terça-feira, 29 de setembro de 2020

Cartada Final


Sinopse: Numa pequena cidade da Flórida, o advogado Keith Russo é morto a tiros em seu escritório. O assassino não deixa pistas e não há testemunhas, mas a polícia logo suspeita de Quincy Miller, um jovem negro que já foi cliente de Keith. Quincy é julgado, condenado e sentenciado à prisão perpétua. Por 22 anos ele continua jurando inocência. Só que ninguém lhe dá ouvidos. Desesperado, ele escreve uma carta à Guardiões da Inocência, uma pequena organização que luta contra condenações injustas e defende pessoas esquecidas pelo sistema.

O livro de setembro/2020 da TAG Inéditos foi Cartada Final, do escritor John Grisham. E o mimo foi um kit para preparar café, o que combinou perfeitamente com a histórica jurídica.

A história é narrada em primeira pessoa pelo advogado e pastor Cullen Post, que faz parte da pequena equipe dos Guardiões da Inocência, e uma rede de apoio de outros escritórios e associações de outros estados. Eles atendem mais de um prisioneiro, por este motivo há mais de uma história em paralelo, além da de Quincy Miller.

Duke retornará para os horrores da solitária, à espera de um novo dia para morrer.

Cartada Final começa justamente com Duke Russel, que está no corredor da morte e tem a sua execução suspensa quando realiza a última refeição. Com isso, a equipe dos Guardiões ganha mais um tempo na busca de provas pela inocência do seu cliente. O que consiste em encontrar divergências materiais ou inconsistência em depoimentos, assim como solicitar exame de DNA.

A seguir temos um retorno ao passado de Post e sua breve carreira como defensor público, assim como as razões que o levaram para a religião e para missão de buscar inocentes presos injustamente. Este é o link para apresentar as pessoas que fazem parte da Guardiões e o seu método de trabalho, que vai da leitura das cartas, a seleção dos que serão pesquisados, a conversa inicial até a aceitação de fato, quando se tornam representantes legais do preso, além do levantamento de receita para sustentar toda a estrutura, que depende de doações.

Não há recepcionista nem recepção, nem um lugar agradável para dar boas-vindas a nossos clientes. Todos eles estão presos.

Existe toda uma análise e pesquisa para verificar que as pessoas que enviam as cartas são realmente inocentes, e após analisar e pensar durante dois anos, o caso de Quincy Miller é aprovado para uma primeira conversa com Cullen Post. Com o caso aceito, os detalhes do crime passam a ser revirados, e isso acaba atraindo o olhar de quem desejava que um inocente morresse para que tudo fosse esquecido.

John Grisham aborda de uma forma muito didática o funcionamento do judiciário americano, misturando realidade e ficção para abordar diferentes situações que levam um inocente injustamente para trás das grades. De advogados com salários não muito altos, a seleção de defensores públicos despreparados a manipulação de provas pela polícia. Também há racismo, análises sem comprovação científica, e testemunhas ameaçadas, havendo também os famosos dedos-duros de cadeia que trocam informações nem sempre verídicas por redução ou suspensão de pena.

A vida dela era um pesadelo; por isso, ela era uma pessoa fácil de ser condenada.

Narrado em primeira pessoa, a história é bastante linear, há alguns momentos de mais tensão, assim como aqueles com descrições mais fortes, mas o foco não é a ação, e sim uma justiça injusta, que precisa ser sacudida para analisar as falhas de processos que acabam com a vida de quem não fez nada, ao mesmo tempo que coloca um grande ponto de interrogação na questão da pena de morte. 

Um ponto interessante é que John Grisham se inspirou em uma história real, que o levou a conhecer a Centurion Ministries, um dos grupos de pró-inocência americanos. Por este motivo, o título original Os Guardiões combina muito mais do que o dado na versão traduzida para o português, pois são as pessoas que lutam pela inocência os verdadeiros protagonistas da história.

Hoje tenho cinco casos, todos com condenações injustas, pelo menos ao meu ver.

Curiosamente ao ler a história eu a imaginava como um filme em preto e branco, e a voz do Post era do dublador do Personagem Espeto de Toy Story. Eu particularmente achei a história um pouco arrastada de início, e para o final ficou faltando algo para que fechasse aquele ciclo.

Mas ao contrário do que se pode imaginar, eu gostei da história, não achei maravilhosa, mas há bastante relevância, principalmente nos dias atuais, do que é abordado. Por isso fica a recomendação de leitura, principalmente para quem curte ficções jurídicas.


Cartada Final
The Guardians
John Grisham
Tradução Roberta Clapp e Bruno Fiuza
TAG - Arqueiro
2019 - 445 páginas

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