Sinopse: Glasgow, 1981. A cidade está morrendo. A pobreza, aumentando. A esperança, desaparecendo. Agnes Bain sempre esperou por mais. Ela sonhava com coisas grandiosas: uma casa com entrada particular, uma vida confortável. Quando seu segundo marido, um taxista mulherengo, sai de casa, ela e os três filhos se veem presos em uma cidade mineradora dizimada pela política da então primeira-ministra Margaret Thatcher. Enquanto Agnes se entrega cada vez mais ao álcool em busca de conforto, seus filhos tentam salvá-la. Porém, um a um, vão desistindo porque precisam salvar a si mesmos.
No mês de outubro/21 recebi pela minha assinatura da intrínsecos o livro premiado em 2020 pelo Booker Prize A história de Shuggie Bain, onde o autor escocês Douglas Stuart mistura ficção e vivências pessoais em um livro pesado e intenso. O mimo foi um caderno de memórias que eu achei meio bobo, mas como vira e mexe tem livro extra na caixa, eu nem me importo.
Na cidade de Glasgow, na Escócia, Wullie e Lizzie mimaram sua única filha Agnes, dando a ela o que eles não tiveram. E a garota cresceu sempre querendo mais, a ponto de arrancar todos os dentes naturais e troca-los por uma dentadura de dentes perfeitos.
Seu primeiro casamento foi com um católico que trocava os bares na sexta por um retorno cedo para casa, onde entregava todo o seu salário para a esposa, algo que o tornava fraco na visão de Agnes. Com ele teve dois filhos, Catherine e Leek, e poderia se dizer que tinha uma vida confortável.
Naquela manhã a mente o abandonara e deixara seu corpo vagando lá embaixo.
Mas isso não foi o suficiente para Agnes, que trocou sua vida estável por um taxista protestante e mulherengo chamado Shug, que por falta de uma boa situação financeira a fez retornar junto com o novo parceiro para a casa dos pais, onde tiveram um terceiro filho chamado Hugh, mais conhecido como Shuggie, personagem que dá nome ao título do livro.
Como não existe nada que não possa piorar, Shug se cansa das bebedeiras e cenas da esposa, mas como ainda a considera muito bonita e não deseja que outros homens se aproximem, larga Agnes e as três crianças em um bairro afastado de tudo, um lugar que já teve dias melhores antes da mineradora que empregava os homens da região entrar em decadência.
Queria sentir um pouco da inveja de estranhos, dançar com homens que a conduziam com orgulho e intimidade.
E enquanto a mãe se afunda ainda mais no alcoolismo e os irmãos mais velhos buscam uma forma de fugirem dali, Shuggie precisa cuidar dela enquanto enfrenta bullyng e abusos físicos e psicológicos.
Douglas Stuart nos apresenta uma Glasgow em pedaços nos anos de 1981 a 1992, a crise econômica impacta em um grande desemprego e não raro a população se apega as bebidas, gerando situações de alcoolismo generalizado nas regiões mais pobres.
Ficara orgulhoso ao ver o filho enfileirando as mulheres e soletrar o nome de cada uma delas foneticamente.
Na casa de Agnes não é raro faltar comida e ter latas de cerveja escondidas pela casa. O que a faz ter relacionamentos abusivos, onde o egoísmo e machismo dos homens sobressaem as suas próprias vontades e em relação aos seus filhos, que crescem abandonados a sua própria sorte.
E quem aparentemente mais sofre este impacto é justamente Shuggie, que tenta protege-la enquanto ele mesmo é violado de diferentes formas. Sendo perseguido pela sua maneira mais educada e feminina, como se isso o transformasse em um alvo ambulante. Trazendo a tona novamente a maldade infantil com o que é diferente e uma questão já antiga que questiona quem é que disse que todas as crianças são inocentes?
Era a cara que os cachorros protestantes sempre tinham, como se fossem muito amados, muito bem alimentados, o centro das próprias vidas.
E é realmente complicado cobrar inocência em meio a pobreza, a sujeira, a mesquinharia, o abandono e o vício. Pois os papeis de vítima tanto dentro de casa quanto na rua se alternam o tempo todo, assim como os discursos que vão do machismo, da disputa entre protestante x católicos aqui representados por dois times de futebol - Celtic e Rangers que possuem o título de maior rivalidade do mundo -, além das falas cheias de preconceito com qualquer um que foge do estereótipo padrão.
Cenário que pode chocar os mais incautos já que se trata de uma visão muito diferente que se tem da Europa e baseado em fatos reais, já que todas as empresas fechadas, todo o desamparo social, realmente aconteceram durante o governo da primeira-ministra Margareth Thatcher quando administrava o Reino Unido com sua mão de ferro.
Depois rezou para Deus torná-lo normal como presente de aniversário.
Finalizei a leitura com o coração apertado, pois não foram raras as vezes que senti vontade de abraçar as crianças e jovens que pelas páginas caminharam perdidos em busca de melhores expectativas.
Mas esta nuvem de tempestades que parece contrastar com o belo tom escolhido para a capa do livro não me impediram de gostar, e muito, da escrita do Douglas Stuart e de sua A história de Shuggie Bain. Ficando a indicação de leitura, principalmente para quem gosta de livros mais tensos.
A história de Shuggie Bain
Shuggie Bain
Douglas Stuart
Tradução: Débora Lansberg
intrínseca
2020 - 528 páginas
Esta resenha não é patrocinada, a assinatura do clube citado é pago integralmente pela autora.
O livro tem uma história emocionante, que comove muito, é muito triste viver na pobreza, esse livro nos ensina muito, bjs.
ResponderExcluiroi!
ResponderExcluirEu adorei a sugestão, não conhecia Shuggie Bain é uma historia que nós faz refletir...
Verdade certos ambientes são difíceis de criar coisas boas
ResponderExcluirAbraços,
Alécia, do Blog ArroJada Mix
Parece ser um livro muito bom para reflexão, gosto de livros que falem sobre as realidades que muitas vezes passam desapercebidas por mim ... Valeu pela dica!
ResponderExcluirAdoro leituras que nos trazem reflexão e sentimentos como empatia.Adorei a abordagem sobre o livro nesta resenha,vou procurar conhecer a obra e o leitor mais profundamente.
ResponderExcluirOlá, tudo bem?
ResponderExcluirNão conhecia esse livro, mas gostei bastante da premissa dessa obra, que tem tudo para me conquistar muito facilmente. Esses livros tensos também são bem positivos para mim. Dica mais do que anotada!
Beijos!