terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

Escritos Negros: Textos Contemporâneos



Sinopse: Nesta coletânea inédita, seis autores bastante diferentes entre si - compondo um mosaico de temas e nacionalidades - debatem sobre a literatura e derivados no mundo contemporâneo.

Recebi Escritos Negros como mimo na minha assinatura da TAG, como na época tinha assinatura das duas caixas oferecidas por eles, também recebi Uma outra história, que está na famosa pilha de livros a serem lidos.

A primeira coisa a ser dita sobre Escritos Negros: Textos Contemporâneos é que ele não tem um gênero definido. Pois há desde uma conversa transcrita, passando por um conto até os motivos que levaram a ser escritor. Tornando o pequeno livro grande em suas múltiplas faces.

No Brasil, há uma ideologia literária da cor, que incide sobre aquilo que consideramos boa ficção.


Quem abre é Luiz Mauricio Azevedo com o texto As cores da fé, onde ele propõe a discussão sobre a ideologia literária da cor e o fato do que é considerado boa ficção girar em torno da Europa.

E com isso a pouco espaço para os autores negros, onde grandes escritores não possuem seu nome na história literária brasileira, sendo relegados a um segundo plano e dificilmente tendo seus livros entre as leituras obrigatórias de formação.

A leitura foi e continua a ser uma excelente aliada, uma companhia leal a qualquer hora do dia.


A seguir vem o texto sobre a identidade e memória da afro-cubana através da escrita da entre muitas coisas poeta cubana Teresa Cárdenas Angulo, que compartilha não só o seu fascínio pelos livros e as sensações que teve ao aprender ler, até o seu questionamento de onde estavam as garotas negras iguais a ela nas páginas que virava. O que influenciou não só na sua escrita como no encontro da escrita com outras grandes escritoras como Carolina Maria de Jesus e Toni Morrison.

Na sequência tem o conto Filsan da escritora africana Nadifa Mohamed, que já apareceu por aqui com o seu ótimo Menino mamba negra. O texto foi originalmente publicado na revista britânica Granta em 2013 e conta a história da soldada Filsan, que através da sua rotina e questionamentos conduz o leitor as próprias reflexões. 

Filsan ignora suas companheiras assim como a ignoram, mas o que diria a elas se pudesse?


Com a pergunta O que quer um romancista negro, o autor brasileiro Jeferson Tenório faz suas próprias confissões através de várias outras perguntas e respostas pessoais, sobre como sobreviver era a sua prioridade antes de pensar em ser escritor, e o fato de ter sido um leitor tardio ao só ler um livro completo aos 22 anos de idade. Aqui escrita, referências e vivências se misturam em um verdadeiro bate-papo com o leitor.

Outros autores que se fazem presente em uma conversa que envolve a arte e estética negra, e muito mais, são Allan da Rosa e Marcelo D'Salete. Da estética que chama a sensibilidade, das variedades de formas como cada coisa pode ser dita, passando pelas referências literárias - onde novamente aparece a Toni Morrison -, da iniciação no mundo das letras, tudo com as vivências e opiniões dos escritores.

Um romancista quer escrever antes de mais nada. Quer contar uma história.


Quem encerra é a escritora Cidinha da Silva que conta como se tornou escritora, desde as inspirações que vieram de casa com o hábito de contarem histórias, o aprender a ler, as referências que a inspiram e questionamentos sobre as cobranças aos autores negros, além é claro de uma série de referências de autores negros de diferentes regiões.

No final do livro há uma área chamada Saiba mais que faz uma rápida apresentação das pessoas citadas nos textos, auxiliando o leitor a se situar sobre quem é o que dentro de cada contexto.


O que eu achei de Escritos Negros: Textos Contemporâneos

Com exceção do ótimo conto Filsan da autora Nadifa Mohamed, todos os demais textos são de experiências pessoais, o que pode atrair tanto quem deseja conhecer mais dos autores como para quem busca referência de escrita, já que a profissão autor é a base de quase todos.

Eu boto fé que é a estética que nos magnetiza para as obras, é a sensibilidade que nos abre.


O livro pode ser uma grande inspiração para quem deseja tornar a escrita profissão, principalmente para jovens negros que buscam se espelhar em escritores contemporâneos, sejam os que buscam seguir na mesma profissão, seja quem apenas deseja encontrar não só personagens fisicamente parecidos consigo nos livros que forem ler, mas também narrativas próximas da sua realidade.

Era hábito de meus pais, desde que nós éramos muito novos, contar as histórias que haviam vivenciado, as experiências familiares.


Aos leitores gerais é uma oportunidade de conhecer um pouco mais dos escritores, se identificar com alguns na forma como os livros entraram em suas vidas, fazer aumentar aquela lista de livros desejados ou espiar as curiosidades do mundo do mercado literário pela visão de quem fornece o produto.


Escritos Negros: Textos Contemporâneos
Coletânea
TAG - Experiências Literárias
2021 - 143 páginas

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Assinatura integralmente paga pelo autora da resenha.

Um comentário:

  1. Olá, tudo bem?

    Não conhecia o livro ainda, mas depois de seu post fiquei extremamente interessada. O fato de nos fazer conhecer mais dos escritores é bem bacana. Arrasou!

    Beijos!

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