terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

Sejamos todos feministas



Sinopse: A autora deste livro, Chimamanda Ngozi Adichie, é escritora e feminista. Mas, afinal, o que é ser feminista? Quando ouviu essa palavra pela primeira vez, Chimamanda ainda era criança e morava na Nigéria, país em que nasceu. Desde então, ela pensou muito sobre o termo ― e sobre os direitos das mulheres no mundo. Anos mais tarde, ela compartilhou suas reflexões sobre igualdade a todos, homens e mulheres, e você as encontra neste livro. E agora é a sua vez de refletir sobre o assunto também!

O que é ser Feminista? Conforme o dicionário é relativo ou pertencente ao feminismo. E não raro se tem uma visão distorcida do seu significado, algumas vezes acompanhado de deboche, outras com uma expressão de medo, como se o feminismo fosse algo perigoso.

Por este motivo gostei muito do rápido, objetivo, direto e bem escrito Sejamos todos feministas da escritora Chimamanda Ngozi Adichie, cuja leitura pode ser realizada tanto por pré-adolescentes quanto adultos de todas as idades.

"Sabe de uma coisa? Você é feminista!" Não era um elogio.


O livro, que é curtinho, é uma versão modificada de uma palestra dada pela autora no TEDxEuston em 2012, cujo foco era a África. Decidida a tocar em um assunto ao qual ela acredita ser necessário ter mais diálogo, acabou encontrando bons ouvidos na plateia. E essa boa aceitação trouxe as palavras daquele dia para um livro.

E por ser baseado em uma palestra, Sejamos todos feministas é totalmente baseado nas experiências pessoais de Chimamanda Ngozi Adichie. Da primeira vez que foi chamada de feminista aos quatorze anos, e não de forma elogiosa.

Se só os homens ocupam cargos de chefia nas empresas, começamos a achar "normal" que esses cargos de chefia só sejam ocupados por homens.


Do conselho que recebeu de um jornalista - Homem - de nunca se intitular feminista, já que estas são mulheres infelizes que não conseguem arranjar marido. Uma frase que parece do período medieval, mas é de 2003.

Ou uma professora universitária nigeriana afirmar para a escritora que o feminismo não fazia parte da cultura africana, e que a escritora havia sido corrompida pelos livros ocidentais.

Tanto um homem como uma mulher podem ser inteligentes, inovadores, criativos. Nós evoluímos. Mas nossas ideias de gênero ainda deixam a desejar.


E naturalmente temos os exemplos práticos, como quando a escritora tirou a nota mais alta de sua turma escolar, mas não foi escolhida para ser monitora pela professora por ser menina.

Ou quando ela deu uma gorjeta para um rapaz que ajudou a estacionar o carro, mas quem recebeu o agradecimento foi o amigo homem que estava junto.

Perdemos muito tempo ensinando as meninas a se preocupar com o que os meninos pensam delas. Mas o oposto não acontece.


Ir sozinha em bares em Lagos, na Nigéria? Fora de cogitação, é necessário ter um homem acompanhando ou não entra no recinto.

Assim como questionamentos óbvios, como pode 52% da população mundial ser feminina e a maior parte dos cargos serem ocupados por homens? Por que pessoas de gêneros diferentes ocupando exatamente o mesmo cargo possuem diferenças salariais?

O modo como criamos nossos filhos homens é nocivo: nossa definição de masculinidade é muito estreita.


No cotidiano, o fato de muitas vezes os garçons darem a sua atenção ao homem, como se ele tivesse o poder de decisão sobre as escolhas da mulher. O fato de homens acharem que mulheres não podem expressar a sua raiva. Ou de muitas vezes assistirem um homem emitirem a mesma opinião ou ideia depois de uma mulher já há ter pronunciado, mas são eles os elogiados.

Naturalmente no Brasil as mulheres não possuem tantas restrições quanto as que vivem na Nigéria, mas não é difícil identificar pontos em comum. 

Ensinamos que, nos relacionamentos, é a mulher quem deve abrir mão das coisas.


E não estamos falando em odiar homens, queimar sutiã, ou deixar de se depilar. E sim de ter as opiniões levadas em conta, de sermos respeitadas em todos os lugares, de ocuparmos o nosso lugar no mundo.

E assim concordo muito com a autora quando ela cita a criação dos filhos, principalmente os meninos, já que muitas mulheres reproduzem em casa o machismo nas atitudes e nas falas, ensinando desde cedo que a mulher é uma cidadã de segunda classe, que um homem não pode ter fraquezas, sendo sempre fortes.

Seríamos bem mais felizes, mais livres para sermos quem realmente somos, se não tivéssemos o peso das expectativas do gênero.


O que leva à conclusão de que não apenas mulheres devem ser feministas, mas também os homens, de todas as idades. Pois só assim irá se conquistar uma igualdade não só nos ambientes de trabalho, mas de respeito em qualquer esquina que uma mulher desejar ir.

Sejamos todos feministas para assim se ter um mundo melhor, e só por esta razão o livro da Chimamanda merece mais do que a sua leitura, mas a sua atenção e a empatia de se colocar no lugar de cada mulher.


Sejamos todos feministas
Chimamanda Ngozi Adichie
Tradução: Christina Baum
Companhia das Letras
2014 - 87 páginas


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