autor compartilha várias histórias pessoais e divide sua opinião sobre diferente assuntos que vão de ciência a vídeo game.
A escrita de John Green
Conhecido autor norte-americano por escrever romances para jovens adultos como A culpa é das estrelas, que teve uma versão para o cinema. E também possui um canal no youtube com o seu irmão, o vlogbrothers, onde eles abordam muitos dos assuntos listados no livro, além do já citado podcast.
Em Antropoceno, Green mescla opiniões e reflexões pessoais com artigos científicos e referências literárias de uma forma bastante fluída e de fácil leitura, explicando termos não tão comuns seja através de linguagem clara ou metáforas e analogias.
A história, como a vida humana, é ao mesmo tempo incrivelmente rápida e penosamente lenta.
Ou trazendo algumas curiosidades, como no caso do livro O grande Gatsby que ele compartilha a popularização do mesmo após ser indicado dentro das forças armadas, sendo um dos impulsos para torná-lo um clássico.
Não raro ele se dirige diretamente ao leitor, como se o mesmo estivesse sentando em algum lugar e pudesse interagir com ele nestas conversas que misturam papo sério com momentos de humor, ciência, e histórias pessoais que permitem conhecer mais de quem está do outro lado das páginas.
Maravilhando-me com a perfeição daquela folha, fui lembrado de que a beleza estética depende tanto de como e se você olha quanto do que vê.
Resultando em um livro muito agradável de ler, e que pode fazer o leitor prestar atenção um pouco mais em si e no mundo em sua volta, além de algumas indicações de leitura extra.
O que eu achei de Antropoceno: Notas sobre a vida na Terra
Antropoceno foi um livro que recebi de mimo na antiga assinatura da Intrínseca e foi uma adorável surpresa.
Me diverti com ele dando estrelas para os assuntos abordados em cada texto, como se fosse uma avaliação da Amazon. Concordei com algumas teorias, como o ar condicionado nos escritórios ser sexista e adorar deixar a mulherada passando frio o dia inteiro.
A especificidade radical do cheiro é parte do que o conecta de maneira particular á memória. Também é parte do que o torna tão difícil de imitar, mesmo quando se trata de odores artificiais.
E me encantei com a escrita pessoal de Green. Entre Disney, Mario Kart, viagens e comparativos de pandemia, há leveza, sorrisos, vontade de abraça-lo quando relata o bullying sofrido na infância e reflexão.
É como uma conversa de assuntos variados, só que com vários embasamentos compartilhados caso você queria se aprofundar depois. Mas com um detalhe fundamental: não é uma referência pedante do tipo olha o que eu sei, mas do tipo: olha que legal o que eu li, pesquisei ou encontrei.
Para mim, essa é a maravilha e o terror de imagens geradas por computador: se elas parecem reais, meu cérebro não é nem de longe sofisticado o suficiente para entender que não são.
Na parte que ele fala das pandemias, me lembrei do livro Os vulneráveis, já que ele compara os casos onde os ricos fugiram das grandes cidades, seja pela peste, seja pela Covid. E como a sua posição social irá lhe colocar com maior ou menor chance de morrer. E há também o outro lado da moeda, aqueles que se doam para não deixar ninguém sozinho.
Mas estes são apenas pequenos exemplos de como Antropoceno é um livro que pode ser lido enquanto se bebe uma taça de vinho ou uma xícara de chá. Pois seus textos me provocaram conversas mentais, despertaram memórias, tudo em uma escrita que me convidou a refletir, sorrir e ter a curiosidade alertada.
Lembro-me de ter pensado que nunca mais seria criança, não de verdade, e foi a primeira vez que senti aquela intensa saudade de um eu que nunca mais voltaria.
Afinal estamos em constante mudança, e a Terra tem nos mostrado de forma cada vez mais forte que não existe causa sem consequência, e repensar muitas de nossas ações se faz mais do que necessário.
Deixando a dica para quem curte livros que compartilham opiniões e lembranças sobre música, jogos, filmes, poesias, viagens, descobertas, amores, vida, morte, ecologia, ciência, tecnologia, depressão, crise existencial, presente, passado e futuro.
Para Antropoceno eu dou 5 estrelas.
Antropoceno: Notas sobre a vida na Terra
The anthropocene reviewed: essas on a human-centered planet
John Green
Tradução: Alexandre Raposo e Ulisses Teixeira
intrínseca
2021 - 384 páginas
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