Primeiro volume de quatro da série napolitana, A Amiga Genial me apresentou a Elena Ferrante, que por si só possui uma história a parte, visto que é o pseudônimo de uma escritora italiana que nunca se mostrou e fez gerar várias teorias de quem é a autora misteriosa.
Voltando ao livro, logo nas páginas iniciais ele ganha um subtítulo: infância, adolescência. Há também uma lista dos personagens, que pode auxiliar quem costuma se perder entre tantos nomes. E finalmente é hora de entrar na vida de Raffaella Cerullo e Elena Greco, ou simplesmente Lila e Lenu.
Sem preâmbulos o livro começa com uma Elena adulta atendendo a uma ligação do filho de Lila, para saber se a amiga tinha conhecimento do paradeiro da mãe que havia desaparecido. Isto irrita Elena, que trás a tona todo um histórico de competição e resolve escrever a história das duas.
Narrado em primeira pessoa, a voz de Elena faz o leitor retornar no tempo, para o dia em que as duas se aproximaram. Em uma leitura que começa devagar e aos poucos acelera, lembrando exatamente a passagem da infância para adolescência, onde na primeira parecêssemos ter todo o tempo do mundo e na segunda à urgência de tudo para ontem.
Nas páginas estão o machismo e a violência, perfis de moradores e alunos, relações familiares, pobreza, e acima de tudo uma amizade entre duas meninas. Lila é inteligente ao natural, corajosa, ávida por livros, tem dom para escrever, e sofre fisicamente as consequências de desafiar e responder quando acredita que o outro lado está errado. Lenu é esforçada, cheia de dúvidas e complexos, vive entre competir com Lila e ser levada por sua mão a enfrentar situações que sozinha nunca encararia.
Uma é o combustível da outra, e não sendo elas são as melhores amigas uma da outra. Não sendo por não haver intimidade total, a inveja está nas duas por oportunidades que pipocam em um momento para uma e em outro para a outra. Não parece haver felicidade sincera em relação ao que elas consideram conquistas. Existem escolhas, existem conselhos, até elas começarem a amadurecer, assim como a sua amizade.
Dos bancos escolares, passando pelos primeiros amores e espinhas, o sonho de ser rica e uma visão além do próprio bairro, A Amiga Genial encanta pela sinceridade e simplicidade. Ao mesmo tempo em que pode trazer na memória as nossas lembranças de infância, aquela amiga genial que por n motivos se perdeu contato.
Completando temos o cenário de uma Nápoles nos anos 1950 que ainda não superou totalmente as consequências da última guerra mundial, onde em meio à pobreza os camorristas são respeitados e a agressão é gratuita.
Enfim, um livro que eu gostei tanto que já comprei os três volumes faltantes.
A Amiga Genial
Infância, Adolescência
Elena Ferrante
Primeiro Romance Série Napolitana
Editora Globo – Biblioteca Azul
Tradução Maurício Santana Dias
2011 – 331 páginas
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