Sinopse: Astrid Strick tem 68 anos e vive uma vida aparentemente perfeita. Porém, seu caçula desistiu da promissora carreira de ator. Sua filha do meio, com quase quarenta anos, decidiu engravidar a partir de uma produção independente. E o mais velho vive de acordo com regras impostas pela preocupação com as aparências. Mas quem decide, após tantos anos, quais erros realmente importam? Quais desculpas precisam ser pedidas? À medida que enfrenta os enganos do passado, Astrid começa a perceber que não é a única a esconder segredos e que todos à sua volta estão tentando entender quem são.
No mês de junho recebi da minha assinatura da TAG Inéditos o livro Somos todos adultos aqui da escritora norte-americana Emma Straub. O mimo foram porta-retratos em imã, que eu já usei e por isso não aparecem na foto, e 50 fotos impressas em uma parceria com a Foto Registro.
Em um dia normal de sua rotina, Astrid assiste de dentro de seu carro outra moradora, Barbara Baker, morrer após ser atropelada por um ônibus escolar que estava vazio e em alta velocidade. O contato inesperado com a morte neste dia irá mexer com ela de uma forma irreversível, como até agora ainda não havia acontecido.
A lavagem profissional do cabelo era uma herança da geração da mãe dela, uma afetação que a própria mãe não havia adotado, e, no entanto, aqui estava.
Ela ficou viúva quando os três filhos entravam na vida adulta, considerada fria e prática em seu círculo mais íntimo, aos 68 anos ela irá surpreender a todos ao assumir o seu relacionamento com outra mulher, Birdie, o que vai gerar reações bem diferentes dentro da família.
Elliot é o filho mais velho, por ter sido visto beijando um amigo na adolescência pela falecida Barbara, sua mãe evitava a outra mulher. Na vida adulta não tem grandes demonstração de afeto, casado com Wendy, praticamente foge de ajudar nos cuidados dos gêmeos de três anos. Guarda muitas mágoas da mãe por essa ter duvidado da sua capacidade profissional.
Qual é o sentido de ter filhos se você se livra deles antes mesmo de eles terem algo interessante para dizer?
A única filha e a do meio entre os três é Porter, uma mulher de quase quarenta anos que sabe administrar muito bem a sua vida profissional, mas na pessoal ainda parece uma adolescente, inclusive agindo como uma. Não tendo possibilidades de ter filhos com o homem que acredita amar, pois este é casado, acaba optando por uma produção independente.
O caçula é Nick, um ex-ator que prefere viver longe da mãe, casado com uma francesa e com um estilo de vida diferente dos irmãos, é o pai de Cecelia, atual razão para todas as suas inseguranças, a ponto de no primeiro problema envolvendo a filha na escola, invés de defende-la ele a envia para morar com a avó Astrid.
Aquilo era romance ou codependência, a necessidade esmagadora da outra pessoa para poder voltar ao eixo?
Cecelia tem apenas treze anos e sempre busca fazer o que é certo, o que acaba eventualmente colocando-a em problemas com os grupos de meninas mais populares. Na nova cidade ela faz amizade com August Robin, um menino que se identifica como menina, mas só consegue ser ele mesmo em um acampamento de férias e junto de seus pais, que apoiam tudo com muito carinho.
Tudo isso em uma fictícia e utópica cidade pequena, que ficaria próxima a New York, com moradores que seguem todas as regras, protegem o comercio local, é muito segura e LGBTQIA+ friendly. O que me faz pensar que não foi coincidência o envio do livro no mês de junho.
Havia pessoas na escola que ele conseguia tolerar, pessoas para quem podia ligar para falar do dever de casa se estivesse doente, mas não eram amigos dele.
Se me perguntassem que definição sucinta eu daria para Somos todos adultos aqui, eu responderia que é uma DR - discussão de relacionamento - generalizada realizada com muito respeito. Principalmente no que se refere ao relacionamento pais e filhos, já que temos diferentes perfis, o que torna o conjunto de laços, mágoas, histórias e culpas bem distintas.
Do apoio total a relacionamentos egoístas, a criação acaba ecoando nos relacionamentos íntimos, na forma como o parceiro é tratado, dos sonhos que são abandonados, do que se permita que se faça.
Estava tentando ser o tipo de mulher que gostaria de ter como mãe - instruída, mente aberta, esse tipo de coisa.
E naturalmente, com tanta discussão vindo à tona, acabam vindo reflexões anteriores, que vão mudando o que se é agora, indo do aspecto físico ao comportamental. A diferença entre o que se quer e o que se é também acaba indo para a berlinda, permitindo assim uma evolução de cada um, como encarar os próprios segredos e hipocrisias.
A narrativa fluída em terceira pessoa vai mudando o foco do personagem a cada capítulo, embora creio poder dizer que o centro da trama é Astrid, que não só dispara a faísca dentro da família como é quem vai guiando as relações.
Essa era a pior parte de ser adulta, entender que não havia justiça no mundo, nenhuma mão invisível na brincadeira do copo.
E apesar de toda a DR, o livro não é pesado, mas um passeio pela vida adulta, pelas diferenças de gerações, podendo ou não trazer à tona os próprios fantasmas do leitor, conforme sua história de vida. Uma história bacana para ler com uma caneca de chá ou de vinho, se deixando levar pela família Strick.
Somos Todos Adultos Aqui
All Adults Here
Emma Straub
Tradução: Camila Von Holdefer
TAG Inéditos - Harper Collins
2019 - 350 páginas
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Lendo a resenha entendi que as vezes em nossa vida de repente acontece coisas inesperadas, e também deixamos de tomar decisões por causa dos filhos, como aconteceu com Astrid Strick, gostei muito do livro que traz reflexóes, bjs.
ResponderExcluirMe parece muito interessante! A vida da personagem Astrid Strick é como a de muitas mulheres que só na terceira idade, com os filhos criados, se permitem a viver novas experiências.
ResponderExcluiroi
ResponderExcluirEu adorei a resenha, a historia é bem interessante. Fiquei bem curiosa para conhecer a historia de Astrid
muito bom a reflexão desse livro, nos faz repensar sobre muitas coisas! amei
ResponderExcluirOlá Andrea, tudo bem?
ResponderExcluirNão conhecia a obra, mas acho que iria amar me envolver com suas páginas. Eu gosto bastante de livros que trazem essa DR entre várias pessoas de uma família e ver esses conflitos entre gerações também. Já fiquei aqui desejando!
Beijos!
Muito bacana um livro que traga tantas questões da vida adulta né, a vida é inteira uma grande descoberta seja com 18 ou 68 como a Astrid tem, a relação entre pais e filhos tem uma peculiaridade em cada família mesmo.
ResponderExcluirAdorei a dica e a resenha, Astrid Strick parece ser uma personagem muito interessante.
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