domingo, 12 de julho de 2015

Moça com Brinco de Pérola

Um livro difícil de resenhar. Assim como uma pintura, me parece difícil encontrar as palavras certas, o início adequado, os adjetivos coerentes para descrever o que senti durante a leitura.

Griet é uma menina. A princípio feliz com a vida que leva, até ser obrigada a sair de casa para ajudar seus pais financeiramente. Contratada como uma criada em um local onde parece ter mais inimigos do que conforto, seu olhar encontra a poesia nas pinturas e no pintor que as produz. 

Em dados momentos, eu parecia sentir mais a dor de suas perdas do que a própria personagem. Envolvida em um amor platônico, começou a ver defeitos fora do que estava na tela. Sua relação com a família passou a ser tão superficial quanto sua vida.

No mundo que parece deslumbrar Griet está à matriarca que administra os poucos bens da família, a esposa insegura que está sempre grávida, uma filha sem caráter, um homem rico que acredita que o seu dinheiro lhe dá direito a tocar intimamente o corpo de uma mulher, um pintor talentoso e calado e o amigo realista.

Do lado de fora estão os pais tristes, um irmão perdido e o açougueiro com seu filho. E o muro que os divide está repleto de mentiras e segredos.

Tracy Chevalier aborda em um livro curto e charmoso a realidade dos anos de 1660, onde religião e diferenças sociais pintam, literalmente, o cenário de uma época, e uma jovem com menos de dezoito anos e sem estudo nenhum ousa opinar pelo que desconhece e vê o destino lhe fazer escolhas, enquanto ela mesma não sabe para onde poderia ir.

Utilizando como pano de fundo a família do pintor holandês Johannes Vermeer, a autora mistura realidade e ficção em um romance que deixa o leitor com um misto de sentimentos e uma curiosidade que não é plenamente saciada. Ao fechar a última página, fica o desejo de mais uma com a certeza de que Griet não quer oferecer nada mais.

Moça com Brinco de Pérola
Girl with a Pearl Earring
Tracy Chevalier
Tradução Beatriz Horta
1999 - 239 páginas

2 comentários:

  1. Vi o filme.
    Não achei nada de excepcional.

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  2. Olá, Liliane.

    Não assisti o filme, confesso ter uma certa resistência em vê-lo, já que o livro é muito mais psicológico do que ação.

    Obrigada pelo comentário.

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