terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Anjos e Demônios



Robert Langdon, o professor de simbologia de Harvard que decifrou o Código Da Vince, vive sua primeira aventura um ano antes, em Anjos e Demônios (Dan Brown, 2004, Sextante Editora, 464 p.). A trama começa com o roubo de uma tecnologia, a antimatéria, e a morte de um importante cientista de um dos maiores centros de pesquisa científica do mundo, o CERN. Ele é encontrado sem vida e marcado a fogo com um misterioso símbolo que se podia ler corretamente mesmo de cabeça para baixo. O ambigrama passa a ser a única pista que pode levar ao assassino. E isto precisa ser feito rápido, antes que se acabe a bateria que mantém a antimatéria estável, o que provocaria uma explosão sem precedentes. O símbolo leva Langdon até o Vaticano na véspera do conclave que escolherá o novo papa.

Acompanhado da filha do cientista assassinado e responsável pela tecnologia da antimatéria, Vittoria Vetra, o simbologista acaba por ter de desvendar o Caminho da Iluminação. Um antigo caminho que levava até o esconderijo da fraternidade dos Illuminati, um grupo de pessoas que há cerca de 400 anos, defendia a ciência e, em uma época que tudo era explicado pela religião, desejava a destruição da Igreja Católica. Ao longo deste trajeto eles precisam tentar salvar os Preferiti - os quatro Cardeais favoritos a sucessão do Papa.

Assim como em suas outras obras, Dan Brown consegue prender o leitor do início ao fim com uma narrativa cheia de conspirações, informações sobre religião, ciência e história da arte. E apesar de confundir o leitor quanto ao que é verdade e o que é ficção, ele sabe do que está falando. Ao menos ao citar as obras de arte que aparecem aos montes e nunca de forma monótona. Brown estudou História da Arte na Universidade de Sevilha, Espanha. Quanto a famosa briga entre ciência e religião, ele leva para a obra a antimatéria como forma de questionar a existência de um Deus. Para quem não lembra, os experimentos com a antimatéria existem de verdade e tentam recriar, através da colisão de partículas subatômicas a origem do universo (o Big-Bang). Curiosamente, o CERN conseguiu, em novembro passado, capturar pela primeira vez a antimatéria, mesmo que por menos de um segundo. 

Com personagens marcantes e argumentos de sobra sobre religião e ciência, o autor cria uma imparcialidade de opinião que se reflete muito bem no protagonista da narrativa, já que Langdon, apesar de cético, se interessa muito pelos mistérios da religião. Para criar os opostos, Dan Brown deu vida ao camerlengo Ventresca e ao cientista Kohler. Cada um apresenta razões para se crer em algo. Deus ou a ciência? Ou, quem sabe, os dois juntos.

Para quem viu o filme, o livro em muito se difere e não apenas em espaço para desenrolar a narrativa, já que o filme precisa ser mais sucinto. No filme, personagens deixam de existir ou possuem outros nomes. Tudo, claro, mantendo a essência da narrativa e, por vezes, transformando-a em algo mais perto da realidade. Apesar de a história do livro ser muito verossímil, algumas coisas seriam desacreditadas nas telas do cinema. Como certo salto de helicóptero. Leia o livro, veja o filme. Depois, diga se é verdade a afirmativa: embora sendo artes completamente diferentes, o livro te leva a questionamentos, sorrisos e expectativas que nenhum filme (mesmo com o Tom Hanks) pode superar.

2 comentários:

  1. Li Anjos e Demônios depois do Código e achei a história bem mais interessante. O legal nas histórias do Dan Brown é que apesar da base ser sempre a mesma (corra, professor, corra) ele sempre acrescenta fatos que despertam a curiosidade do leitor e o fazem buscar novas informações.
    Apesar de muito dos entendidos torcerem o nariz, adoro os livros dele.

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  2. Hahaha! Adorei o "Corra, professor, corra!"!!! É bem isto!

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