sábado, 17 de março de 2018

Devoção



Em um livro pequeno e rápido, a compositora de uma das minhas músicas favoritas (because the night) descreve o processo de inspiração e a própria história, conectando dois autores que admira e algumas fotos em preto e branco.

Tudo começa em Nova York nos preparativos de sua viagem a Paris. É no voo que o nome da escritora francesa Simone Weil surge pela primeira vez.

Em Paris vamos caminhar com Patti pelas ruas e virtualmente dividir seus cafés, mas é no trem para Londres que ela começa a reescrever um conto em que a personagem principal é inspirada em Simone. E nestas idas e vindas, ela conta o que dispara novas ideias, o que a faz escrever, e eventuais dificuldades de se reconectar em lugares conhecidos.

Em seguida temos o conto Devoção, onde passamos a conhecer mais de perto a jovem Eugenia, a menina que a política tornou órfã, abandonada por uma tia que após quase 16 anos resolve levar a sua própria vida e a paixão pela patinação.

O relacionamento com Alexander, um homem rico e mais velho, surge de uma promessa a ser quebrada pelo sentimento de ciúmes e possessão. Ele dá e ao mesmo tempo tira tudo de Eugenia, terminando de confundir a cabeça da adolescente.

Narrativa simples e fácil de ser acompanhada, onde o foco está no que move os personagens, em um relacionamento marcado pela ausência, carência e subjugar o outro. Eu particularmente senti falta de um algo mais, visto que a personagem tem uma riqueza de conflitos, tornando o final meio óbvio.

O livro se encerra com uma visita a casa de Albert Camus em Lourmarin, onde Patti tem a experiência única de ver o espaço onde um escritor que ela admira criava as suas obras, o que irá trazer emoção e ânsia de escrever.

Devoção é bacana por mostrar parte do processo criativo, da inspiração que surge em qualquer lugar, da história resultante, uma mistura de ficção e autobiografia. Pode ser interessante para quem tem curiosidade no processo da escrita tanto como leitor como escritor.

Devoção
Devotion
Patti Smith
Tradução Caetano W. Galindo
TAG – Companhia das Letras
2017 – 124 páginas

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