quarta-feira, 1 de julho de 2020

Os Sete Maridos de Evelyn Hugo



Sinopse: Lendária estrela de Hollywood, Evelyn Hugo sempre esteve sob os holofotes - seja estrelando uma produção vencedora do Oscar, protagonizando algum escândalo ou aparecendo com um novo marido... pela sétima vez. Agora, prestes a completar oitenta anos e reclusa em seu apartamento no Upper East Side, a famigerada atriz decide contar a própria história - ou sua "verdadeira história" -, mas com uma condição: que Monique Grant, jornalista iniciante e até então desconhecida, seja a entrevistadora. Ao embarcar nessa misteriosa empreitada, a jovem repórter começa a se dar conta de que nada é por acaso - e que as suas trajetórias podem estar profunda e irreversivelmente conectadas.

Comprei este livro sem prestar atenção na sinopse, mais pela curiosidade do título. E acredito que ele não pegue a verdadeira essência da história, o que pode desinteressar o eleitor mais desavisado. Os Sete Maridos de Evelyn Hugo é uma história de amor, da paixão, de separações, da alegria de sentir o cheiro do cabelo e as dores de não poder revelar para o mundo quem realmente está ao seu lado.

A escritora Taylor Jenkins Reid mistura notas de jornais, a narrativa de Evelyn - que compõe a maior parte do livro - e a história secundária de Monique. Sendo as duas últimas em primeira pessoa. Não há a visão de outros personagens, apenas as duas conversando e retornando ao passado, enquanto este também define presente e futuro.

Tinha ido para Hollywood, mudado de nome, perdido o sotaque e dormido com todo mundo que precisou para conseguir o que queria.

O início da história, quando Evelyn conta como abriu o seu espaço em Hollywood me fez recordar outro livro do gênero, lido durante a adolescência - também conhecido como ontem - chamado Um Estranho no Espelho do escritor Sidney Sheldon, onde o início de carreira de uma atriz depende de diferentes talentos.

Os capítulos do livro são divididos pelos nomes e adjetivos de seus sete maridos. O primeiro nos conta toda a mudança da jovem órfã de mãe que se casa em busca de um sonho, e uma vez em Hollywood tem uma rápida ascensão. Das mudanças de cabelo até o abandono do espanhol - ela é cubana - até a separação e o novo marido, onde ela tem um misto de paixão e conveniência.

Você imagina um mundo em que vocês duas possam sair para jantar juntas num sábado à noite sem que ninguém te julgue.

Quando a história retorna ao presente, temos uma Evelyn que conserva o carisma e o glamour, e a vida particular de Monique, que está em um momento confuso e acaba encontrando caminhos através da biografia de Evelyn.

Adorava a sensação de ter alguém para cuidar de mim, e de ter alguém para cuidar.

Mas ao contrário do que se possa imaginar, o livro não tem nada de fútil. Do estereótipo feminino, passando pela violência física sofrida pelas mulheres, homossexualismo e bissexualismo, até o que você é capaz de fazer por amor.

A penúria era tanta que a gente roubava eletricidade do vizinho de cima.

O amor aqui não são os sete homens que dão o nome aos capítulos, e não, isso não é um spoiller, pois cedo isso é contado no livro. A verdadeira história de Evelyn é o seu amor correspondido por outra estrela do cinema Celia St. James.

O sexo é só um ato. Já a sexualidade é uma expressão sincera de desejo e prazer.

Elas se conhecem no final da década de 1950, em uma época que assumir o relacionamento das duas seria enterrar ambas as carreiras. Se Celia aceita abrir mão de tudo, Evelyn já não quer perder o que lutou tanto para conquistar, e assim elas vivem um relacionamento escondido, marcado por separações, brigas e questionamentos.

Um casamento nada mais é que uma promessa.

A história é muito bonita, existe uma delicadeza na escrita que fazem o leitor torcer pelas duas. Assim como tentar entender e as vezes questionar junto com Monique as escolhas de Evelyn.

Para ela, eu era lésbica nos bons momentos e hérero nos maus.

Já há ligação de Evelyn com Monique faltou algo pra mim, embora semeado desde o início do capítulo, entre a revelação e resolução me incomodou um pouco, não me convencendo como leitora, já que haviam outros bons elementos para justificar a escolha da então anônima jornalista.

Quando a pessoa é conhecida principalmente por ser maravilhosa, não pode haver sofrimento pior do que ser comparada com alguém e levar a pior.

Mas isso não atrapalha em nada a história, e o veredito final é que gostei muito da história e recomendo a sua leitura, cuja narrativa fluída torna fácil e rápida, mas não facilmente esquecida.

Os Sete Maridos de Evelyn Hugo
The Seven Husbands of Evelyn Hugo
Taylor Jenkins Reid
Tradução: Alexandre Boide
TAG – Paralela
2017 – 411 páginas

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