quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

O Jardim de Bronze

 


Sinopse: Dizem que a vida de um homem pode mudar em um único segundo. É exatamente isso o que acontece com o arquiteto Fabián Danubio quando Moira, sua filha de quatro anos, desaparece sem deixar vestígios. A partir disso, inicia-se um pesadelo que atormenta o protagonista por anos. O choque e a esperança iniciais são, aos poucos, substituídos pelo silêncio e pela impotência à medida que o tempo passa e a menina não é encontrada. Ainda assim, em uma Buenos Aires nostálgicas e tomada por policiais corruptos, o desespero se torna o combustível que mantém Fabián vivo. Ele conta com a ajuda de um excêntrico e talentoso detetive particular, que está disposto a desvendar os mistérios e segredos por trás do desaparecimento de Moira.

Como comentei no post do livro da Curadoria, Novembro foi o mês da literatura latino-americana para os associados da TAG. No caso da TAG Inéditos, o livro enviado foi o thriller que inspirou a série de mesmo nome na HBO: O Jardim de Bronze do escritor argentino Gustavo Malajovich. Os mimos também foram uma revista passatempo literária e adesivo.

A história tem início em 1987, quando Ivan nos conta que teve que matar o próprio pai. Ele divaga sobre o seu dia, nos fala o nome de algumas pessoas e pensa para onde o homem foi após morrer. Logo após há um salto no tempo e o leitor é levado para 1999, quando somos apresentados para Fabián, Lila e Moira.


Mais adiante, Fabián ia se lembrar muitas vezes dessa situação, pensando em todos os sinais que não conseguiu ver.


Logo de início é possível perceber que a relação de Fabián e Lila está se equilibrando em uma linha muito fina após sete anos de convivência. Ele um arquiteto, ela depressiva dentro de casa. Entre cobranças diretas e cruéis, as vezes sussurradas e outras levadas a violência física, a pequena Moira de quatro anos é o que parece manter as ligações desta família.

Mas um dia a menina some junto com a babá, uma imigrante peruana que a trata com carinho, e toda a rotina se quebra na vida do casal. O retorno da polícia é nulo, e quanto mais o tempo passa, menos esperança de encontrar a menina com vida. Questionamentos são feitos a família, e no vazio das respostas só resta o desespero.

Tudo passa a mudar para Fabián e para o leitor quando Doberti, um detetive particular, oferece os seus serviços. A forma de pagamento é a recompensa oferecida pelo governo para quem fornecer pistas das duas desaparecidas. E é esse personagem carismático que trará a ação em meio ao marasmo.


E ali Lila recuava em seu posicionamento de forma notável, e dizia que se sentia sem forças, mas que não queria se separar, porque para Moira seria terrível, et cetera, et cetera.


Malajovich mescla a narrativa em terceira pessoa com a primeira pessoa, utilizando neste caso um diário, para ir colocando o leitor dentro do seu mundo, que é dividido em cinco partes, cada um com seu próprio título e período de tempo. Mesclando assim a história de vida de Fabián com cenas de ação em um grande quebra-cabeça que tem como pano de fundo a bela cidade de Buenos Aires.

Aliás, o escritor explora muito bem a cidade, nos dando a sensação de estar caminhando pelas suas ruas, observando os seus prédios, andando em seus museus ou simplesmente sentado em seus parques, tornando Buenos Aires parte essencial da história.


Em dois canais a cabo, viu o anúncio de busca de Moira, mas até os noticiários já quase não falavam mais do assunto.


Somado a isso está a burocracia policial, que parece correr atrás do próprio rabo, a visão que os personagens possuem dos imigrantes, e um machismo latente dos principais personagens masculinos da história. Aliás, as mulheres na história são apenas coadjuvantes, não sabemos em momento algum o que Lila pensa ou sente, podendo deduzir apenas pelos seus atos.

Tentando expressar a minha opinião sem entregar o enredo, confesso que achei a história um pouco arrastada, embora entenda isso como um recurso para fazer o leitor sentir como o tempo estava passando para Fabián quando não havia nenhuma nova pista a seguir. 


Você já sabe que um detetive neste país não tem nada de heroico nem de romântico.


Logo no início da leitura fui tomada de uma agonia, me imaginando na mesma situação do casal, o que torna inimaginável o desespero. Ao passar das páginas fui criando e confirmando teorias, já que as pistas estão distribuídas ao longo da história, mas isso não impediu de eu ser realmente surpreendida no final.

Para quem curte histórias de suspense e policial, o livro realmente possuí todos os requisitos para atender este perfil de público. Eu particularmente gostei, não digo que amei, mas com certeza ativou o meu lado investigativo durante toda a leitura.


O Jardim de Bronze
El jardín de bronce
Gustavo Malajovich
Tradução: Aline Canejo
TAG - Globo Livros
2012 - 445 páginas

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