Eu estudava no Instituto de Educação do Paraná, em Curitiba, quando uma das professoras de português pediu para que a turma lesse o livro O Estudante da autora Adelaide Carraro. Ainda lembro da cara de espanto da minha mãe, que exigiu realizar a primeira leitura, visto que só tinha conhecimento das obras adultas de Adelaide.
Roberto é um menino de 15 anos que vê a família ser consumida por uma tragédia e as primeiras páginas relatam o encontro com a escritora, quando ele busca uma forma de prosseguir em meio à dor e para ela entrega uma carta, que se torna a narrativa do livro.
Descrita como uma estória real, logo de início o leitor irá saber que Roberto teve o irmão morto pelo próprio pai. O suficiente para atiçar a curiosidade e seguir com a leitura. O retorno ao passado vem como uma nuvem cor-de-rosa, Renato é o menino perfeito: bonito, inteligente, amado por todos. A casa em que a família Lopes Mascarenhas vive é linda, eles são ricos e felizes.
O grande ponto do livro, que o fez virar uma leitura obrigatória entre os jovens está em um comprimido para dor de cabeça. Das medalhas para o caixão, o livro conduz muito bem a decadência do menino de ouro quando se envolve com as drogas, a mudança da nuvem de rosa para um mundo cinza, cheia de monstros e dor. A dificuldade e demora em ver o que está acontecendo. O rompimento do diálogo. Ações inesperadas. Uma família sendo despedaçada, como muitas são todos os dias independente da classe social por um mesmo motivo: drogas.
Mesmo tendo sido escrito em 1975 o livro é um alerta, que mostra gradativamente o poder das drogas em destruir vidas. Um lembrete do antigo conselho de não aceitar nada de estranhos, ou utilizar alguma droga só porque os amigos também usam. A dificuldade dos pais verem, compreenderem e até mesmo aceitarem. E o principal, que elas não distinguem classe social, cor, idade, escolaridade... as reações, sensações e dependência são as mesmas para todos.
Fica a sugestão para os leitores jovens e seus pais. Ele pode ser a porta para conversar sobre um assunto tão espinhoso, mas necessário para que outras crianças/adolescentes não tenham o mesmo fim.
O Estudante
Adelaide Carraro
Editora Global
1975 – 127 páginas
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