terça-feira, 10 de agosto de 2021

Susan não quer saber do amor


Sinopse: Ninguém mais sabe como lidar com Susan Green. A família tem dificuldade com seu jeito arredio e os amigos não conseguem entendê-la. Para Susan, no entanto, só importa que tudo esteja funcionando adequadamente . O que ela não imaginava era que precisaria administrar ao mesmo tempo a morte da mãe, uma batalha judicial contra o irmão e uma gravidez inesperada. Pelo visto, perder o controle vai ser só o início dessa jornada.

Em junho/21 recebi da minha assinatura da intrínsecos o primeiro livro da escritora inglesa Sarah Haywood que já teve os direitos comprados para virar filme na Netflix. De mimo veio o jogo Torre, que virou divertimento da minha filha aqui em casa.


Não sou o tipo de mulher que guarda rancor, fica remoendo problemas ou questionando os motivos de outras pessoas agirem da forma que agem.


Susan não gosta de jogar conversa fora, é bem objetiva em suas respostas, está sempre procurando aumentar a produtividade, não gosta que toquem nela, tem uma coleção de cactos e muito menos quer dividir o seu teto com alguém. Formada em direito, optou por um emprego estável de analista de dados para não ter que ouvir as histórias alheias. Possui um relacionamento com um cara, onde se encontram uma vez por semana em locais impessoais, completando o controle total que sente da sua vida aos 45 anos.

Mas em um mês de agosto o seu mundo controlado e metódico começa a apresentar rachaduras, uma gravidez inesperada, o falecimento da sua mãe e a surpresa de um testamento que deixa a casa em usufruto para o irmão irresponsável, que irá abrir a caixa de segredos familiares.


Talvez essa sensação fosse fruto da minha fobia quase patológica à vida suburbana, a sua mediocridade sedutora e a impressionante obsessão com o mundano.


E a partir daí mês a mês, acompanhamos os acontecimentos se desenrolarem na vida de Susan, e se inicialmente ela nos causa estranhamento, aos poucos situações passadas e atuais nos mostram a razão pela qual ela não confia em ninguém e não quer depender de ninguém.

Seu pai era alcoólatra, sua mãe tinha uma clara preferência pelo filho caçula, sua tia é superficial, seu irmão gosta de coloca-la nas piores situações possíveis e suas primas só contribuem para todo o desgaste. Somado a isso ela passou por bullying na escola e um fim de relacionamento traumático. Só que no lugar de ficar se lamentando, ela construiu a própria armadura, o que resultou em evitar qualquer contato pessoal demais com os que estão à sua volta.


E, de qualquer modo, disse a mim mesma, eu era forte, já tinha prática em me manter distante do que estava acontecendo ao meu redor e de sufocar qualquer reação emocional a isso.


A primeira coisa que eu devo dizer é que o título escolhido para a tradução em português, que não tem nada a ver com o original, engana. Não se trata de uma história romântica, onde uma fria heroína é conquistada por um herói que irá modifica-la completamente.

Não. É um livro sobre relações. Sobre como o impacto que as convivências familiares em uma criança irão ecoar em sua vida durante um período muito longo, moldando suas atitudes, personalidade, visão de mundo e relacionamentos na vida adulta. E principalmente, o quão difícil e surpreendente é derrubar todas as barreiras construídas após anos de mágoas.


Se eu decidisse negar na presença do pai, seria possível que a criança se ressentisse de mim por isso quando crescesse, apesar da minha justificativa de que desejava preservar minha independência?


Só que ao contrário do que se possa imaginar, a escritora Sarah Haywood conseguiu dar leveza nesta história, me fazendo dar boas gargalhadas em algumas partes, já que Susan tem uma língua bastante afiada e uma dose de ironia que a tornam uma personagem muito interessante.

Além disso a escrita de Sarah é fluída, ao dividir em meses a história, ela vai desenvolvendo e resolvendo os acontecimentos, em um ritmo que torna a leitura rápida e ao mesmo tempo incentiva a não parar de acompanhar a personagem. Deixando até mesmo uma saudade ao finalizar a história de Susan.


Mamãe sempre tratou os meus feitos e conquistas com uma aprovação moderada e desinteressada, e as minhas decepções, com pesar igualmente moderado e desinteressado.


E os personagens secundários são ótimos, como a sua vizinha Kate, que após o divórcio se aproxima de Susan, trazendo de bônus seus dois filhos pequenos. O agente duplo Rob, amigo de seu irmão, que acaba fazendo o papel de intermediário e se tornando próximo dela também. De sua única e super sincera amiga Brigid, cujas conversas não possuem melindros. 

Não poderia deixar de falar de Edward, o irmão imaturo que não nos faz discordar das opiniões de Susan, nem das primas gêmeas, que são o tipo de parente que exigem uma dose extra de paciência.


A menina foi incapaz de aceitar sua responsabilidade pela situação em que se encontrava e não parou de reclamar de fome.


Também não foram raras as vezes que imaginei os cuspes lhe caindo na testa após ela discursar como seria a criação de seu bebê. Afinal, quem já é mãe, sabe que a teoria foge e muito da experiência prática.

Um livro que me surpreendeu positivamente, cuja história é bem diferente do que o título insinua, afinal, Susan se tornou distante justamente pela falta de amor, algo que, como todos nós, ela queria, mas simplesmente havia cansado de se magoar. 

Susan não quer saber do amor
The Cactus
Sarah Haywood
Tradução: Ana Rodrigues
intrínseca
2018 - 335 páginas

Esta resenha não é patrocinada, a assinatura do clube citado é pago integralmente pela autora.

8 comentários:

  1. Sou um pouco como Susan bem objetiva e não goste de toque... Uma leitura bem curiosa

    ResponderExcluir
  2. Esse eu nao conhecia, ja adorei a sua resenha

    ResponderExcluir
  3. Oi
    Eu adorei a sugestão de leitura :) a história é bem interessante

    ResponderExcluir
  4. já vou procurar pra ler, amei muito a sugestão! bjus

    ResponderExcluir
  5. Essa sua resenha me deixou bastante instigada com essa história. Parece mesmo ser uma história que foge do comum e que tem uma narrativa bem interessante!
    Beijão! ♥

    Relíquias da Lara

    ResponderExcluir
  6. Olá, tudo bem? Realmente pelo título esperava uma coisa completamente diferente, até pela capa escolhida para a edição sem ser da assinatura. Interessante saber que ele é mais profundo. Adorei a dica!
    Beijos

    ResponderExcluir
  7. Olá tudo bem, pelo título nunca pensas a que fosses uma história como a de susan uma pessoa com objetivos defendidos não me levaria a este Lado sempre para um ladk mais leve não tão profundo, hista aqui uma história muito interessante e diferente das restantes que já li.
    Boa resenha

    ResponderExcluir
  8. Olá, tudo bem?

    Desde que vi sobre esse livro pela primeira vez já fiquei muito interessada, pois é o tipo de narrativa que normalmente me prende. O fato de ser uma obra sobre relação e o impacto da família na vida da criança me anima, pois gosto disso. Espero ler em breve!

    Beijos!

    ResponderExcluir