Sinopse: Nunca tive vergonha do meu corpo, embora meus dois irmãos achassem que eu deveria ter. Andava apenas de calcinha ou mesmo despida dentro de casa, até meus peitos crescerem tanto que se tornou impossível lavar a louça do almoço sem que eles mergulhassem na pia cheia de detergente. Foi quando meu pai pediu que minha mãe esclarecesse para mim as diferenças entre meninos e meninas, e então meu busto foi encarceirado para toda a eternidade em grandes sutiãs de bojo acolchoado que ela mesma comprava, muitas vezes em lojas de gestante, para que eu me sentisse mais confortável.
Uma pitada de ironia, dois pé de humor, duas gotas de simplicidade, um frasco de fluidez e temos neste caldeirão, digo, neste livro, diversão certa.
Já na contracapa temos uma ideia do que é a vida de Jucianara, que nos informa já no início que a feiura da mulher começa no nome, como se os pais seguissem um instinto. Para os que já estão horrorizados neste segundo parágrafo, informo o aviso dado pela própria Claudia Tajes: A mulher feia não é apenas uma deformação da estética. A mulher feia é um estado de espírito.
Em uma leitura muito rápida Ju irá dividir com o leitor suas teses, seus primeiros amores desde a pré-escola, passando pelas suas primeiras vezes até o fato de deixar ser subjugada. Aliás, o machismo é bastante presente na vida de Ju, começando em casa com seu pai e seus irmãos e sendo aceito nos homens que vem a conhecer.
Ju nos mostra o lado mais extremo da baixo autoestima. O aceitar qualquer coisa, como se não merecesse nada de bom. Sua turma de amigos classificada como os excluídos. Só que no lugar de ser melancólico e dramático, as situações colocadas são exageradas e engraçadas. Levando-te a gargalhadas reflexivas, afinal, com pouquíssimas exceções, qual mulher não se sentiu feia pelo menos uma vez? Qual mulher não fez uma escolha errada? E atire a primeira pedra quem nunca teve uma diarreia mental pelo homem errado?
Usando a palavra da moda, um livro que mostra que independente dos adjetivos utilizados para definir uma mulher, todas, independente da idade, podem se empoderar e viver plenamente.
A Vida Sexual da Mulher Feia
Claudia Tajes
Editora Agir
2005 – 133 páginas
Outros livros da escritora no blog:
Só as mulheres e as baratas sobreviverão
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