Sinopse: coletânea de clássicos do horror de autores da América Latina organizados por Kailaine Eduarda da Rosa e Laura Viola Hübner que foi enviada aos sócios da TAG no mês de outubro/2023.
Na apresentação do livro com dez contos de autores consagrados e bem conhecidos pelos fãs do gênero, os que chegam espiando pela fechadura são apresentados as diversas qualificações que este realismo latino américa costuma ser apresentado ao grande público: mágico, fantástico e maravilhoso.
Mas não o maravilhoso de belo, com cenas românticas, laços afetuosos, frases motivacionais para colar com o post it. Maravilhoso em seu horror mais humano, pois não estamos falando de vampiros, lobisomens ou seres geneticamente modificados. Mas do que há de mais podre dentro de um ser humano. O que pode tornar a cara mais angelical, o pior monstro encontrado.
Como o sol, o calor e a calma ambiente, também o pai abre seu coração à natureza
Quem abre a coletânea é o escritor uruguaio Horácio Quiroga com O Filho, onde em um dia quente uma criança sai para caçar e não retorna na hora combinada com o seu pai.
A escritora carioca Júlia Lopes de Almeida nos apresenta Os porcos, onde o pai ao saber que a filha estava grávida lhe dá uma surra e promete dar seu neto de alimento aos porcos.
O caso não era novo, nem a espantou, e que ele havia de cumprir a promessa, sabia-o bem.
O também carioca Lima Barreto vem com O cemitério, e uma sequência de pensamentos de um narrador que caminha pelo local.
O argentino Leopoldo Lugones nos conta sobre O homem morto, onde um homem circula por um vilarejo sendo denominado pela população como louco por um único motivo: ele acredita estar morto.
Chegara havia vários meses, sem querer informar sua procedência, e pedindo encarecida e desesperadamente que o considerassem falecido.
Já o maranhense Humberto de Campos narra O juramento feito por um senhor há trinta anos atrás ao se desiludir de amor.
A argentina Juana Manuela Gorriti com o seu Ervas e alfinetes coloca em discussão as crenças em superstições, mais especificamente as maldições, versus a ciência, após a experiência vivenciada por um médico.
Todos desejavam admirar, ou mesmo provar, os efeitos desse poder misterioso, do qual apenas tinham ouvido falar, e que preocupava os ânimos com um sentimento que misturava curiosidade e terror.
E como os autores cariocas dominam o livro de contos, quem segue é João do Rio contando uma história de carnaval em O bebê de tarlatana rosa.
Subindo a América temos o autor mexicano José Juan Tablada e o seu De além-túmulo sobre um encontro há muito esperado na madrugada.
Ao longo das ruas, úmido e frio, arrastava-se um vento de inverno que açoitava o vidro dos lampiões e fazia bruxulear os acendedores de gás.
E como não poderia faltar um dos maiores nomes da literatura brasileira, Machado de Assis vem com A causa secreta e a relação de três personagens cujos boatos percorreram o bairro.
Quem fecha é quem abriu este pequeno mundo de arrepios e calafrios. Sim, Horário Quiroga encerra a coletânea com A galinha degolada, conto que eu já havia lido a quinze anos atrás, e mesmo conhecendo, me provocaram um nó na garganta na releitura.
O que eu achei de Contos de Horror da América Latina
A coletânea possui dez contos curtos que abordam diferente situações dentro do cotidiano dos seus personagens, o que torna a leitura bastante diversificada, não dando ao leitor a sensação de mais do mesmo.
Dos contos que tem o toque do fantástico, passando pelos que parecem história de bêbado e as que me arrepiam só de relembrar por serem muito realizadas e nada impossíveis de acontecer no mundo real.
Em todo o seu aspecto sujo e desvalido, notava-se a absoluta falta de um mínimo cuidado materno.
Em comum todos despertam a curiosidade, o que torna o livro aquele curinga que você pode levar para qualquer lugar e por alguns minutos acessar um mundo paralelo um tanto sombrio.
No geral gostei bastante, como é normal, alguns contos eu amei e outros eu achei meio bobinhos, mas juntos eles conseguiram me dar a dose certa de terror.
Em verdade, o que se passou foi de tal natureza que para fazê-lo entender é preciso remontar à origem da situação.
Ficando a dica para quem gosta do gênero, tem curiosidade em conhecer e claro, para os ratinhos de biblioteca.
Contos de Horror da América Latina
Vários autores
Organização: Kailaine Eduarda da Rosa e Laura Viola Hübner
Tradução: Laura Jahn Scotte
TAG
2023 - 143 páginas
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