sábado, 5 de maio de 2018

The Underground Railroad



Sinopse: Cora é uma escrava em uma plantação de algodão da Geórgia, na década de 1800. Ela não conhece outra vida, mas diferentemente de seus companheiros, ela ousa sonhar com a liberdade. Quando Caesar, um escravo recém-chegado da Virgínia, conta a ela sobre o caminho de fuga do sul para o norte do país, eles decidem correr o risco.

Desde os primórdios da humanidade existe uma necessidade de subjugar o outro. Os motivos para justificar o injustificável passam pela religião, cor, origem, gênero, classe econômica e qualquer outra coisa que convir a quem buscar uma forma de poder.

Neste livro somos apresentados a Cora, que tinha avó e mãe. Que nasceu escrava e fugiu. Em um primeiro momento pensei que ela se tratava de uma mulher humana, onde o medo e a coragem disputam espaço. Mas ao fechar o livro me dei conta que ela era nada mais, nada menos que a própria escravidão dos negros em território norte-americano.

E essa escravidão que se apresenta como Cora leva o leitor por diferentes estados através de uma ferrovia subterrânea, onde trens novos e velhos circulavam levando os seus passageiros de encontro à esperança. Na vida real, Underground Railroad era a expressão utilizada para definir a rede clandestina de abolicionistas para esconderijos e assistência aos escravos fugitivos (Revista Tag, Abril 2018) que na imaginação do escritor Colson Whitehead virou o fio condutor de uma história pesada, triste e inesquecível.

A dor está em cada surra, em cada disputa seja com brancos ou pessoas de sua própria cor. Está na esterilização na tentativa de eliminar uma raça como se fosse uma praga. Está na morte dos que tentam ajudar. Em famílias separadas, estupros e corpos roubados. Não há clemência na ignorância.

A tristeza está nas mágoas, no desconhecimento, na saudade, de ver a esperança ir embora sem olhar para trás. Como lutar quando o oponente parece tão forte, se multiplicando e reaparecendo na sua vida toda vez que surge a oportunidade de recomeçar?

Inesquecível porque vivemos em ciclos, e de tempos em tempos surge alguém apontando o dedo em alguma direção, criando atritos desnecessários, fazendo surgir confrontos que separam amigos, povos e países. Até o sangue escorrer e novamente alguém sofrer pelo desejo de poder de outro igual aos que sofrem.

Em determinados momentos outros personagens dialogam por breves momentos, sejam para complementar uma realidade não mostrada por Cora, seja para elucidar pontos que a personagem desconhece. Alguns leitores podem achar desnecessários estes capítulos, mas no caso de Mabel, mãe de Cora, haveria protestos se ela não se pronunciasse.

Um livro para pensar, criar as próprias metáforas e quem sabe avaliar o mundo atual e qual a nossa participação em todo esse caos.

The Underground Railroad 
Os Caminhos para a Liberdade
Colson Whitehead
Tradução Caroline Chang
TAG – Harper Collins
2017 – 318 páginas

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