sábado, 7 de abril de 2018

Morangos Mofados



Sinopse: Conforme Heloisa Buarque de Holanda "Os contos de Morangos Mofados mostram a fé fundamental que iluminou o projeto libertário da contracultura. A fé que orientou o sonho cujo primeiro impulso vem dos 'rebeldes sem causa' de Elvis e Dean; que se define em seguida com a 'grande recusa' da sociedade tecnocrática pelo flower power ao som dos Beatles e dos Rolling Stones; e que ganha, de forma inesperada, uma nova e mágica força no momento em que Lennon declara drasticamente: o sonho acabou."

Um dos livros de maior sucesso do escritor gaúcho Caio Fernando Abreu, Morangos Mofados são contos divididos em três etapas, finalizando com uma carta onde o escritor conta o seu processo de criação.

Mas vamos por partes.

A versão que eu li é revisada, onde o próprio Caio acredita ter obtido um resultado mais limpo. A introdução é de Heloisa Buarque de Holanda e a dedicatória a vivos e mortos, até chegar à primeira etapa: O Mofo.

O Mofo começa com uma DR (discutir o relacionamento), que como todas está destinada a chegar a lugar algum. A seguir temos um conto com trilha sonora, no título já é solicitado que para embarcar na viagem delirante de referências musicais e religiosas é preciso ouvir Ângela Ro-Ro.

A primeira etapa também tem referências astrológicas, melancolia, solidão e morte, esta última forte e presente em diversos pontos e contos. Como um espelho onde o mofo dos morangos refletissem a decomposição da carne humana.

Morangos é aberto com a necessidade de mudança, passando por referências ao período da ditadura (lembrando que o primeiro lançamento da obra foi 1982). Dedicado a Maria Adelaide Amaral estão duas moças se descrevendo em uma narrativa em primeira pessoa, onde a futilidade pode enganar. Referências a antigas brincadeiras de infância, sonhos e desejos de liberdade, drogas e rock and roll.

E claro, a junção dos dois em um último conto onde a música de Lenon e McCartney entram em sua cabeça e não saem mais.

Sem entregar nenhuma história pode-se dizer que não são contos para se distrair. Eles são psicológicos, filosóficos, musicais, lunáticos. Exigem atenção, carinho, um momento para entrar na realidade de outra época, onde a liberdade era vigiada e as palavras controladas.

O final é a intimidade do autor em uma carta que revela como ele escreveu o livro e suas impressões. Um momento raro em que acompanhamos as emoções e processos, saudades e necessidades.

Morangos Mofados
Caio Fernando Abreu
Editora Agir
2005 – 158 páginas

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