quinta-feira, 2 de abril de 2020

Foi Apenas um Sonho



Sinopse: Foi Apenas um Sonho conta a história de Frank e April Wheeler, um casal talentoso e jovem que, ao se mudar para uma casa no subúrbio de Nova York, acredita ter toda a vida diante de si, e que o sucesso há de chegar a qualquer momento. Mas, à medida que os anos passam, eles vão mergulhando num mundo de intrigas e frustrações, e só uma grande guinada poderá alterar seu destino.

Publicado em 1961, Richard Yates conta a história de um jovem casal classe média americano. Ele trabalha na mesma empresa que o seu pai trabalhou, em um grande edifício na cidade de Nova York, ela é dona de casa e cuida dos dois filhos do casal em um típico bairro do subúrbio, onde para chegar a Big Apple é necessário pegar uma balsa.

De fora aparentam ser um casal perfeito vivendo uma rotina, mas dentro das paredes ocorrem explosões, são brigas que afetam até mesmo as crianças, que parecem acostumadas com a gritaria. Muitas destas discussões também possuem agressões físicas por parte de Frank, o que me despertou forte antipatia.

Nos bastidores, amontoados e na escuta, os demais integrantes da trupe sentiram por ela um amor súbito.

Aos poucos os leitores são apresentados as rachaduras deste casamento, cujo relacionamento foi totalmente transformado com a primeira gravidez. Frank que parecia ter um grande potencial, vive o marasmo do dia-a-dia fazendo de conta que trabalha e flertando com a colega de trabalho.

Mas se Frank já se habituou ao marasmo, April parece sentir o copo encher após participar de uma peça de teatro, onde inicialmente brilhava, mas foi perdendo a força após cada ato e troca de diálogos desencontrados. O resultado disso foi uma briga recheada de ofensas e uma ideia de April: se mudarem para a Europa.

Ela não fugiria dele agora, e não havia a menor chance de ele voltar a explodir de raiva; estavam os dois exaustos.

Só que para um plano se realizar é necessário manter segredo sobre ele, e ao tornar público a roda do destino volta a girar, levando April e o leitor a situações limites.

Narrado em terceira pessoa, a história é dividida em três partes, e nos situa no ano de 1955, onde todos possuem segredos sob sua aparência, como é possível ver nos breves relatos do casal de amigos e da corretora de imóveis que mora na vizinhança. Sua narrativa é clara, e o seu desfecho vai sendo construído ao longo de cada parte, quando as facetas, junto com o passado do casal principal vão pouco a pouco sendo desvendadas.

Era o seu suplício diário, iluminado, seco, a sua cota particular de tédio.

O papel da mulher ainda é secundário, embora elas mantenham a ordem e muitas vezes definam caminhos. As relações um tanto superficiais, deixam claro que April não tem com quem realizar troca de confidências, sua confiança era limitada a deixar os filhos na casa do único casal de amigos que ela tinha.

Em relação a Frank, não consegui ganhar simpatia por ele, a sua malandragem canalha incomoda, mostrando um homem extremamente insensível, egoísta e narcisista. Nem mesmo suas lembranças e potencial conseguiram me fazer ter empatia por este personagem, por mais perdido que ele fosse na realidade.

Mas, depois da interrupção, a voz de April não voltou a lhe falar.

Uma história sobre relações, comodismo, orgulho, chantagem emocional, desespero e esperança. Cujo ritmo é como um trem, que começa devagar e vai ganhando intensidade conforme a história nos abre novas portas. E é isso que faz a história interessante e faz valer a pena a leitura.

Existe uma versão cinematográfica com a Kate Winslet e o Leonardo DiCaprio no papel de April e Frank, não assisti ainda, mas fiquei curiosa para saber como a história foi transportada para a tela.


Foi apenas um Sonho (Rua da Revolução)
Revolution Road
Richard Yates
Tradução: José Roberto O’Shea
Editora Alfaguara
1961 - 306

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