quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Apenas um olhar



Sinopse: Quando Grace Lawson vai buscar um filme que mandou revelar, ela encontra, no meio das fotos de família, uma que não pertence ao rolo. É uma imagem de no mínimo 20 anos atrás, e, entre as cinco pessoas retratadas, está um homem que parece muito Jack, seu marido. Jack nega que seja ele, mas desaparece no dia seguinte, levando a fotografia. Agora, para salvar a família de um assassino violento e silencioso que não vai parar enquanto não conseguir a foto, Grace precisa confrontar as partes sombrias do próprio passado trágico...

O promotor especializado em ações penais contra políticos corruptos Scott Ducan tem presença solicitada por um assassino de aluguel que deseja lhe fazer uma revelação.

No final, talvez eu precise da ilusão de que há alguma humanidade em mim.

Três meses depois, Grace Lawson, uma artista talentosa que sobreviveu a uma tragédia em um show de rock tem colocado entre as fotos da família uma imagem com cinco jovens, onde uma das moças tem um x marcado no rosto.

Ao identificar o marido na foto e questiona-lo, ele não só fica bravo, como acaba sumindo com a foto original, sem saber que a esposa já havia feito uma cópia. Com a descrença da polícia que ele tenha sido sequestrado, é a amiga Cora que a ajuda a investigar o que pode estar acontecendo, e uma nova vida do seu marido se abre, levando Grace até uma irmã que lhe era desconhecida.

Grace queria saber mais, porém ele se recusava a falar, e, sentindo que havia algo sinistro no ar, ela não insistia.

Buscar as pessoas da foto parece ser a chave do mistério, mas logo ela irá descobrir que alguém não quer ir isso, e isso coloca ela e seus filhos em perigo, tornando Grace desconfiada de tudo e de todos.

Em paralelo ao desaparecimento, Grace precisa lidar com a reação das famílias a possível soltura do homem que causou a morte de dezoito jovens e lesões permanentes no seu corpo e memória no show de rock. Aqui temos Carl Vespa, um homem amargurado pela perda do único filho, que transfere parte do seu afeto e proteção para Grace.

Mas talvez aqueles filmes e livros tivessem sido curiosamente didáticos.

Enquanto o leitor tenta solucionar o quebra-cabeça com Grace, o livro aborda superficialmente outros temas como as verdades e segredos que existem dentro de um casamento, já que a própria personagem central sempre se esquivou em saber mais do passado do marido. Outro assunto dos tempos de hoje são os sites de relacionamento, onde o assassino possui vários perfis para encontrar as vítimas que atendem as suas necessidades, lembrando cuidados básicos que as pessoas devem ter ao passar informações pessoais.

Temos também uma pitada sobre o machismo, quando a polícia não leva a sério um desaparecimento, encarando o sumiço de Jack como um homem que decide abandonar a família ou que precisa de um tempo, algo extremamente comum, maduro e aceitável quando o marido se cansa da esposa.

Emma não usava nada que lembrasse o estereótipo de feminilidade.

Há também a filha de Grace e Jack que parece dar sinais de uma futura transição não observada pelos pais, visto que a menina quer ser chamada (e não é atendida) por um nome de menino, e escolhe roupas e acessórios que são mais associados ao gênero masculino.

Harlan Coben nos apresenta personagens principais e seus coadjuvantes a cada capítulo, descrições e situações iniciais fazem parte do enigma que precisa ser desvendado. Por isso a história impulsiona o leitor a avançar as páginas em sequência, comandado por sua curiosidade, ao mesmo tempo que exige atenção aos detalhes para ligar os pontos.

Haveria algum estranho egoísmo que vinha com a idade?

Como um bom livro de suspense não há acaso, existe violência, um toque psicológico, momentos de calmaria com  aquele toque de tensão. Não há humor, apenas um rastro de mortes sem sangue com tempo contado para ser resolvido, lembrando que o passado nunca pode ser totalmente apagado e existem perguntas cuja resposta é dolorosa.

Para preservar os segredos até o momento esperado, temos uma narrativa em terceira pessoa, o que permite ao leitor, assim como Grace, suspeitar de todos e criar suas próprias teorias. Entre os personagens que interagem diretamente com a história, adorei Charlaine, a dona de casa que tem toda a sua rotina alterada e utiliza-se da didática de livros e filmes para saber como agir nas situações tão diferentes do seu cotidiano.

Não tinha vontade de perguntar por que ele mentira por tanto tempo.

Uma curiosidade sobre a história, é que a tragédia pelo qual Grace passou e a limita fisicamente foi inspirada em fatos reais, sendo inclusive citadas pela personagem, que são as mortes ocorridas nos shows do The Who e dos Rolling Stones, dando uma pitada de rock in roll na história.

Para quem curte ler e assistir, o livro virou inspiração para uma série francesa em 2017 com o nome de Juste un regard.

Nunca poderia ser inocentado, porque não era inocente.

Eu, que adoro quebra-cabeças e livros de suspense, adorei a história, e se você como eu gosta de ver seus achometros confirmados ou ser surpreendido por algo que você não tinha ideia, vai curtir muito ler este livro.

Apenas um Olhar
Just One Look
Harlan Coben
Tradução: Ricardo Quintana
TAG Inéditos - Arqueiro
2004 - 425 Páginas

Outra resenha de livro do Harlan Coben aqui no blog:

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